07 abril, 2012

A Encruzilhada (Crossroads, EUA, 1986).


Misto de road-movie de aventura com homenagem à maior contribuição norte-americana para a música, o blues, A Encruzilhada é um filme de descoberta e de paixão pela música, de encontros e desencontros, de busca por redenção. Estrelado pelo eterno Daniel-San, Ralph Macchio (Vidas Sem Rumo), este trabalho do veterano diretor Walter Hill (Warriors) mistura de forma orgânica e competente o mundaréu de mitos e lendas em torno das origens e da história do blues não só como arte musical, mas também como estilo de vida e fenômeno cultural do povo negro dos Estados Unidos com fatos de ordem biográfica de grandes nomes do gênero musical, tudo isso de maneira simples, objetiva e bem-humorada (apesar da coisa engrossar um pouco quando tem-se a participação do "tinhoso").

Além de Macchio, que traz fragilidade e vivacidade na construção de seu personagem (o talentoso garoto estudante de música erudita que deseja desvendar os segredos do blues), o grande destaque vai para a forte interpretação de Joe Seneca (Tempo de Matar), que com o seu velhoWillie Brown, clássico tocador de gaita (representando um cânone do blues, hoje esquecido), dá força ao filme, construindo uma persona que mesmo emburrada e ranzinza conquista de imediato o espectador.

Talvez o maior destaque do filme, no que se refere ao seu conteúdo, seja o debate sugerido acerca da distinção (leia-se segregação) entre a música popular (no longa, o blues) e a música erudita (no filme representada pela música clássica), visto que a primeira é considerada pelos "músicos" da academia como "música menor", não tendo "validade" como objeto de estudo e, posteriormente, aprendizado. Apesar de ser um recorte curto, considerando o filme como um todo, tal discussão é muito bem explanada e continua a refletir bastante o pensamento dos dias de hoje, onde ainda convivemos com uma espécie de rocha entre quem estuda e/ou admira música erudita, para com quem consome música popular (termos estes que geram mais discussão do que entendimento).

Eficiente, objetivo, com cara de sessão da tarde - apesar de aparentemente preterido da programação vespertina da TV brasileira -, responsável por um brilhante resgate histórico-musical para com as novas gerações (principalmente a referente à época de lançamento do filme), sem deixar de funcionar como entretenimento e dono de uma matadora (no bom sentido) seleção de músicas em sua trilha-sonora, A Encruzilhada é um belo tesourinho escondido dentre tantos belos (e hoje clássicos) títulos da década de 1980, merecendo muito mais aplausos e conferidas do que muitos filmes que foram badalados nesta mesma época e que hoje foram praticamente esquecidos pelos entusiastas da sétima arte. Por fim, uma bela viagem musical, com direito até a participação do até hoje ídolo dos apaixonados por guitarra, o virtuoso Steve Vai


AVALIAÇÃO: 7 de 10.

Trailer:

Mais informações:

A Encruzilhada

Bilheteria: Box Office Mojo

IMDb - Internet Movie Database:

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