14 junho, 2012

21 Gramas (21 Grams, EUA, 2002).


Primeiro trabalho em língua inglesa de Alejandro González Iñárritu (Amores Brutos), 21 Gramas é de certa forma um filme mais bem acabado que o longa de estreia do mexicano, entretanto ainda guarda muitos ecos daquele trabalho. Extrapolando as convenções do gênero drama, este filme encabeçado por Sean Penn (Sobre Meninos e Lobos), Benicio Del Toro (Traffic) e Naomi Watts (O Chamado) é angustiante do início ao fim, traçando perfis de seres humanos consumidos pela própria vida, marcados por péssimas escolhas ou simplesmente vitimas de atos a priori externos, mas que nunca aponta mocinhos ou bandidos, construindo um painel verossímil e tocante da conexão do homem com o próximo, de sua interdependência, além de ser uma espécie de tributo à morte, tema caro a filmografia do diretor mexicano.

Apesar de ter causado certo burburinho há época de seu lançamento, 21 Gramas não se saiu muito bem no espectro das premiações. Foi indicado a dois Oscars de atuação - Benicio Del Toro e Naomi Watts -, mas não levou nenhum. Entretanto, apesar de não ter conquistado tanta badalação quanto Amores Brutos, 21 Gramas é um filme tão profundo e interessante quanto aquele, só que sobre um outro ponto de vista, trabalhando seres humanos fragilizados ao ponto de se quebrarem num contexto de redenção, de busca por perdão e por respostas - guardando ecos com o vencedor do Oscar Crash, no Limite, de Paul Haggis -, ao contrário de Amores Brutos, que possui um olhar mais sujo e pessimista acerca da realidade nossa, da essência e da missão humana em vida.

Contando com um elenco sublime, complementado pelas ótimas participações de Melissa Leo (O Vencedor), Charlotte Gainsbourg (Anti-Cristo), Eddie Marsan (O Ilusionista) e Danny Huston (O Jardineiro Fiel), além das inesquecíveis composições de Penn, Del Toro e Watts, 21 Gramas é o trabalho que afina a parceria entre Iñárritu e o roteirista Guillermo Arriaga, que apresenta o estilo não-linear e impactante da dupla ao público norte-americano, que explora a tragédia como forma de crescimento e que, apesar da opção pela língua inglesa, não faz nenhum tipo de concessão ao público dito médio, visto que tanto no quesito forma quanto no quesito conteúdo o filme mantém a pegada autoral e particular da dupla Iñárritu/Arriaga. Um filmaço do início ao fim, daqueles feitos mais para sentir do que para compreender, onde cada um trará novos elementos de interpretação e significação para com os eventos apresentados e mesmo que te faça sentir mais mal do que bem, tem o poder de conquistar o espectador de imediato - o que muitas vezes é o essencial. 

AVALIAÇÃO:  
Trailer: 


Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!