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10 março, 2013

Anna Karenina (ING, 2012).


Visualmente arrebatador, esbanjando criatividade e dono de uma trilha sonora praticamente colada a narrativa, Anna Karenina, a mais recente adaptação cinematográfica da celebrada obra de Leon Tolstói pode ser considerada como um grande acerto estético, mas que infelizmente deixa a dever um pouco na fluência de sua narrativa. Dirigido com esmero e óbvia dedicação pelo britânico Joe Wright (Desejo e Reparação), o filme esbanja criatividade, pois emula com capricho a dinâmica teatral, sem que com isso perca a unidade cinematográfica. Chega a ser "mágico" acompanhar as bem boladas mudanças de cenários enquanto as personagens desfilam em tela, além do encaixe das coreografias, dos efeitos sonoras e, principalmente, da trilha de Dario Marianelli (V de Vingança) à narrativa do filme. 

Contudo, apesar do visual primoroso, o roteiro de Tom Stoppard (Shakespeare Apaixonado) não impressiona, pois reduz bastante a complexidade das personagens - especialmente do trio de protagonistas, Anna Karenina, Alexei Karenin e Alexei Vronsky, interpretados por Keira Knightley (Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra), Jude Law (A Invenção de Hugo Cabret) e Aaron Johnson (Selvagens) - e não convence totalmente o espectador quanto ao surgimento do amor incondicionado sentido por Karenina e Vronsky. A questão social (divórcio) à época ambientada é bem pontuada, mas certamente poderia ter um desenrolar ainda mais profundo, visto que seu insumo vem de uma obra literária considerada por muitos como uma das mais notáveis da história. Com isso não digo que o trabalho de Stoppard foi mal sucedido, apenas que sagrou-se mediano, visto a potencialidade que tinha em mãos. E, comparado ao trabalho visual do filme, realmente o roteiro deixa bastante a desejar.

O elenco, apesar do roteiro apagado, se sai muito bem, até mesmo a comumente criticada Keira Knightley, que continua a utilizar as caras e bocas como muleta de interpretação, mas estas parecem se encaixar a psiché definida à sua personagem. Law e Johnson surgem bem caracterizados, porém sem tempo (ou espaço) suficiente em tela para apresentarem algo mais do que correto. Todavia, apesar de também aparecer pouco, Matthew Macfadyen (Os Três Mosqueteiros) se destaca em relação aos dois citados, não pela importância de sua personagem à trama (que, a julgar pelo filme, é quase nula, pois serve apenas como elo entre algumas personagens), mas sim pela função de alívio cômico da mesma, amplificada pela composição canastra do ator inglês. O longa conta ainda com as pontas de Emily Watson (Cavalo de Guerra), Kelly Macdonald (Má Companhia) e Olivia Williams (O Escritor Fantasma).

Já que a parte estética do filme é sobressalente as demais, é impossível não destacar a concepção visual e sonora do mesmo. Sendo assim, realizam um trabalho soberbo Sarah Greenwood (desenho de produção), Niall Moroney (direção de arte), Katie Spencer (decoração) e Jacqueline Durran (figurinos), além do diretor de fotografia Seamus McGarvey (Precisamos Falar Sobre o Kevin), que explora ao máximo a luz como ferramenta narrativa do filme. Não à toa alguns destes acabaram por receber indicações a premiações como Oscar e Globo de Ouro, tendo Durran faturado a estatueta do primeiro. Fechando o arcabouço estético do filme encontra-se a excelente trilha sonora composta por Dario Marianelli, que realiza um efeito de amálgama entre música, efeitos sonoros e sonoplastia teatral, sendo assim uma ferramenta essencial a ambição narrativa proposta por Joe Wright e se sai muito bem nesta função.

Adaptar grandes cânones artísticos a outra mídia é sempre complexo, ainda mais quando a obra original possui particularidades que não necessariamente mostram-se presentes em nossa realidade atual (costumes, ideologias etc.), o que certamente gerará ruídos a esta plateia. Portanto, adaptações são necessárias, mas estas devem ser feitas com cuidado, para que a essência contida na obra original não seja perdida, o que parece ter acontecido nesta versão 2012 de Anna Karenina. Não li a obra, mas li um pouco sobre ela e confesso a vocês que, a julgar por este filme, não senti grandes questionamentos acerca do contexto social da Rússia czarista, visto que a dor e o romance são mais explorados pelo filme do que os por quês que as envolvem. Em suma, Anna Karenina é um bom filme, dono de um visual arrebatador, trilha sonora marcante e uma direção inspirada, mas que não desperta sensações afora a empatia estética, quando a outra metade - a ética - deveria ser tão explicitada quanto aquela.

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17 junho, 2012

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA, ALE, ING, 2011).


