27 agosto, 2013

Invasão a Casa Branca (Olympus Has Fallen, EUA, 2013).

"Quando nossa bandeira cair, nossa nação se levantar-se-á" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
O maniqueísmo exacerbado dá o ar da graça mais uma vez através do filme Invasão a Casa Branca (no original, Olympus Has Fallen, título que faz alusão à queda da Casa Branca). Certamente isto não é de todo ruim, pois esta abordagem casa bem com a premissa e o objetivo primeiro da obra. Infelizmente, esta opção também acaba por limitá-la, pois se por um lado esta é uma peça de entretenimento de massa instigante e cumpridora do beabá disposto no "manual do bom filme de ação", por outra acaba não saindo da zona de conforto e do lugar comum entre tantas obras outras que já abraçaram a temática tripartida terrorismo / invasão ao território norte-americano / "sequestro" do Presidente dos EUA. 

No âmbito geral o filme não faz feio, já que constrói seu arremedo de história focando principalmente na construção do relacionamento entre os personagens de Gerard Butler (Redenção) e Aaron Eckhart (Batman, o Cavaleiro das Trevas), a orquestração do clima de tensão provocada pela tomada da Casa Branca e, como não poderia deixar de ser, as grandiloquentes sequências de ação, que retomam o conceito oitentista do exército de um home só (prática já trabalhada anteriormente pelo diretor do filme, Antoine Fuqua, em O Atirador).

Esta pegada anos 1980 de  Invasão a Casa Branca remete de imediato a filmes como Duro de Matar (muitos, inclusive, o apelidaram de "Duro de Matar na Casa Branca"), mas enquanto as obras características daquela década estavam atrelados as concepções sócio-culturais vigentes daquele período, o filme de Fuqua apenas traz de volta aquele estilo narrativo, sem qualquer tipo de adaptação à nossa realidade - ora bolas, creio que, assim como o cinema, evoluímos nossas percepções, não é mesmo? Sendo assim, nada mais justo do que um pouco mais de verossimilhança aos nossos dias -, o que sob a redoma de um olhar mais crítico acaba tornando esta "homenagem" muito pouco para o potencial da obra como um todo.

O elenco do filme traz um punhado de grandes nomes (mesmo que a maioria não esteja mais em evidência hoje em dia), como Ashley Judd (Tempo de Matar), Robert Forster (Jackie Brown), Radha Mitchell (Melinda e Melinda), Melissa Leo (Oblivion), Angela Basset (A Cartada Final) e Cole Hauser (Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer), além do "novato" Rick Yune (Ninja Assassino), que se sai muito bem como o vilão-terrorista do filme. Os demais citados também surgem bem, mas suas participações são tão reduzidas que pouco podem fazer para dar mais profundidade ou despertar mais interesse a seus respectivos personagens. Quanto ao trio principal, formado por Butler, Eckhart e Freeman, pode-se dizer que o primeiro se sai bem como astro de ação - a bem verdade tais papeis se encaixam melhor ao ator que suas tentativas dramáticas ou românticas -, enquanto o segundo empresta uma aura de dignidade e perseverança que quase sempre é relacionado ao líder de Estado do país mais poderoso do mundo, além do seu físico representar de forma mais do que simbólica o perfil do líder nato norte-americano. Já o último entrega mais uma interpretação sem grande brilho - Freeman vem de uma série de pequenos papeis nos últimos dois ou três anos -, mas mesmo assim consegue roubar algumas cenas, como por exemplo àquela em que põe o Genera interpretado por Robert Forster em seu devido lugar. Curiosamente Freeman acaba por interpretar uma vez mais um presidente dos Estados Unidos.

O roteiro dos estreantes Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt, apesar de previsível e pouco profundo (o tom político empregado ao filme é raso demais), é bem estruturado, construindo seus três atos com propriedade, funcionando bem como um longa de ação, enquanto Antoine Fuqua prova que é um competente diretor de filmes de ação, conduzindo com destreza visual tanto as sequências de ação mais elaboradas, quanto aquelas onde o clima de suspense sobressai. A bem verdade, quanto ao âmbito técnico-visual do filme, o único elemento que deixa a desejar é a computação gráfica empregada nestas sequências de ação, que variam muito em termos de qualidade, muitas vezes sobressaindo a má. Outro elemento que incomoda bastante é a trilha sonora composta por Trevor Moris (Imortais), pois esta surge "alta" demais em quase todo a projeção do filme, além de exagerar na caracterização patriótica - inclusive em momentos mais intimistas, que pediria uma abordagem mais leve -, com muitas marchas em tons altamente pomposos.

Invasão a Casa Branca é uma obra de entretenimento rasa cuja suposta discussão acerca da periculosidade do terrorismo organizado internacional em solo norte-americano não é bem sustentada pelo seu roteiro e cujo protagonista (Butler), uma espécie de John McLaine melhor treinado, parece ter tido como motivação primeira não o restabelecimento do status quo americano ou salvaguardar a vida do Presidente dos EUA, mas sim obter de volta seu antigo cargo e posição privilegiada como membro da guarda oficial daquele (tal impressão é passada pelo desfecho do filme, quando Fuqua faz questão de destacar o personagem com um sorriso de satisfação pela retomada do posto). Por outro lado, deixado um pouco de lado tais incongruências conceituais, Invasão a Casa Branca é bem filmado, possui um punhado de cenas de ação instigantes e consegue divertir em suas quase duas horas de duração, funcionando como um (bom) genérico de Duro de Matar - ainda não vi o quinto capítulo da franquia, mas muitos comentam que é mais fraca que este filme comentado -, sua trama fazendo sentido ou não.

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