04 outubro, 2014

Coração Valente (Braveheart, EUA, 1995).

"Todo homem morre, mas nem todo homem realmente vive" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Coração Valente é um caso raro de filme. Devido a conexão emotiva que possuo com a obra - minha infância foi agraciada com a descoberta da obra -, fica difícil separar a relação afetiva para com ela do olhar crítico quanto as suas qualidades técnico-artísticas, mas tentarei chegar em um meio termo. Estrelado e dirigido por Mel Gibson (Máquina Mortífera), Coração Valente é uma livre adaptação da história de um ícone escocês, William Wallace - interpretado pelo próprio Gibson -, mártir da luta do país contra a dominação inglesa (ecos que existem até então). Escrito pelo então pouco conhecido Randall Wallace, a trama do filme é estruturada  basicamente sob o auspício da dita jornada do herói e, verdade seja dita, não guarda grandes viradas de trama, todavia, seu convencionalismo (no bom sentido) é tão bem encaixado que seu poder de influência mantém-se vivo até hoje. Wallace despontou com o filme, mas nunca mais conseguiu alcançar sucesso semelhante, seja como roteirista (Pearl Harbor), seja como diretor (O Homem da Máscara de Ferro, Fomos Heróis). Todavia, sejamos justos; o tom "lacrimoso" dos textos concebidos por Wallace só encontraram relativo "equilíbrio" através da perspectiva "distorcida" (sanguinolenta, retributiva) de Gibson. É possível apontar alguns problemas técnicos no vencedor do Oscar de 1995, especialmente nos quesitos montagem (Steven Ronsenblum, de Plano de Fuga) e efeitos especiais (apesar de empolgantes, alguns elementos das batalhas já se apresentam relativamente frágeis, até por que lá se vão quase vinte anos deste a confecção do filme), todavia a condução da trama - maniqueísta, mas agradável - e das personagens que passeiam por esta, aliadas ao carisma/competência dos seus intérpretes (Brendan Gleeson, Brian Cox, Sophie Marceau, David O'Hara, Catherine McCormack), além do embate "sangue no olho" entre Gibson e o excelente Patrick McGoohan (Fuga de Alcatraz), que vive o odiável Rei Edward I. Por fim, completam a obra a espetacular trilha sonora composta e conduzida por James Horner (Titanic) - sim, o cara costuma se repetir, mas aqui apresenta um trabalho melódico e de harmonia primoroso - e a fotografia de John Toll (Homem de Ferro 3), que registra imagens deslumbrantes sob suas lentes, sejam das belíssimas locações escocesas, seja das batalhas orquestradas por Mel Gibson. Como adiantado, Coração Valente é um dos poucos filmes dos quais admito ter dificuldades para separar o coração da razão ao comentá-lo, pois reconheço que, observando-o com um olhar mais maduro, seja do ponto de vista técnico, seja como espetáculo, é notório que o filme envelheceu um pouco, especialmente no quesito profundidade (quando visto há dez anos este parecia ser mais profundo do que é na realidade), no entanto, sua capacidade de influenciar outras obras, cinematográficas ou não, continua forte até hoje, o que, por si só, pode ser considerado como um atestado de sua qualidade e relevância para o cinema como misto de arte e entretenimento. Sendo assim, deixo o "tico e teco" de lado e delego meu coração como validador deste épico dos épicos, que não poderia deixar de escaloná-lo com a cotação máxima de estrelas. Coração Valente é um filme perfeito para vibrar, chorar e, principalmente, acreditar, seja você cínico, bobo, político ou sacana, pois, no fim das contas, o que pesará é o tanto de humano ("do bem ou do mal", pouco importa) que você carrega. Liberdade!

 
 
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