16 fevereiro, 2014

Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Ender's Game, EUA, 2013).

"O best-seller aclamado pela crítica se transforma num filme-evento  internacional" (Livre tradução do texto disposto no cartaz promocional do filme).

Mais uma adaptação de uma obra literária bastante cultuada no meio infantojuvenil, Ender's Game - O Jogo do Exterminador, apesar de alguns tropeços na construção de seu roteiro, mostra-se como uma ficção-científica bastante interessante, cuja mensagem anti-belicista e a crítica contra a "soldadificação" infantil salta aos olhos, além de possuir um bom ritmo e efeitos especiais de encher os olhos. Escrito e dirigido pelo irregular Gavin Hood (diretor de bons filmes como Redenção, mas também de títulos esquecíveis como X-Men Origens: Wolverine) e estrelado por Asa Butterfield (A Invenção de Hugo Cabret), Harrison Ford (Revelação), Ben Kingsley (A Morte e a Donzela) e Viola Davis (Os Suspeitos), esta adaptação da obra máxima de Orson Scott Card pode até ter alguns problemas narrativos, mas possui mais atrativos que deméritos.

Dentre os maiores destaques do filme apontaria a escalação do elenco, cujo comprometimento e seriedade apresentados em cada atuação ajudam a transformar uma premissa e proposta aparentemente distante do "mundo real atual" em algo factível, especialmente no campo metafórico. Logo, mérito do diretor de elenco John Papsidera (Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge) e de Gavin Hood. Há tempos não via Harrison Ford tão confortável e convincente em um papel "carrancudo" (sua especialidade nas últimas duas décadas) e o jovem Asa Butterfield comprova mais uma vez que tem tudo para ser um grande nome do cinema futuramente, assim como suas companheiras de elenco Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine) e Hailee Steinfeld (Bravura Indômita). Viola Davis traz a humanidade necessária para que haja equilíbrio entre tantas ideias pragmáticas, políticas e carregadas de testosterona destiladas pelo texto do filme, enquanto Ben Kingsley compõe seu personagem com um toque de caricatura, mas sem exageros.

O departamento de arte - direção e desenho de produção - desenvolveu um trabalho interessante ao lado da equipe de efeitos visuais liderada pela Digital Domain, que somado ao excelente trabalho fotográfico de Donald McAlpine (As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa), deu vazão a que aspecto visual do filme chama-se bastante a atenção. A montagem realizada pela dupla Lee Smith (A Origem) e Zach Staenberg (Matrix) mostra-se equilibrada, conciliando bem os (poucos) momentos de ação àqueles focados no desenvolvimento da trama. Em contrapartida, apesar de não mostrar-se como um desastre completo, a trilha sonora composta por Steve Jablonsky (Sem Dor, Sem Ganho) mostra pouca identidade, inclusive lembrando muito os temas tensos desenvolvido por Hans Zimmer na recente trilogia de filmes do Batman, que parecem ter feito escola.

A exemplo de outra recente adaptação literária - O Tempo e o Vento - um dos maiores problemas do filme parece se encontrar no processo de transição da mídia literatura para a mídia cinema, já que é possível notar certo desequilíbrio na exploração das características pertinentes ao conflito bélico entre humanidade e a raça alienígena nomeada de "Formics", como também no aprofundamento de alguns personagens - especialmente os de Ford e Davis -, o que acaba atestando a força do elenco no preenchimento deste tipo de lacuna. Muito foi dito acerca da dificuldade em se adaptar a obra de Card para o cinema - não li seu livro, mas pela sinopse parece existir alguns elementos bastante difíceis de serem traduzidos para o audiovisual - e, mesmo acreditando que Hood pudesse ter feito um trabalho ainda melhor no âmbito de roteiro (como, por exemplo, ter divido a responsabilidade com um roteirista mais experiente), o resultado final do filme ainda assim mostra-se interessante.

Apresentando uma trama interessante cuja mensagem tem a potencialidade de despertar debates, a versão de Gavin Hood para O Jogo do Exterminador de Orson Scott Card pode pecar pela inconstância de seu roteiro, especialmente por mostrar-se confuso quando deveria ser claro e sagrar-se didático quando poderia tratar de alguma questão de forma mais aprofundada, mas ainda assim funciona como peça de entretenimento cujo foco repousa além do simplesmente divertir, tendo sua mensagem de cunho questionador como principal trunfo. Certamente não é um grande filme, mas desperta curiosidade para uma possível continuação - qua não deve ocorrer, devido ao fracasso de bilheteria obtido pelo filme - e, por conseguinte, para a leitura da(s) obra(s) escrita(s).

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