25 abril, 2014

Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, EUA, 2014).


Capitão América 2: O Soldado Invernal pode ser considerado como uma ótima grande surpresa. Sequência do simpático filme de 2011, este filme-miolo entre o primeiro Os Vingadores e sua sequência (a ser lançada em 2015) dá um novo gás ao personagem título, tanto em estilo quanto conceitualmente, visto que aposta em uma trama não apenas contemporânea pelo fato de ser ambientada nos dias de hoje, mas principalmente por tratar, mesmo que de forma superficial, de assuntos muito em voga no momento, como a espionagem norte-americana frente a outras nações (Edward Snowden?) e, como não, de terrorismo. O bacana é que o tom do filme - levemente referente ao cinema de espionagem da década de 1970 - serve à trama e, quando conjugado ao bom desempenho do elenco principal e as interessantes sequências de ação acabam por tornar este um dos melhores títulos da Marvel Studios.

Dirigido pelos "novatos" Anthony e Joe Russo (Dois é Bom, Três é Demais) e contando com o retorno de nomes como Chris Evans (Sunshine - Alerta Solar), Scarlett Johanson (Compramos um Zoológico) e Samuel L. Jackson (RoboCop) ao elenco, além de marcar as (ótimas) estreias de Anthony Mackie (Sem Dor, Sem Ganho) e de Robert Redford (Até o Fim) em filmes de super-heróis, Capitão América 2: O Soldado Invernal é, de certa forma, um divisor de águas na filmografia Marvel, pois apesar de toda estrutura montada pelo estúdio com o intuito de construir certa unidade as suas produções, tem-se aqui um filme que, em essência e abordagem, tenta fugir do esquema, sair da redoma, sem necessariamente precisar romper com o trabalho realizado pelos demais filmes Marvel até então, mas imprimindo uma característica distinta, menos aproximada do humor e mais a vontade como um filme de ação. Há um quê de espionagem no filme, mas é inegável que seu foco reside na ação e, como uma obra de ação, esta funciona quase que de forma impecável.

Apesar de não ter ressalvas quanto ao personagem, não deixa de ser surpreendente o fato de que um dos melhores trabalhos cinematográficos apresentados pela Marvel se deu através de um de seus personagens mais "quadrados" e cuja empatia não é, nem de longe, unânime (quantos não se sentem repelidos já pelo nome e/ou uniforme do personagem?). E tanto os promissores irmãos Russo quanto os competentes roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely (Thor: O Mundo Sombrio) conseguiram apresentar aqui, de forma objetiva mas coerente, um filme de super-herói que desperta interesse do início ao fim, seja pelas ótimas sequências de ação e pelos diálogos corretos, seja pela ótima química do elenco ou até mesmo pelas referências dispostas tanto ao filme anterior, quanto aos demais lançamentos Marvel. Não me encaixo no grupo dos detratores de Homem de Ferro 3, mas não há dúvida alguma em apontar este Capitão América 2 como o melhor trabalho da Marvel Studios ao lado do primeiro Homem de Ferro (sim, apesar de bacana, Os Vingadores fica em segundo plano).

A soma de história bem contada e interessante, personagens carismáticos, sequências de ação inspiradas - o estilo luta Jason Bourne continua vivo - e a sugestão de temas um tanto profundos para debate - além da espionagem, há um trabalho de humanização do personagem Steve Rogers (Evans) muito bacana, mesmo que de forma rápida - fazem deste o filme mais completo do estúdio, que possui todas as ferramentas para agradar tanto aos fãs das histórias em quadrinhos quanto aos entusiastas de cinema. Há toda uma concentração no desenvolvimento climático do filme, que é conduzido num crescendo, entrecortando cenas de grande impacto com outras mais leves, mas sem apelar para o alívio cômico periódico (como os filmes de Thor) ou para a superexposição do personagem principal (é óbvio que o Capitão América é o protagonista do filme, mas ainda assim há espaço para o desenvolvimento e a participação ativa de quase todos os personagens coadjuvantes que o circundam).

Tecnicamente, Capitão América 2: O Soldado Invernal também surpreende. O trabalho fotográfico de Trench Opaloch (Distrito 9, Elysium) privilegia a câmera de mão e os enquadramentos mais próximos a linguagem dos documentários, optando por captar os eventos de forma quase voyeurística, o que, ao lado do trabalho dos coreógrafos do filme, ajuda a dar a dita cara "Bourne" ao filme. Os efeitos visuais mostram-se orgânicos, enquanto o design de produção de Peter Wenham (O Ultimato Bourne) consegue moldar a estética Marvel a um estilo mais "cinza", menos colorido que os demais filmes da empresa. Por fim, ressalto o trabalho de Henry Jackman (Capitão Phillips) como arranjador e compositor da trilha sonora incidental do filme, que cria temas bacanas que acompanham a trama do filme, além de aproveitar com sobriedade as ideias (e temas) de Alan Silvestri (Contato) no filme anterior.

Apresentando um protagonista interessante (mérito da composição de Chris Evans, mostrando-se mais do que à vontade no papel) e uma trama empolgante, Capitão América 2: O Soldado Invernal já pode ser apontado como um dos grandes destaques da safra verão 2014, pois mostra-se competente como espetáculo sem precisar inferiorizar o espectador. Não que o filme prime pela inteligência ou exija muito, mas é perceptível um cuidado especial dos envolvidos em não produzir algo apenas descartável, pois há sim alguns bons pontos de discussão apontados na obra, mesmo que a diversão seja seu objetivo principal. O longa dos irmãos Russo não é perfeito - vez ou outra a pirotecnia surge exagerada -, mas a competência apresentada é suficiente para agradar até mesmo o mais exigente dos consumidores de cinema (pipoca).

½

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