"Brian De Palma, o mestre do macabro, convida você a exibição da última moda... em assassinato". (Chamada do cartaz oficial de cinema).
Coroando o ápice do apuro estilístico e técnico do cineasta Brian De Palma (Irmãs Diabólicas), Vestida para Matar é um dos mais envolventes filmes do diretor (aqui também roteirista) norte-americano. Vendido como um thriller erótico, este filme na verdade é muito mais do que isso, visto que é carregado de tensão e suspense que perpassam pelo psicológico e pelo non-sense, obviamente destacando o teor de sensualidade, mas esta sempre aparece entremeada de momentos de agonia e medo, além, é claro, da estética particular dos anos 1970 (apesar do filme ter aberto a década seguinte), com direito a mortes chocantes e muito sangue falso (mesmo que o intuito na época não tinha sido este).
Apesar de não ter um personagem principal que domine o filme como um todo, os principais personagens são os interpretados por Michael Caine (Batman Begins), Angie Dickinson (Rio Bravo), Nancy Allen (Carrie, a Estranha) e Keith Gordon (Christine, o Carro Assassino), que conseguem provocar interesse similar acerca de suas trajetórias no espectador, muito graças ao talento de De Palma como contador de histórias, em especial pela forma com que narra a história através de movimentos de câmera e sequências muito bem planejadas, onde acompanhamos o seguimento de determinadas cenas quase que em apenas uma só tomada, aumentando assim o nível de dramaticidade e tensão do filme.
Obviamente, como em quase todos os suspenses do diretor, encontramos aqui ecos do cinema de Alfred Hitchcock, tendo a melhor homenagem na primorosa sequência da personagem de Angie Dickinson, que tem início numa visita desta a um museu e é finalizada numa climática cena em um elevador, tudo isso com praticamente nenhum diálogo, apenas a bela condução de De Palma, a brilhante interpretação de Dickinson e a eletrizante trilha sonora de Pino Donaggio (Carrie, a Estranha), absurdamente marcante.
Guardando ecos com o primeiro filme de destaque de De Palma, Irmãs Diabólicas, no sentido de construir um clima de tensão e interesse numa trama repleta de eventos um tanto quanto irreais e exagerados, mas com um apuro maior e uma construção narrativa e visual bem mais elaborada do que aquele, Vestida para Matar marca o início do amadurecimento cinematográfico do considerado herdeiro do mestre do suspense Hitchcock como autor e, mesmo com o envelhecimento de algumas cenas devido a precariedade dos efeitos especiais da época em que foi filmado (além do fato de não ser puramente um thriller erótico), continua um filme dono de um brilho particular, interessante, instintivo e de grande importância para o gênero, tendo maior relevância conceitual e técnica do que títulos lançados a posteriori, mas que hoje acabam soando mais envelhecidos do que Vestida para Matar, como Atração Fatal, de 1987 Instinto Selvagem 1 e 2, lançados respectivamente em 1992 e 2006, por exemplo. As cenas de nudez e sedução do filme, em especial a ótima cena de abertura do mesmo, continuam até hoje mais ousadas do que a maioria dos filmes "adultos" atuais.
Vestida para Matar é um filme cheio de (bons) truques, que não aposta no realismo ou em fazer sentido lógico, mas que possui o dom de causar interesse imediato e continua relevantíssimo como cinema, mesmo após 32 anos de seu lançamento. É um dos filmes mais citados de Brian De Palma, que confirma aqui sua melhor forma.
AVALIAÇÃO:
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Bilheteria: Box Office Mojo
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