"Ela está fora de sua mente" (Livre tradução da frase disposta no cartaz do filme).
Há tempos não assistia a um filme tão simbólico e emocionante, mas ao mesmo tempo metafórico e criativo quanto este Ruby Sparks - A Namorada Perfeita (mais um subtítulo reducionista posto pelos experts do cinema no Brasil), da dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris (Pequena Miss Sunshine). Tendo por base o roteiro da jovem Zoe Kazan (neta do mestre Elia Kazan e também co-protagonista do filme), o filme temo como premissa a ideia da construção da mulher ideal, aos olhos de Calvin Weir-Fields (Paul Dano, de Sangue Negro), escritor bem-sucedido no âmbito profissional, mas que possui uma alma atormentada por um romance mal sucedido, bloqueios mentais e vários níveis de insegurança. Espelho de uma geração cada vez mais independente e individualista (para não dizer controladora e arrogante), porém consequentemente menos segura de si, Calvin canaliza aqui ações e pensamentos que certamente ecoam pela mente de muitos daqueles categorizados como membros da geração Y (eu incluso), de forma positiva ou negativa. Sua relação com a "garota imaginária" (Kazan) é de uma inspiração ímpar, mesmo que longe de ser considerada original.
Podendo ser considerado como um parente de filmes como Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry e Mais Estranho Que a Ficção, de Marc Forster, com uma pitada dos Antes do Pôr do Sol e Antes do Amanhecer, de Richard Linklater, Ruby Sparks (basta o título original) consegue soar divertido, emocionante, surreal e dramático sem excessos ou falta de direcionamento, muito disto graças ao brilhantismo do roteiro de Kazan, que soa maduro e coeso do começo ao fim. A sensibilidade e técnica da dupla Dayton/Faris na direção também engrandecem o filme, que tem como cereja do bolo a química e competência da dupla protagonista, formada pelos namorados na vida real, Paul Dano e Zoe Kazan.
Para mim, resumir a trama de um filme através de uma sinopse é uma responsabilidade enorme, pois a possibilidade de estragar a percepção do espectador após a leitura daquelas poucas linhas é muito grande, ainda mais quando a essência do filme reside num misto de ambientação e subjetividade, como é o caso deste Ruby Sparks. Portanto, abdico do compromisso de relatar um resumo da trama do filme, apenas registro que o coração da obra reside no desenvolvimento do relacionamento entre as personagens de Dano e Kazan e suas complexidades e idiossincrasias, verdadeiras ou não.
A questão da "fantochenização" dos indivíduos, da tentativa de se obter o controle total de seus pares e até mesmo de formatar a companheira ideal são temas que perpassam o filme, porém este também do amor como símbolo de autorrealização, encontro consigo mesmo, transcendência e completude. Dessa forma é impossível não elogiar o trabalho de condensação de Kazan na construção do roteiro, visto que, apesar de utilizar uma fórmula simples e trabalhá-lo de forma bastante objetiva, a riqueza de significados contida neste é digna de gênio, daí minha lembrança aos filmes de Gondry e Forster, citados mais acima.
Apesar de ser uma obra que galga destaque devido à força de seu roteiro e ao carisma e talento de Paul Dano e Zoe Kazan, é inegável que a técnica do filme também se destaca, especialmente a fotografia composta por Matthew Libatique (Número 23), a trilha sonora de Nick Urata, que alterna discrição e força durante os momentos de maior emoção do filme, além da direção da dupla responsável pelo também gostoso de se ver Pequena Miss Sunshine.
É certo que Ruby Sparks pode ser considerada uma pequena obra-prima, daquelas que possivelmente despertarão reações distintas em cada uma das pessoas que a conferirem, pois além de se tratar de uma obra bastante apoiada na fantasia e no deslumbramento, investe bastante no poder simbólico e nos signos para narrar a história de um jovem afundado em mágoas que só desejava uma única coisa: encontrar uma pessoa para amar e ser amado. Dito assim parece óbvio, mas em Ruby Sparks nada é como deveria ser, portanto se prepare para abstrair bastante e, certamente, se emocionar um bocado. Com isso não digo que este filme provocará lágrimas constantes, longe disso, mas certamente provocará sérias (ou felizes) reflexões acerca da necessidade e das motivações que envolvem um relacionamento amoroso.
