31 agosto, 2014

Tempo de Despertar (Awakenings, EUA, 1990).

"O espírito humano é mais forte que qualquer remédio e é isso que precisa ser alimentado por meio do trabalho, lazer, da amizade e da família. Isso é o que importa. Foi disso que nos esquecemos. Das coisas mais simples" (Reflexão do Dr. Malcom Sayer, personagem interpretado pelo saudoso Robin Williams).
Penny Marshall (Quero Ser Grande) pode não ser uma diretora de grande expressividade, mas certamente adentrou à história do cinema com o sensível e urgente Tempo de Despertar. Estrelado por Robin Williams (Bom Dia, Vietnã) e Robert De Niro (Touro Indomável) - numa reunião para lá de atípica, por sinal -, o filme, apesar de carregar um pouco na sacarose, é um valoroso tratado a respeito de uma doença até então inominável (que deixa suas vítimas em estado de catatonia), como também um promotor de lições de vida, onde à luta por sua prevalência encontra os sentidos mais profundos e tenros. Muito se falou da interpretação de De Niro (indicada ao Oscar), mas o coração do filme se encontra na pureza e delicadeza da composição de Williams (cuja indicação foi ignorada pelo Oscar, mas lembrada pelo Globo de Ouro), que conduz o espectador por uma história cujos elementos já são conhecidos por todos - inclusive, Marshall telegrafa muito o que virá pela frente, o que, ao meu ver, diminui o filme no âmbito artístico -, mas cujo conexão emocional acaba sendo impossível de segurar. Além da dupla De Niro/Williams, o destaque vai para o roteiro "enxuto" de Steven Zaillian (Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres), para a composição fotográfica de Miroslav Ondrícek (Amadeus) e para a trilha sonora assinada por Randy Newman (Universidade Monstros).

★★★
 
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26 agosto, 2014

Godzilla (EUA, 2014).

"A arrogância do homem é achar que tem a natureza sob controle e não o contrário" (reflexão proferida pelo Dr. Ishiro Serizawa, personagem de Ken Watanabe).
Godzilla, versão 2014, é um filme de monstros bacana. Dirigido com carinho por Gareth Edwards (Monstros) e estrelado por Aaron Taylor-Johnson (Anna Karenina), Ken Watanabe (A Origem), Elizabeth Olsen (Poder Paranormal) e Bryan Cranston (Argo), esta repaginada do mito cinematográfico japonês mostra-se bem sucedida quando defende a trama implausível de forma séria, apresentando seres pré-históricos acordando e, por conseguinte, digladiando-se no mundo de hoje, tendo os seres humanos (e sua histeria bélica) papel de coadjuvantes nesta batalha entre forças inimagináveis da natureza. O plot proposto por Dave Callaham (Os Mercenários) e desenvolvido por Max Borenstein (O Sétimo Filho) segue a linha "tudo explicadinho e relacionado" encontrada em filmes como Batman Begins, o que não é demérito algum, e foca bastante no drama das personagens principais, mas acaba deixando pouco (ou quase nada) para a imaginação do espectador. Contando com vistosas sequências de ação - que, por incrível que pareça, soam melhores quando os monstros encontram-se na penumbra e menos impactantes quando estes são escancarados -, uma trilha sonora épica (a cargo do estupendo Alexandre Desplat) e um bom elenco (à exceção do insosso Taylor-Johnson), infelizmente Godzilla acaba sendo concluído de forma apressada, o que acaba tirando um pouco do impacto de tensão e curiosidade despertados durante o restante da projeção. Em suma, um pouco mais do que um simples filme de monstros destruindo parte do mundo. Um pouco mais.

★★★½

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24 agosto, 2014

A Garota (The Girl, GBR, 2012).

"Ele fez dela sua estrela e sua obsessão mais obscura" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
A pintura mais comumente disposta é a de que Alfred Hitchcock foi um crápula como ser humano - especialmente em suas relações com "suas" atrizes -, mas um artista irretocável. Espécie de sequência para o filme Hitchcock - produção irmã também lançada em 2012 -, A Garota, coprodução entre os canais de tevê HBO e BBC, possui como objeto a relação entre o cineasta e a então postulante a atriz Tippi Hedren, durante as produções dos filmes Os Pássaros (1963) e Marnie - Confissões de uma Ladra (1964). Tendo como base o livro escrito por Donald Spoto, o filme roteirizado por Gwyneth Hughes e dirigido por Julian Jarrold (Amor e Inocência) acaba pesando a mão na abordagem maniqueísta, apresentando o renomado cineasta como o bad guy, enquanto Hedren é posta como a mocinha "inocente". O tendenciosismo pode ser exagerado, mas a obra consegue destrinchar de forma interessante os bastidores das filmagens de dois dos maiores filmes de Hitchcock e acerta na escolha dos intérpretes de Alfie e Tippi, Toby Jones (Sete Dias com Marilyn) e Sienna Miller (Stardust - O Mistério da Estrela), que encarnam suas personagens de forma verossímil, não dependendo apenas do processo de maquiagem e figurino. Filmado de forma competente, A Garota acaba sendo um filme mais interessante que o mais conhecido Hitchcock e deve agradar especialmente ao público cinéfilo.

