26 setembro, 2014

Livrai-nos do Mal (Deliver Us from Evil, EUA, 2014).


Scott Derrickson despontou com o filme O Exorcismo de Emily Rose e desde então vem trilhando uma carreira interessante - a exceção foi o fiasco (será mesmo?) O Dia em Que a Terra Parou, remake do cult de 1951 -, mesmo que ainda não tenha reprisado o frescor apresentado em seu filme primeiro. Livrai-nos do Mal, misto de filme policial com exorcismo - a ambientação lembra o filme Possuídos, de 1998 -, como adiantado, não se mostra tão bem acabado quanto a surpresa de 2005, mas possui mais atrativos que deméritos e não deixa de ser curioso que também carregue alguns pontos comunais aquele, como a inspiração em fatos reais, a fotografia mezzo documental (câmera na mão) e a "pegada" enigmática, deixando sempre a dúvida quanto à realidade dos eventos apresentados (há um casamento entre uma abordagem psicológica e religiosa). Estrelado por Eric Bana (O Grande Herói) - correto -, Édgar Ramírez (A Hora Mais Escura) e Olivia Munn (Magic Mike), o filme consegue construir bem tanto o arco de possessão dos soldados norte-americanos vindos do Iraque quanto o do policial Ralph Sarchie (Bana) e seus conflitos internos, mesmo que este seja excessivamente amparado em clichês (policial traumatizado, workaholic e cego para seus problemas familiares), porém é inegável que a trama perde força no seu terceiro ato, muito devido à pressa em depurar o mal - seja dos possuídos/influenciados pela entidade demoníaca, seja de Sarchie, tomado por um "mal interior". Apesar de só se unirem lá pela metade do filme, a relação entre Sarchie e Pe. Mendoza (Ramírez) é de longe a coisa mais interessante da obra, mesmo que o suspense contínuo e a fotografia escura também concorram ao pódio. Longe de ser um grande filme, Livrai-nos do Mal não procura mudar estruturas ou inovar narrativamente, mas procura reverenciar os "clássicos" ao tentar explorar mais os efeitos psicológicos entre os personagens que os efeitos especiais e estes, quando necessários, são dispostos de forma discreta - em sua maioria -, o que contribui para que o foco do espectador permaneça no entorno da trama e na discussão proposta (o "mal" é um "agente" externo ou está entranhado no ser humano?) e não no (possível) carnaval de efeitos e sustos. Não que o filme seja denso (e tenso) como O Exorcista, A Profecia ou O Bebê de Rosemary, por exemplo, mas talvez quem goste (e procure por) de filmes repletos de sustos, efeitos de última geração e violência (gratuita) não curtirá tanto esta experiência. Há falhas neste quinto filme dirigido por Derrickson, mas estas são sinceras, logo, perdoáveis.

★★½

TRAILER


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