Obs.: As participações de Antonio Banderas (A Pele Que Habito) e Annette Benning (Pacto de Justiça) são enriquecedoras, especialmente a do primeiro, pela "diversão" proporcionada pelo personagem do mesmo.
Podendo ser considerado como um parente de filmes como Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry e Mais Estranho Que a Ficção, de Marc Forster, com uma pitada dos Antes do Pôr do Sol e Antes do Amanhecer, de Richard Linklater, Ruby Sparks (basta o título original) consegue soar divertido, emocionante, surreal e dramático sem excessos ou falta de direcionamento, muito disto graças ao brilhantismo do roteiro de Kazan, que soa maduro e coeso do começo ao fim. A sensibilidade e técnica da dupla Dayton/Faris na direção também engrandecem o filme, que tem como cereja do bolo a química e competência da dupla protagonista, formada pelos namorados na vida real, Paul Dano e Zoe Kazan.
Para mim, resumir a trama de um filme através de uma sinopse é uma responsabilidade enorme, pois a possibilidade de estragar a percepção do espectador após a leitura daquelas poucas linhas é muito grande, ainda mais quando a essência do filme reside num misto de ambientação e subjetividade, como é o caso deste Ruby Sparks. Portanto, abdico do compromisso de relatar um resumo da trama do filme, apenas registro que o coração da obra reside no desenvolvimento do relacionamento entre as personagens de Dano e Kazan e suas complexidades e idiossincrasias, verdadeiras ou não.
A questão da "fantochenização" dos indivíduos, da tentativa de se obter o controle total de seus pares e até mesmo de formatar a companheira ideal são temas que perpassam o filme, porém este também do amor como símbolo de autorrealização, encontro consigo mesmo, transcendência e completude. Dessa forma é impossível não elogiar o trabalho de condensação de Kazan na construção do roteiro, visto que, apesar de utilizar uma fórmula simples e trabalhá-lo de forma bastante objetiva, a riqueza de significados contida neste é digna de gênio, daí minha lembrança aos filmes de Gondry e Forster, citados mais acima.
Apesar de ser uma obra que galga destaque devido à força de seu roteiro e ao carisma e talento de Paul Dano e Zoe Kazan, é inegável que a técnica do filme também se destaca, especialmente a fotografia composta por Matthew Libatique (Número 23), a trilha sonora de Nick Urata, que alterna discrição e força durante os momentos de maior emoção do filme, além da direção da dupla responsável pelo também gostoso de se ver Pequena Miss Sunshine.
É certo que Ruby Sparks pode ser considerada uma pequena obra-prima, daquelas que possivelmente despertarão reações distintas em cada uma das pessoas que a conferirem, pois além de se tratar de uma obra bastante apoiada na fantasia e no deslumbramento, investe bastante no poder simbólico e nos signos para narrar a história de um jovem afundado em mágoas que só desejava uma única coisa: encontrar uma pessoa para amar e ser amado. Dito assim parece óbvio, mas em Ruby Sparks nada é como deveria ser, portanto se prepare para abstrair bastante e, certamente, se emocionar um bocado. Com isso não digo que este filme provocará lágrimas constantes, longe disso, mas certamente provocará sérias (ou felizes) reflexões acerca da necessidade e das motivações que envolvem um relacionamento amoroso.
Obs.: As participações de Antonio Banderas (A Pele Que Habito) e Annette Benning (Pacto de Justiça) são enriquecedoras, especialmente a do primeiro, pela "diversão" proporcionada pelo personagem do mesmo.
AVALIAÇÃO
TRAILER
Mais Informações:
Bilheteria:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!