13 março, 2014

Camille Claudel 1915 (FRA, 2013).


Apesar de abraçar parte da história da famosa escultora francesa - tão conhecida por sua arte quanto pelo seu envolvimento romântico com Rodin - e possuir uma fotografia bastante peculiar e atraente (méritos do fotógrafo Guillaume Deffontaines, de Anos Incríveis), Camille Claudel 1915 não se mostra tão atraente no contexto geral, sendo muitas vezes redundante e pouco interessante, mesmo contando com esforços da ótima Juliette Binoche (O Paciente Inglês) e com a sensibilidade estética do cineasta Bruno Dumont (A Humanidade), que resgata o conteúdo de algumas cartas trocadas pela verdadeira Camille e por seu irmão, o pintor Paul Claudel (aqui interpretado por Jean-Luc Vincent) e as traduz para o cinema. Infelizmente algo é perdido durante esta viagem, já que apesar de ter seus méritis, a obra cinematográfica assume-se bastante problemática, especialmente quanto ao seu ritmo e a extensão de seu conteúdo.

É mais do que clara a tentativa de Dumont em aproximar ao máximo a composição de seu filme ao teatro, quando percebemos que grande parte deste funciona como uma espécie de monólogo, seja protagonizado pelos seres no entorno de Camille - irmãs, médico e "loucos" -, seja externalizado por um inspirado e apreciador de uma espécie de crença "metafísico-cristã" Paul Claudel. Contudo, quando compilado estas passagens não conseguem traduzir com força a angústia e o medo da personagem título, especialmente para aqueles que não possuírem um repertório mínimo a respeito da vida e obra da artista. Soma-se a esta falta de contextualização uma montagem excessivamente truncada - há tempos não via tomadas levarem tanto tempo para serem cortadas - que homenageia de forma exagerada aquelas dos primórdios do cinema, quando uma cena só poderia ser cortada para outra quando um personagem ou veículo saia totalmente do enquadramento.

Mesmo sendo dono de uma estética razoavelmente interessante, música totalmente baseada em Johann Sebastian Bach, um texto de cunho poético e uma composição de personagem interessantíssima feita por Juliette Binoche, Camile Claudel 1915 parece não sair do lugar, não deixando seu propósito claro (nem mesmo sugerindo isso) em momento algum, apresentando-se assim como uma obra interessante tecnicamente, mas cuja alma (pretensão maior do filme) não desperta empatia, muito pelo contrário, em alguns momentos é possível se ver perguntando o por que do filme. Certamente este não é um mau filme ou um filme ruim, mas a sensibilidade pretendida pelo mesmo não conectou-se com a minha ao conferi-lo. Uma pena.

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TRAILER

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