"Às vezes, para o bem de muitos, sacrifícios têm que ser feitos" (fala do Faraó Seth ao seu filho adotivo, Moisés).
"Nenhum reino deve crescer as custas de escravos" (fala de Moisés à seu irmão adotivo, Ramsés I).
Adaptação do Êxodo bíblico, a animação O Príncipe do Egito pode se considerar vitoriosa em pelo menos dois aspectos: primeiramente, por condensar de forma eficaz os eventos registrados nas passagens bíblicas, com grande força metafórica - apesar das licenças poéticas e do viés mercadológico, o que em nada inibe sua qualidade artística - e, segundamente, por traduzir esta história de maneira épica e dinâmica, caráter este essencial as animações ocidentais pós-Disney.
Dirigido pelo trio Simon Wells (A Máquina do Tempo), Brenda Chapman (Valente) e Steve Hickner (Bee Movie), o filme sagra-se vitorioso ao abraçar como fulcro central o relacionamento entre as personagens Moisés (voz original de Val Kilmer, de Beijos e Tiros - a versão dublada em português teve a voz de Guilherme Briggs) e seu irmão de criação (e futuro Faraó), Ramsés (Ralph Fiennes, de 007 - Operação Skyfall), pois a complexidade destas, especialmente por representarem os viéses político, cultural, social e religioso de seus povos (hebreus e egípcios, respectivamente) torna a obra bastante rica conceitualmente, mesmo que vez ou outra impere certa redundância ou exagero narrativo no material, fato este no mínimo comum, já que este produto possui como um de seus públicos-alvo a criançada.
Tecnicamente a animação continua espetacular, possuindo uma união bastante interessante entre as técnicas de animação tradicionais à época somadas a algumas incursões de elementos em 3D, o que guardou certo charme a produção. Tratado desde o início como um épico musicado (ou musical), toda a escolha de ângulos e planos da animação evocam um tom heroico e espetacular dos grandes épicos bíblicos das décadas de 1940, 1950 e 1960, como Os Dez Mandamentos e Ben-Hur, além de beber bastante do estilo de animações lançadas temporalmente próximas a O Príncipe do Egito, como O Rei Leão e Pocahontas, por exemplo.
No âmbito musical não há muito o que se comentar, além do registro de que o filme é brilhante. Tendo como condutores o maestro Hans Zimmer (Batman, o Cavaleiro das Trevas) e o letrista e compositor Stephen Schwartz (Encantada), as canções da animação reforçam com unicidade o caráter épico do filme, ajudando a contornar certas "falhas" do enredo - afinal de contas, são resumidos em pouco mais de uma hora e meia décadas de conflitos - e contribuindo de forma efetiva à narrativa do filme. Afora isso, funcionam muitíssimo bem fora do escopo da obra, já que são canções belas, imponentes e com melodias grandiosas, complementadas por mais um trabalho de competência de Zimmer na orquestração e desenvolvimento dos temas do filme.
Apesar de não tão lembrado quanto as clássicas produções da Disney e não estar elencada - pelo menos, não oficialmente - como um dos pilares da DreamWorks Animation, O Príncipe do Egito conquistou um bom público à época (sagrou-se bem sucedida nas bilheterias mundiais), recebeu um Oscar (melhor canção original: When You Believe) e conquistou um vasto séquito de fãs, porém parece ter sido esquecido nos dias de hoje, o que é uma baita de uma injustiça, a contar a qualidade técnica e de conteúdo da obra. Filme de cunho religioso que acerta ao não tentar à toda maneira catequizar ou comover de forma arbitrária o espectador, O Príncipe do Egito pode não ser uma animação perfeita, especialmente em termos de desenvolvimento narrativo, mas supera a maioria de seus obstáculos (quer queira ou não, esta é uma produção audaciosa de um texto "milenar") e sagra-se tanto como uma obra de entretenimento saudável, quanto uma adaptação primorosa de um capítulo histórico importante à humanidade.
Dirigido pelo trio Simon Wells (A Máquina do Tempo), Brenda Chapman (Valente) e Steve Hickner (Bee Movie), o filme sagra-se vitorioso ao abraçar como fulcro central o relacionamento entre as personagens Moisés (voz original de Val Kilmer, de Beijos e Tiros - a versão dublada em português teve a voz de Guilherme Briggs) e seu irmão de criação (e futuro Faraó), Ramsés (Ralph Fiennes, de 007 - Operação Skyfall), pois a complexidade destas, especialmente por representarem os viéses político, cultural, social e religioso de seus povos (hebreus e egípcios, respectivamente) torna a obra bastante rica conceitualmente, mesmo que vez ou outra impere certa redundância ou exagero narrativo no material, fato este no mínimo comum, já que este produto possui como um de seus públicos-alvo a criançada.
Tecnicamente a animação continua espetacular, possuindo uma união bastante interessante entre as técnicas de animação tradicionais à época somadas a algumas incursões de elementos em 3D, o que guardou certo charme a produção. Tratado desde o início como um épico musicado (ou musical), toda a escolha de ângulos e planos da animação evocam um tom heroico e espetacular dos grandes épicos bíblicos das décadas de 1940, 1950 e 1960, como Os Dez Mandamentos e Ben-Hur, além de beber bastante do estilo de animações lançadas temporalmente próximas a O Príncipe do Egito, como O Rei Leão e Pocahontas, por exemplo.
No âmbito musical não há muito o que se comentar, além do registro de que o filme é brilhante. Tendo como condutores o maestro Hans Zimmer (Batman, o Cavaleiro das Trevas) e o letrista e compositor Stephen Schwartz (Encantada), as canções da animação reforçam com unicidade o caráter épico do filme, ajudando a contornar certas "falhas" do enredo - afinal de contas, são resumidos em pouco mais de uma hora e meia décadas de conflitos - e contribuindo de forma efetiva à narrativa do filme. Afora isso, funcionam muitíssimo bem fora do escopo da obra, já que são canções belas, imponentes e com melodias grandiosas, complementadas por mais um trabalho de competência de Zimmer na orquestração e desenvolvimento dos temas do filme.
Apesar de não tão lembrado quanto as clássicas produções da Disney e não estar elencada - pelo menos, não oficialmente - como um dos pilares da DreamWorks Animation, O Príncipe do Egito conquistou um bom público à época (sagrou-se bem sucedida nas bilheterias mundiais), recebeu um Oscar (melhor canção original: When You Believe) e conquistou um vasto séquito de fãs, porém parece ter sido esquecido nos dias de hoje, o que é uma baita de uma injustiça, a contar a qualidade técnica e de conteúdo da obra. Filme de cunho religioso que acerta ao não tentar à toda maneira catequizar ou comover de forma arbitrária o espectador, O Príncipe do Egito pode não ser uma animação perfeita, especialmente em termos de desenvolvimento narrativo, mas supera a maioria de seus obstáculos (quer queira ou não, esta é uma produção audaciosa de um texto "milenar") e sagra-se tanto como uma obra de entretenimento saudável, quanto uma adaptação primorosa de um capítulo histórico importante à humanidade.
TRAILER
Mais Informações:
Bilheteria:
Uma coisa que sempre me chama a atenção nessa animação é a forma como transpuseram a história bíblica sem fazer com que ela perdesse a sua essência. Apesar das licenças poéticas (e Hollywood não poderia viver sem elas), o filme segue trata a libertação do povo hebreu por um Deus que eles haviam esquecido com um cuidado admirável. Em nada deve às demais adaptações do êxodo.
ResponderExcluirA trilha sonora estupenda apenas reforça o caráter épico da obra, e When You Believe é uma música tocante. Sou fã incondicional dessa animação.