Apesar de ser uma peça de entretenimento essencialmente escapista, esta mais nova versão da obra mais conhecida de Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros acaba por pecar em no mínimo três aspectos: a redundância na condução do seu enredo, a abordagem excessivamente estilizada e em alguns momentos boba, e o mau aproveitamento do em teoria excelente elenco. Sendo assim, juntamente a mais um inexpressivo trabalho de direção do comumente fraco realizador Paul W. S. Anderson (Resident Evil, Corrida Mortal), este filme acaba sendo mais um daqueles trabalhos com um senso visual bonito, mas que não conquista o suficiente para torná-lo um filme mais do que mediano.

Os Três Mosqueteiros é recheado de chavões e tiradas com potencial para soarem engraçadas, mas que não o fazem. Na verdade a ambientação e o estilo de abordagem recheado de humor lembram muito o da série Piratas do Caribe, entretanto sem o encanto e frescor da mesma, em especial a do primeiro episódio da franquia estrelada por Johnny Depp. A abordagem steampunk - espécie de desvirtuamento da tecnologia da época, visto que obviamente nunca existiram galeões voadores na França do século XVIII -, apesar de criativa, acaba sendo mal empregada, visto que é utilizada apenas como massa de manobra para cenas de ação em sua maioria sem muita graça. Entretanto, talvez o pior ponto no âmbito visual seja a opção de "modernizar" as cenas de combate, os enchendo de efeitos de câmera lenta, que acabam mais por cansar do que por gerar emoção no espectador. Este opção visual tem suas piores execuções nas sequências de ação estreladas pela inexpressiva personagem Milady (a aqui insossa Milla Jovovich, de O Quinto Elemento), em especial a cena do roubo de um colar de diamantes - uma tentativa infeliz de "homenagear" filmes de espionagem e alta tecnologia - e a do combate pré-roubo, que é simplesmente bem mal-feitinha (em termos de efeitos visuais).

Apesar do ótimo elenco, W. S. Anderson não consegue tirar nenhuma grande performance ou pelo menos tirar as expressões de canastrice do mesmo, tendo assim nomes como Ray Stevenson (Justiceiro em Zona de Guerra), Orlando Bloom (trilogia O Senhor dos Anéis), Luke Evans (Imortais), Matthew Macfadyen (Orgulho e Preconceito), Mads Mikkelsen (007: Cassino Royale), Christoph Waltz (Deus da Carnificina) e a própria Jovovich entregando performances apáticas e possivelmente esquecíveis. Em síntese, o único nome que encontra-se a vontade e convence como herói dessa aventura é Logan Lerman (Percy Jackson e o Ladrão de Raios) e seu D'Artagnan. 

Há de se destacar, porém, que o filme tem um visual bacana e verossímil - exceptuando os momentos citados acima -, o que espanta principalmente pelo mesmo aparentar ter sido realizado com um orçamento bem maior do que o verdadeiro (foram gastos cerca de 75 milhões de dólares na confecção do longa), ajudando assim a comprovar que hoje já é possível a realização de filmes com grandes sequências de ação e efeitos visuais a um custo razoavelmente menor do que há uma década atrás, por exemplo. E este aspecto gera ainda mais dúvida a respeito do porque um filme como o já debatido aqui John Carter (apesar de obviamente possuir uma estética visual superior ao deste Os Três Mosqueteiros) ter custado 250 milhões em sua produção, mais de três vezes o orçamento do filme dos Mosqueteiros, e não apresentar nada de surpreendente em comparação a este.

Apesar de não ser um filme ruim, esta última versão de Os Três Mosqueteiros não traz fôlego a esta já tão contada história. Diverte em alguns momentos, cansa em outros, mas o principal em relação a sua instabilidade como entretenimento é a falta de originalidade do filme como um todo e sua forte dependência, em termos de estilo, de diversos outros sucessos recentes do gênero, como a já citada franquia Piratas do Caribe e também a por enquanto bilogia de Sherlock Holmes. Lembrando Transformers pelo fato de nunca definir-se como um filme direcionado a criançada (trama leve e cheia de elementos bobinhos) ou para o público juvenil (referências ao próprio gênero, reciclagem de elementos de outros filmes e certo apelo de cunho sexual), Os Três Mosqueteiros acaba assim prejudicado pela ambição e falta de definição, soando assim como um produto bacaninha, mas sem muita credibilidade. Infelizmente esta tende a ser mais uma adaptação esquecida da obra mais popular de Alexandre Dumas, que por sinal parece sofrer uma maldição de qualidade no que tange as suas versões cinematográficas, visto que são muitas as existentes, entretanto conta-se com os dedos de uma mão as que realmente fazem jus a obra original (que ainda na li, mas que despertou vontade após mais um filme mediano baseado na obra do francês).

AVALIAÇÃO:  

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Bilheteria: Box Office Mojo