12 setembro, 2014

Getúlio (BRA, 2014).


Mais conhecido por seu trabalho como documentarista em produções premiadas como Janela da Alma, Pro Dia Nascer Feliz e Lixo Extraordinário (indicado ao Oscar), João Jardim volta ao universo da ficção - ele havia debutado em 2011 com o filme Amor? - com a cinebiografia de uma das maiores personalidades da história brasileira (e considerado por muitos como o "melhor" Presidente da República que o país já produziu), Getúlio Vargas. Como não poderia deixar de ser, a estética documental acaba sendo bastante utilizada por Jardim, todavia em excesso. Forçando demais a perspectiva através da câmera na mão e a insistência na composição de planos assimétricos e o excesso de closes - praticamente não há tomada aberta no filme - contribuem sobremaneira para que a obra se torne visualmente cansativa, apesar de sua metragem ser relativamente curta. Todavia, se o o estilo de Jardim não agrada, o mesmo não pode ser dito do clima passado pelo filme - praticamente um thriller de época - e da equipe de arte, que mesmo não podendo expor seu trabalho com garbo (como dito, a fotografia do filme - a cargo do mestre Walter Carvalho - privilegia as tomadas fechadas), merece destaque. O elenco como um todo foi bem escolhido - destaco Drica Moraes (O Bem Amado), que entrega uma performance interessante como a filha e braço direito do "ex-ditador" -, mas o roteiro peca por pouco se aprofundar no âmbito político, privilegiando a tensão quanto à possível culpa ou não do personagem título. Aqui o septuagenário é mais "vovô bonzinho" que lobo da política, abordagem esta que nem mesmo a boa composição de Tony Ramos (Tempos de Paz) consegue mascarar. No mais, Getúlio é um filme interessante, todavia aquém da importância histórica - para o bem ou para o mal - desta figura política brasileira.


★★★

TRAILER

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