05 abril, 2014

Detona Ralph (Wreck-it Ralph, EUA, 2012).


Lançado antes do furacão de crítica e público (por fim oscarizado) Frozen - Uma Aventura Congelante, Detona Ralph é uma animação para lá de divertida, tecnicamente deslumbrante e conduzida de forma coerente por Rich Moore (Os Simpsons, Futurama), que juntamente a dupla de roteiristas formada por Phil Johnston (Um Negócio Nada Seguro) e Jennifer Lee (Frozen) apostam numa trama ao mesmo tempo reverente ao universo dos games e surpreendente narrativamente, com direito a plot twist e final épico. Feito tanto para os inteirados no mundo dos jogos eletrônicos (novos e antigos) quanto aos espectadores ocasionais (me incluo nesta categoria), Detona Ralph pode ser tido como o alicerce desta "nova" Disney Animation, que já havia se mostrado de forma comedida em animações como A Princesa e o Sapo (2009) e Enrolados (2010) e obteve consagração inequívoca com Frozen.

O ritmo ágil e a apresentação de personagens carismáticos, além da presença de celebridades "gamerísticas" são alguns dos elementos que se destacam desde o início do filme, fazendo com que a atenção do espectador seja capturada de forma imediata. A relação entre as personagens Ralph e Felix lembra um pouco a dinâmica apresentada pelos protagonistas da animação Megamente, da rival DreamWorks Animation, só que de forma menos antagônica e um tantinho mais profunda. O trabalho de voz de John C. Reilly (Precisamos Falar Sobre o Kevin) e Jack McBrayer (Ressaca de Amor), que interpretam Ralph e Felix, respectivamente, é muito bacana, acrescentando as nuances necessárias ao desenvolvimento de seus personagens através da composição de voz e do tom/timbre aplicado. Completam o bom elenco de voz Sarah Silverman (Os Muppets), Alan Tudyk (42 - A História de uma Lenda) e Jane Lynch (Paul - O Alien Fugitivo) - que repete as características de quase todos os seus personagens, mas a graça está justamente aí.

O escopo visual da animação é brilhante, seja pela resolução cristalina de seus ambientes, seja pela caracterização dos universos fora e dentro das máquinas de fliperama. A movimentação distinta das personagens, cuja relação encontra-se na "geração" (tecnologia) de jogos aos quais pertencem, é genial, o que dá um caráter todo especial a Detona Ralph. A equipe de arte liderada por Ian Gooding (O Galinho Chicken Little) também merece aplausos, pois consegue criar vários mundos (jogos) minimamente interessantes dentro do cenário principal do filme, à exceção do reino doce, cuja concepção é toscamente atrativa (vai entender!). Por fim, destaco o trabalho musical de Henry Jackman (Capitão Phillips), que estabelece as características de cada um destes mundos de forma apropriada e reconhecível.

Talvez mais interessante aos olhos da garotada (especialmente dos meninos) do que ao público adulto, Detona Ralph é interessante tanto como aventura quanto como estudo de personagem/caráter, especialmente quando começa a resolver as arestas apresentadas em seu início, onde temas como vingança, egoísmo e mau-caratismo são finalmente expostos de forma clara, coroando assim a profundidade de discussão pretendida pelo filme desde seus primeiros frames. Autorreferente - além do mundo dos games, o filme trata do avanço tecnológico nas últimas décadas e, por que não, da própria indústria das animações -, Detona Ralph acabou ganhando a alcunha de "Toy Story dos games", marca esta com a qual não concorda, já que tanto os temas como o próprio universo e condução das obras são quase que completamente diferentes. Você acha similar ou não, o certo é que tanto a trilogia do brinquedos que ganham vida quanto esta epopeia pelos arcades vintage são ótimas obras, que nos mostram bem mais do que uma primeira impressão poderia sugerir.

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TRAILER

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