★★★½
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17 agosto, 2014

Terror em Silent Hill (Silent Hill, CAN/FRA, 2006).

"Estamos esperando você" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
O "gênero" vídeo-games sempre sofreu bastante com suas adaptações cinematográficas, seja pela falta de fidelidade a obra mãe, seja pela falta de material desta que pudesse ser aproveitada cinematograficamente. Terror em Silent Hill, produção franco-canadense assinada pelo cineasta francês Christopher Guns (dos cult O Combate - Lágrimas de um Guerreiro e Pacto dos Lobos), é considerado por muitos como a melhor tradução de um game para o cinema. No entanto, isto não o torna perfeito. Se o tom e o visual do filme soam acertados, a falta de ritmo, a extensa duração e o roteiro um tanto confuso de Roger Avary (Pulp Fiction - Tempos de Violência, A Lenda de Beowulf) acabam prejudicando-o. Lentidão a parte, é certo que Guns consegue apresentar um filme interessante, que desperta a curiosidade do espectador e o transporta para um universo onde o bizarro e intangível são forças dominantes. Radha Mitchell (Invasão a Casa Branca) convence como uma mãe desesperada, enquanto Laurie Holden (série The Walking Dead), Deborah Kara Unger (Vidas em Jogo), Alice Krige (Thor: O Mundo Sombrio) e Kim Coates (Pacto de Justiça) fazem tipos caricatos (talvez mais próximos ao jogo). Já Sean Bean (trilogia O Senhor dos Anéis) pouco aparece. No mais, um bom filme de horror - independentemente da fonte ser um game ou não -, mas que poderia ser um tanto mais curto e menos abstrato.

★★★½
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16 agosto, 2014

Philomena (GBR/EUA/FRA, 2013).

"Estes dois improváveis companheiros estão em uma jornada para encontrar um filho há muito perdido" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Mais uma prova da versatilidade do diretor britânico Stephen Frears - passaram por suas mãos épicos como Ligações Perigosas, comédias como Alta Fidelidade, thrillers como Coisas Belas e Sujas e Os Imorais, além de dramas biográficos como A Rainha (Frears recebeu indicações ao Oscar de melhor direção pelos dois últimos) -, Philomena, "dramédia" baseada em fatos reais, é um filme de linguagem simples e de abordagem leve, mas gostoso de se assistir. Apoiado tanto na força de sua história - que denuncia o antiquado e deturpado funcionamento de um convento, afeito ao "mercado" da adoção de crianças - quanto na atuação de Judi Dench (O Exótico Hotel Marigold) e Steve Coogan (Trovão Tropical) - surpreendente -, a obra acabou recebendo quatro indicações no último prêmio Oscar  - melhor filme, atriz (Dench), trilha sonora original (Alexandre Desplat) e roteiro adaptado (Coogan e Jeff Pope, de O Lavador de Almas) -, mas certamente seu maior atrativo  encontra-se na fantástica composição de personagem de Dench, que cria aqui um tipo particular, mas identificável, apresentando nuances e sensibilidade únicas a sua Philomena, o que só comprova o talento ímpar desta dama do cinema britânico (Judi Dench é um "mostro"!). Certamente não teria sido nada injusto se esta tivesse levado para casa a estatueta dourada em fevereiro último. No mais, um filme bonito e interessante de se acompanhar, que ganhou bastante com a direção "discreta" de Stephen Frears.

★★★★

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15 agosto, 2014

Cine Holliúdy (BRA, 2013).

Uma coisa é certa, não se pode acusar o diretor e roteirista cearense Halder Gomes (Cadáveres 2) de não possuir criatividade (Gomes já acerta ao apresentar seu filme como o primeiro a contar com legendas em "cearês"). Adaptação de um curta-metragem de sua autoria, Cine Holliúdy é uma comédia regional bacana, que presta tributo a ideia de cinema que se tinha nas pequenas cidades do interior e sertão nordestino e aos costumes da região Nordeste do Brasil, especialmente do estado do Ceará, local onde o filme é ambientado e construído. Todavia, apesar da homenagem, percebe-se que falta estrutura cinematográfica ao filme, que conta com uma produção (e isto não quer dizer falta de investimento financeiro) mais próxima a televisiva, seja pelo ritmo ou pelo timing das piadas. Aliás, até mesmo a comicidade do filme falha em alguns momentos (sou nordestino e do interior, portanto, "entendo" o que o filme quer dizer), especialmente nas (exageradas) sequências de artes marciais (o desfecho da "fita" não me deixa mentir). Interessante por sua forma, porém dono de um roteiro problemático, Cine Holliúdy é ao mesmo tempo um respiro (apesar de tudo mostra algo diferente do comum) e mais do mesmo (à exceção do linguajar, nada mostrado é novidade para quem consome o humor made in Globo) cinematográfico, o que acaba resultando numa obra bacaninha, mas sem atrativos que a qualifiquem como uma grande comédia. E, para ser sincero (sem querer comparar, mas já comparando), a homenagem definitiva ao cinema de rua ainda se encontra no italiano Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore.

