06 junho, 2014

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, EUA, 2014).


Marcando o retorno de Bryan Singer (Jack, o Caçador de Gigantes) ao comando da franquia X-Men e o encontro das duas gerações de filmes (apesar da geração mais recente possuir, por enquanto, apenas um título), X-Men: Dias de um Futuro Esquecido mostra-se eficiente, dinâmico, interessante e divertido, sem esquecer de tocar em temas mais profundos (característica dos dois primeiros filmes da franquia, assinados por Singer), mesmo que de forma diluída. Mais dramático que X-Men: Primeira Classe, mas também menos divertido que aquele, esta sequência direta dos filmes de Matthew Vaughn (Kick-Ass - Quebrando Tudo) e de Brett Ratner (Dragão Vermelho) pode até soar apressada em alguns momentos, mas possui personagens tão bem trabalhados e um plot (apesar de complexo) construído de forma a manter o interesse sobre o espectador que a tal pressa acaba sendo um detalhe ínfimo em comparação ao espetáculo narrativo e visual proporcionado pela obra.

A sequência inicial do longa é fantástica, servindo tanto como introdução aos personagens e à trama (que lida com duas linhas temporais), quanto como trunfo narrativo, apresentando o dilema dos mutantes de forma impactante. É certo que a estética futurista desenvolvida por Singer e sua equipe de arte (o design de produção John Myhre, o diretor de arte Michèle Labierté e a figurinista Louise Mingenbach), assim como o diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (Drive) bebe muito de filmes como O Exterminador do Futuro e Matrix, mas tal inspiração sugere mais homenagem que falta de criatividade. Certo mesmo é que tanto o visual futurista quanto a estética setentista (o outro arco do filme se passa nos anos 1970) são muito bem trabalhados pelas equipes de arte e efeitos visuais. O importante mesmo é frisar que há um casamento entre a estética e a narrativa do filme, que traz um quê mais próximo à ficção-científica (logo, mais parecido com os primeiros filmes) do que a uma aventura "bondiana" (abordagem apresentada por Vaughn em Primeira Classe).

Uma das melhores coisas em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido se encontra na construção de seu roteiro - desenvolvido por Simon Kinberg (Sherlock Holmes) a partir de um argumento de sua autoria, juntamente a Jane Goldman e Matthew Vaughn -, que não apenas privilegia a ambientação (aspecto este, sem sombra de dúvidas, essencial a uma boa obra de ficção), mas também a construção de personagens e seus inter-relacionamentos. Certamente há um ou outro furo na orquestração de tantos nomes - incluindo duas versões de Magneto e professor Xavier, por exemplo -, mas é inegável que a amarração entre trama e personagens é feito de maneira orgânica e interessante. O fato desta ser uma adaptação livre de uma das histórias mais queridos dos fãs de quadrinhos não anula ou prejudica o resultado final, que sim difere bastante da fonte, mas resulta de forma tão bacana quanto.

O casting do filme é de encher os olhos, tanto pelo requinte dos nomes envolvidos, quanto (e principalmente) pelo envolvimento dos mesmos na construção de seus respectivos personagens. Tem-se em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido os retornos de Hugh Jackman (O Grande Truque), Ian McKellen (trilogia O Senhor dos Anéis), Patrick Stewart (Ted), Halle Berry (A Viagem), Ellen Page (Juno), Anna Paquin (O Piano), Shawn Ashmore (série The Following) e Daniel Cudmore (franquia Crepúsculo), respectivamente Wolverine, Magneto, professor Xavier, Tempestade, Lince Negra, Vampira, Homem de Gelo e Colossus (todos da dita "velha guarda) e a revisita de James McAvoy (Em Transe), Michael Fassbender (O Conselheiro do Crime), Nicholas Hoult (Um Grande Garoto), Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) e Lucas Till (Segredos de Sangue), além das ótimas estreias de Peter Dinklage (série Game of Thrones), Evan Peters (série American Horror Story) e Omar Sy (Intocáveis). É óbvio que nem todos possuem um tempo de tela longo, mas o filme de Singer dá oportunidade para que todos possam brilhar minimamente, como é o caso do personagem Peter Maximoff (vulgo Mercúrio), de Evan Peters, que rouba a acena ao apresentar um dos personagens mais bacanas do filme em uma das sequências mais fantásticas de toda a franquia. Logo, a equação roteiro bem amarrado mais elenco bem encaixado só poderia resultar positivamente.

Dramático, mas sem deixar o bom humor de lado (este surge quando "necessário" à construção da trama), X-Men: Dias de um Futuro Esquecido pode ser classificado como uma surpresa, pois nem o mais entusiasta dos fãs (ou acompanhantes da franquia X) esperavam uma obra tão redonda como a que foi apresentada por Bryan Singer e cia. (ainda mais após o ótimo X-Men: Primeira Classe). Rompendo e ao mesmo tempo seguindo de onde o filme anterior parou, o filme prepara terreno para uma realidade não tão boa para os nossos amigos mutantes, soltando algumas informações acerca dos futuros dilemas a ser enfrentados pelos pupilos de Charles Xavier. Não contando com um vilão definido como nos filmes anteriores (o personagem de Dinklage é o catalisador do perigo, não O vilão da obra), o grande desafio do filme se encontra no próprio homo sapiens sapiens (e sua contenda com o homo sapiens), já que, de certa forma, foi o primeiro quem "provocou" sua possível extinção. Certamente atraente para vários públicos, acredito que este seja não seja apenas o melhor filme da franquia mutante (apesar de reconhecer sua dependência para com os demais, não tendo, assim, construído seus próprios alicerces de maneira total), como também o melhor filme de "equipes de super-heróis" já feitos.


★★★★½


Obs.: Sim, após o incompreendido (ou não aceito) Superman: O Retorno, o pouco visto Operação Valquíria e o fraco Jack - O Caçador de Gigantes, Bryan Singer finalmente "voltou" à boa forma. E para isso "precisou" retornar à franquia que o "lançou" ao grande público. Interessante...

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