17 junho, 2012

Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers, EUA, ALE, ING, 2011).


Apesar de ser uma peça de entretenimento essencialmente escapista, esta mais nova versão da obra mais conhecida de Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros acaba por pecar em no mínimo três aspectos: a redundância na condução do seu enredo, a abordagem excessivamente estilizada e em alguns momentos boba, e o mau aproveitamento do em teoria excelente elenco. Sendo assim, juntamente a mais um inexpressivo trabalho de direção do comumente fraco realizador Paul W. S. Anderson (Resident Evil, Corrida Mortal), este filme acaba sendo mais um daqueles trabalhos com um senso visual bonito, mas que não conquista o suficiente para torná-lo um filme mais do que mediano.

Os Três Mosqueteiros é recheado de chavões e tiradas com potencial para soarem engraçadas, mas que não o fazem. Na verdade a ambientação e o estilo de abordagem recheado de humor lembram muito o da série Piratas do Caribe, entretanto sem o encanto e frescor da mesma, em especial a do primeiro episódio da franquia estrelada por Johnny Depp. A abordagem steampunk - espécie de desvirtuamento da tecnologia da época, visto que obviamente nunca existiram galeões voadores na França do século XVIII -, apesar de criativa, acaba sendo mal empregada, visto que é utilizada apenas como massa de manobra para cenas de ação em sua maioria sem muita graça. Entretanto, talvez o pior ponto no âmbito visual seja a opção de "modernizar" as cenas de combate, os enchendo de efeitos de câmera lenta, que acabam mais por cansar do que por gerar emoção no espectador. Este opção visual tem suas piores execuções nas sequências de ação estreladas pela inexpressiva personagem Milady (a aqui insossa Milla Jovovich, de O Quinto Elemento), em especial a cena do roubo de um colar de diamantes - uma tentativa infeliz de "homenagear" filmes de espionagem e alta tecnologia - e a do combate pré-roubo, que é simplesmente bem mal-feitinha (em termos de efeitos visuais).

Apesar do ótimo elenco, W. S. Anderson não consegue tirar nenhuma grande performance ou pelo menos tirar as expressões de canastrice do mesmo, tendo assim nomes como Ray Stevenson (Justiceiro em Zona de Guerra), Orlando Bloom (trilogia O Senhor dos Anéis), Luke Evans (Imortais), Matthew Macfadyen (Orgulho e Preconceito), Mads Mikkelsen (007: Cassino Royale), Christoph Waltz (Deus da Carnificina) e a própria Jovovich entregando performances apáticas e possivelmente esquecíveis. Em síntese, o único nome que encontra-se a vontade e convence como herói dessa aventura é Logan Lerman (Percy Jackson e o Ladrão de Raios) e seu D'Artagnan. 

Há de se destacar, porém, que o filme tem um visual bacana e verossímil - exceptuando os momentos citados acima -, o que espanta principalmente pelo mesmo aparentar ter sido realizado com um orçamento bem maior do que o verdadeiro (foram gastos cerca de 75 milhões de dólares na confecção do longa), ajudando assim a comprovar que hoje já é possível a realização de filmes com grandes sequências de ação e efeitos visuais a um custo razoavelmente menor do que há uma década atrás, por exemplo. E este aspecto gera ainda mais dúvida a respeito do porque um filme como o já debatido aqui John Carter (apesar de obviamente possuir uma estética visual superior ao deste Os Três Mosqueteiros) ter custado 250 milhões em sua produção, mais de três vezes o orçamento do filme dos Mosqueteiros, e não apresentar nada de surpreendente em comparação a este.

Apesar de não ser um filme ruim, esta última versão de Os Três Mosqueteiros não traz fôlego a esta já tão contada história. Diverte em alguns momentos, cansa em outros, mas o principal em relação a sua instabilidade como entretenimento é a falta de originalidade do filme como um todo e sua forte dependência, em termos de estilo, de diversos outros sucessos recentes do gênero, como a já citada franquia Piratas do Caribe e também a por enquanto bilogia de Sherlock Holmes. Lembrando Transformers pelo fato de nunca definir-se como um filme direcionado a criançada (trama leve e cheia de elementos bobinhos) ou para o público juvenil (referências ao próprio gênero, reciclagem de elementos de outros filmes e certo apelo de cunho sexual), Os Três Mosqueteiros acaba assim prejudicado pela ambição e falta de definição, soando assim como um produto bacaninha, mas sem muita credibilidade. Infelizmente esta tende a ser mais uma adaptação esquecida da obra mais popular de Alexandre Dumas, que por sinal parece sofrer uma maldição de qualidade no que tange as suas versões cinematográficas, visto que são muitas as existentes, entretanto conta-se com os dedos de uma mão as que realmente fazem jus a obra original (que ainda na li, mas que despertou vontade após mais um filme mediano baseado na obra do francês).

AVALIAÇÃO:  

Trailer: 
 
Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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