Obs.: O elenco (adulto) do filme é bacana, contando inclusive com uma participação (correta, não mais que isso) do cantor brega Falcão, mas quem se destaca mesmo é o protagonista Edmilson Filho. Já o elenco infantil é um horror, com destaque (infelizmente, negativo) para o garoto que "interpreta" Francisgleydson Filho (Joel Gomes).

Obs. 2: O curta é mais interessante que o longa-metragem. Confira-o clicando aqui.

★★★

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A Informante (The Whistleblower, CAN/ALE/EUA, 2010).

"Nada é mais perigoso que a verdade" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Nem sempre a (possível) relevância de um filme vem acompanhada de qualidade cinematográfica (valor de produção), até por que um grande assunto pode ser tema de uma película desinteressante, fator este que acontece - pelo menos em parte - com A Informante, trabalho que marca a estreia da cineasta canadense Larysa Kondracki. Co-produção entre Canadá, Alemanha e Estados Unidos, o filme trabalha um tema para lá de relevante - os crimes bárbaros ocorridos no território dos Bálcãs durante o início da década de 1990, com foco principalmente no tráfico humano (especialmente de mulheres) - e não tem papas na língua, já que sua denúncia envolve até mesmo a Organização das Nações Unidas - ONU, pela cumplicidade e "autoria" de vários destes crimes. O problema é que a montagem (Julian Clarke, de Distrito 9) do filme é complicada e sua fotografia (Kieran McGuigan, de A Outra), na tentativa de emular "um olhar documental" acaba se mostrando apenas "feia". Todavia, a relevância do tema (nunca é demais destacar) e o roteiro incisivo de Kondracki e Eilis Kirwan, baseado em fatos reais e tendo como consultora Kathryn Bolkovac, a "informante" do título (no filme, interpretada com paixão por Rachel Weisz), conseguem superar os "problemas técnicos", além da disposição do elenco (que além de Weisz, conta com a presença de David Strathairn, Monica Bellucci, Vanessa Redgrave, Liam Cunningham e de Bennedict Cumberbatch, pré-Sherlock), cujos membros parecem estar no filme mais pela causa em si do que por sua qualidade artística.

Obs.: É curioso que a equipe de casting do filme tenha optado por nomes como Rachel Weisz e Benedict Cumberbatch, britânicos, para interpretarem dois norte-americanos da "gema". Os "bons" atores estadunidenses (que apreciam o cinema independente) estão escassos?


★★★½

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13 agosto, 2014

Uma História de Amor e Fúria (BRA, 2013).


Chega a ser engraçado o surgimento da Globo Filmes no início da projeção de Uma História de Amor e Fúria como "apoiadora", já que, como pode-se perceber conforme a projeção é desenvolvida, há um forte viés de protesto contra o status quo nacional, através de um recorte histórico (colonização portuguesa, conflito da Balaiada, ditadura militar) e de uma projeção nada feliz do futuro, no filme em animação comandado por Luiz Bolognesi (Bicho de Sete Cabeças). Curto (são pouco mais de sessenta minutos de projeção), porém contundente, o filme pode não ser brilhante tecnicamente (o trabalho de animação mostra-se um tanto "rígido") e o ritmo oscilar em alguns momentos, mas sua pungência e relevância - artística e ideológica - supera estes detalhes. Contando em seu elenco de vozes com nomes como Selton Mello (O Palhaço), Camila Pitanga (Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios) e Rodrigo Santoro (Heleno), Uma História de Amor e Fúria é uma animação para adultos que não tem medo de escancarar sua visão à esquerda do mundo, detalhe que deve ter deixado muitos seguidores da "história" abraçada por Veja, Guias Politicamente Incorretos, (Organizações) Globo, dentre outros, bastante contrariados.

★★★½

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11 agosto, 2014

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, ALE/GBR, 2014).


