22 junho, 2013

João e Maria: Caçadores de Bruxas (Hansel and Gretel: Witch Hunters, EUA/ALE, 2013).

"A vingança é doce como uma bala" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
É mais que sabido que nos últimos anos o cinema passou por um revival de histórias de fantasia, especialmente reciclando aquelas dos contos de fada, como os dois irmãos Grimm. Neste ínterim, tivemos títulos como Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, Branca de Neve e o Caçador, de Rupert Sanders e o recente Oz: Mágico e Poderoso, de Sam Raimi. Apesar de seguir esta onda, João e Maria: Caçadores de Bruxas se aproxima mais de filmes como Van Helsing (2004) e Os Irmãos Grimm (2005), além de guardar um estilo visual que se aproxima bastante da série de filmes Anjos da Noite. No entanto, esta estreia do roteirista e diretor norueguês Tommy Wirkola não segue apenas o aspecto visual destas produções, mas também suas fraquezas, apresentando aqui um filme tão insípido quanto desinteressante, que passeia por gêneros como comédia e ação, sem lançar uma piada ou gag inspirada e com coreografias pouco inspiradas e cortes tão frenéticos que pouco vê-se em cena. É certo que o trailer já adiantava um filme pouco inventivo, mas ao conferir a obra por completo - em versão estendida, pasmem! - pude comprovar que a primeira impressão mais do que se concretizou, piorou.

Antes de destacar alguns pontos não tão favoráveis à obra, registro aqui que esta não é um filme horrível ou a pior nova roupagem de um conto de fadas para o cinema, mas é notório que o mesmo não funciona, principalmente por não saber a quem deseja agradar. Do início ao fim a impressão que João e Maria: Caçadores de Bruxas passa é que não é um filme para adultos, pois sua construção e desenvolvimento se dá de maneira muito boba, muitas vezes óbvias, mas ao mesmo tempo não se encaixa como um filme para a criançada, pois apela na violência gráfica, nos palavrões e até mesmo na nudez gratuita (mesmo que esta se restrinja a uma única cena). Somado a inconsistência narrativa, somos bombardeados por um roteiro pouco inspirado, que insere diversos "gadgets modernosos" e improváveis com muletas conceituais, mas que em momento algum funcionam, pois a condução do filme não ajuda a mente do espectador a acreditar na possibilidade da existência dos armamentos e da magia apresentada em tela. A bem verdade, algumas dessas invencionices soam interessantes quando conceito, mas quando em prática não convencem, a exemplo da pseudo-insulina utilizada por João.

Apesar do subtítulo do filme destacar a caçada as bruxas, estas nunca chegam a causar impacto, pois tudo no filme é tratado de forma simplista, boba, desinspirada, automática. Temos então bruxas esportistas que sofrem do mal da ameaça autodestrutiva, que deixam-se caçar, comportam-se como seres acéfalos quando convém ao roteiro e como verdadeiras mestras em artes-marciais, quando também convém ao mesmo. Sobra muito estilo e pouca substância ao filme de Wirkola, e este estilo acaba não sendo inovador, mas trata-se de uma espécie de reciclagem de elementos já vistos em filmes recentes (já listei alguns), além do péssimo hábito do momento: inspiração quase que total na linguagem visual dos games de ação.

Portador de um elenco razoável - o filme é encabeçado por dois astros em ascensão, Jeremy Renner (O Legado Bourne) e Gemma Arterton (007 - Quantum of Solace) - e contando com um desenho de produção e cenografia bem acabados, além de mesclar com certo equilíbrio os efeitos especiais aos efeitos visuais digitais, João e Maria: Caçadores de Bruxas é uma obra de entretenimento insegura, fraca conceitualmente e pouco inventiva, cujos (poucos) atrativos não valem uma recomendação. São tantos filmes a serem vistos e, ao meu ver, este não se encontra nos mais urgentes a serem conferidos. Certamente não é um filme abominável, mas pode ter certeza que encontra-se no topo dos esquecíveis.

AVALIAÇÃO
TRAILER

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