08 abril, 2013

Medidas Desesperadas (Desperate Measures, EUA, 1998).


Pouco visto e bastante criticado à época de seu lançamento, o thriller dramático Medidas Desesperadas, de Barbert Schroeder (O Reverso da Fortuna), apesar de vez ou outra cair nas armadilhas da obviedade do suspense genérico, mostra-se um filme envolvente e interessante, muito disso devido ao clima de urgência apresentado por Schroeder, mas principalmente pela forte carga dramática empregada por seu elenco, especialmente o camaleônico Michael Keaton (Jackie Brown), que aqui interpreta um condenado de QI elevadíssimo.

Com uma premissa que mistura melodrama (pai passa por cima de tudo para realizar um transplante de medula ao filho portador de câncer) e correria estilo gato e rato, Medidas Desesperadas é eficiente até o momento em que tenta exigir um pouco mais da irrealidade da trama, que funciona perfeitamente como uma metáfora acerca da luta infindável de um pai em busca da salvação de seu filho - o próprio título da obra corrobora isso -, mas que devido a algumas "conveniências" hollywoodianas e exageros por parte do roteiro do romancista David Klass (Com as Próprias Mãos), acaba por destacar demais essa "irrealidade" da premissa, tirando assim a imersão do espectador e, consequentemente, fazendo-o notar com mais facilidade as incoerências e rompantes de puro exagero do thriller. 

Contudo, apesar de irregular, a dupla principal de atores surpreende e se apresenta como o grande acerto do filme, a começar pelo eterno Beetlejuice Michael Keaton, que une caricatura à presença de cena para compor uma personagem construindo basicamente por clichês de vilania, mas que mesmo assim conquista o espectador, despertando curiosidade tanto pelas motivações da personagem, quanto pelo que o aguarda a partir de então. A outra cara da moeda, apesar de não brilhar tanto quanto aquele, é Andy Garcia (O Poderoso Chefão Parte III). Este, apesar de vestir a carapuça de mocinho irretocável, confere humanidade a personagem, especialmente no sentido de sugerir dúvida e fragilidade perante suas ações, como já é costumaz em grande parte dos trabalhos do ator. Incrementando o texto até então previsível com certa humanidade (Garcia) e imprevisibilidade (Keaton), a dupla eleva o nível do filme do lugar comum ao entretenimento contagiante, mesmo que o longa insista na auto-sabotagem em diversos momentos.

Com uma direção segura e técnica, todavia sem muito brilho ou surpresa, possuidor de uma trilha sonora pouco inspirada (a cargo de Trevor Jones,  de  O Último dos Moicanos - e, como na maioria dos thrillers e suspenses, exagerada -, mas que curiosamente apresenta alguns temas que remetem aos dos filmes do agente 007 - particularmente não entendi a referência, mas que há ecos dos longas de James Bond, isso há -, dono de um roteiro interessante, mas que se perde em meio a convenções e decisões previsíveis e com uma dupla de protagonistas inspirada e competente, Medidas Desesperadas, mesmo não sendo uma obra classuda ou imperdível,  pode ser considerado um eficiente filme de gênero, no qual as atuações se sobressaem aos devaneios da trama em si e que, no final das contas, proporciona bons momentos de entretenimento, bastando ao espectador apenas relevar alguns (poucos, mas constrangedores) exageros na narrativa da obra.

AVALIAÇÃO
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