Você pode até não gostar do "tipo" de cinema apresentado por Wes Anderson (Moonrise Kingdom), mas uma coisa é inegável, o sujeito é criativo. Espécie de Tim Burton para gente adulta - polêmica no ar? -, Anderson adora desenvolver ambientes estilizados, com leis próprias e de visual carregado, mas nem por isso não críveis. Há uma sensibilidade própria nos filmes do cineasta e este talvez tenha chegado próximo a perfeição em seu próprio estilo com O Grande Hotel Budapeste. Fábula histórica, thriller de época, comédia de costumes, caricatura da vida, isto e muito mais pode ser conferido, sentido e percebido neste mais recente trabalho do diretor, que tem o poder de nos transportar para uma realidade alternativa ao mesmo tempo inaceitável e encantadora, distante, mas particular, apresentando tipos curiosos transmutados no corpo e alma de um elenco genial - Ralph Fiennes (O Paciente Inglês), F. Murray Abraham (O Nome da Rosa), Mathieu Almaric (007 - Quantum of Solace), Adrien Brody (A Vila), Willem Dafoe (A Última Tentação de Cristo), Jeff Goldblum (Parque dos Dinossauros), Harvey Keitel (Taxi Driver), Jude Law (Terapia de Risco), Edward Norton (O Legado Bourne), Saoirse Ronan (Hanna), Tom Wilkinson (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças), dentre outros - e um enredo inconcebível, mas que se prova possível, pelo menos no mundo dos sonhos palpáveis de Wes Anderson. Em suma, uma experiência intrigantemente boa de presenciar.

Obs.: O Grande Hotel Budapeste é um sério candidato a figurar na lista de melhores filmes de 2014.

★★★★

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09 agosto, 2014

Sem Escalas (Non-Stop, CAN/EUA/FRA/GRB, 2014).


"Típica" produção de Joel Silver - muita informação, mas o que importa mesmo é a ação -, Sem Escalas é (mais) um thriller de ação eficiente dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (A Órfã, Desconhecido) e liderado por Liam Neeson (Simplesmente Amor, Busca Implacável) cujo desfecho tenta a todo modo sabotar o bom clima de tensão e urgência proporcionado durante grande parte de sua projeção, ao apostar em uma "virada" de trama ilógica até para os padrões pouco realísticos do filme. Contando com excelente elenco de apoio - figurinhas carimbadas no cinema ou tevê, como Julianne Moore (Carrie, a Estranha), Scoot McNairy (Argo), Anson Mount (série Hell on Wheels), Corey Stoll (série House of Cards) e até mesmo a recentemente oscarizada Lupita Nyong'o (12 Anos de Escravidão), aparecem no longa - e com uma produção caprichada, Sem Escalas é um filme competente naquilo que se propõe - oferecer doses cavalares de tensão -, mesmo que o que prometa seja qualquer coisa.

Obs.: Neeson está bem no papel do agente alcoólatra, mas acredito que o tipo "herói coroa solitário e depressivo" já deu para o - quando se dispõe a ser - bom ator.

★★½

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Mandela (Mandela: Long Walk to Freedom, GRB/ZAF, 2013).

"Deixe a liberdade reinar." (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
"Magnífico. Alcança a grandeza do herói que retrata." The Telegraph.

"Extraordinário. Enorme paixão e emoção." The Times.

"Um retrato imponente de Mandela através do tempo." Variety.

"Absolutamente brilhante. Habilmente realizado." Esquire.

"Eletrizante. Um filme inesquecível." BBC News
Mandela, o filme, pode até possuir uma estrutura engessada que segue a "cartilha" do "bom" drama histórico (e biográfico), mas o poder da história, adaptada da autobiografia do personagem título, e o bom trabalho do roteirista William Nicholson (Nell, Os Miseráveis) ao condensar diversos eventos de suma importância para a construção do hoje personagem mitológico Nelson Mandela em pouco mais de duas horas de filme - certamente o filme ganharia bastante caso tivesse uma meia hora extra -, somado ao show de interpretação proporcionado por Idris Elba (Círculo de Fogo) - indicado ao Globo de Ouro -, como Mandela e Naomie Harris (007 - Operação Skyfall), como Winnie Mandela, que preenchem com nuances seus personagens. O (óbvio) perfil político do filme é bem trabalhado por Nicholson e Justin Chadwick (A Outra), apesar da (também óbvia) reverência prestada à luta encabeçada por Mandela. Todavia, é bacana ver que o personagem título não teve suas "falhas de caráter" mascaradas, já que, acima de tudo, este foi um ser humano. Tecnicamente não há muito o que se destacar além da bela canção composta especialmente para o filme pelo U2  - Ordinary Love, vencedora do Globo de Ouro e indicada ao Oscar - e a trilha sonora de Alex Heffes (Rota de Fuga), mesmo esta "exagerando" um pouco na sacarose. Contando com uma abertura e encerramento apoteóticos, Mandela é um filme redondinho, que não "ousa" nem caminha "fora do trilho", mas entrega exatamente aquilo o que se propõe: emoção e "coerência" histórica (pelo menos, através do olhar de Mandiba).

★★  

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