"Uma separação também pode ser parte de uma história de amor". (Chamado do cartaz oficial do filme)Primeiro filme do cineasta argentino radicado no Brasil Hector Babenco após Carandiru, O Passado é de certa forma sua volta as origens, visto que este filme é filmado na Argentina natal e falado em espanhol. Adaptado de uma obra literária (escrita por Alan Pauls), o filme narra a dramática história do casal recém-separado Rimini (Gael García Bernal, de Diários de Motocicleta) e Sofia (Analía Couceyro) e as consequência futuras desta cisão, em especial na vida de Rimini, que de certa forma desce ladeira abaixo após o rompimento.
Cheio de elementos teatrais e um quê de romantismo épico, onde os extremos do amor aparecem com força, entremeado por elementos de loucura, insensatez, vício, dependência e traição - acentuados pelos temas ao piano compostos pelo argentino Iván Wyszogrod (Crónica de una Fuga), Babenco constrói aqui um filme interessante, em especial pela comumente boa atuação do mexicano Bernal, que traz sinceridade e carisma a um personagem facilmente odiável, principalmente pelo público feminino. Couceyro não fica muito atrás, dando profundidade a sua perturbada personagem, que simplesmente não consegue se ver livre de seu passado junto a Rimini.
Diretor de pelo menos um clássico do cinema nacional como Pixote, uma badaladíssima produção internacional (O Beijo da Mulher Aranha) e um interessante, porém que dividiu (e ainda divide) opiniões Carandiru, Babenco constrói aqui talvez seu filme mais pessoal - apesar do argumento emprestado da obra de Alan Pauls -, melancólico, intimista e reflexivo, que passa longe da unidade, sucesso e relevância de outros títulos de sua filmografia, mas sagra-se como importante principalmente pela abordagem "na cara", sem concessões, julgamento de valor ou rompantes de hipocrisia. O Passado é, acima de tudo, um filme de amor sem uma clara tonalidade de romantismo.
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