"Um advogado e sua assistente lutando para salvar um pai de um julgamento de homicídio. Um momento de questionamento sobre o que eles acreditam. Um momento de dúvida quanto ao que eles confiam. Sem tempo algum para cometer erros" (Livre tradução do texto disposto no poster promocional do filme).
Talvez a melhor adaptação cinematográfica de obras do best-seller John Grisham (A Firma, O Cliente), Tempo de Matar une com propriedade uma história envolvente e política, um elenco afiado, bom senso de ritmo e uma direção inspirada, a cargo do desafeto de muitos - mesmo sendo dono de uma filmografia exemplar, pelo menos até meados dos anos 2000 -, Joel Schumacher (Número 23). Tocando fundo a ferida da segregação social no sul dos Estados Unidos - no caso do filme, o quase sempre malfadado estado do Mississípi - através da metáfora do julgamento (jurisdicional, social, moral, político), a adaptação do roteirista Akiva Goldsman (Uma Mente Brilhante) é eficiente, pecando apenas na caracterização de alguns personagens (a exemplo daquele interpretado por Oliver Platt), exagerando na estereotipização.
É interessante que o filme ainda mantém o vício hollywoodiano de "hierarquização de celebridades" na disposição dos créditos iniciais, pois, apesar deste ser protagonizado pelo até então desconhecido Matthew McConaughey (Killer Joe - Matador de Aluguel), seu nome é precedido pelo de dois outros astros bastante em voga à época, mas cujos papeis, apesar de importantes, não podem ser considerados como de protagonistas. São estes os de Sandra Bullock (Crash - No Limite) e de Samuel L. Jackson (Django Livre). Obviamente tal escolha não influencia na qualidade do filme, mas não deixa de ser um aspecto incômodo, no sentido de como é distinto o pensamento artístico do marketing hollywoodiano.
Contando com pequenas (e ótimas participações) de nomes como Donald Sutherland (Jogos Vorazes), Ashley Judd (Possuídos), Patrick McGoohan (Coração Valente), Brena Fricker (Meu Pé Esquerdo) e Kiefer Sutherland (Cidade das Sombras) - ratificando o destaque que as atuações tem neste filme - ao lado dos desempenhos inspirados (e inspiradores, por que não) de McConaughey e L. Jackson (este, inclusive, recebedor de uma indicação ao Globo de Ouro pelo papel), Tempo de Matar sobressai as convenções do gênero, especialmente quando toca a ferida - cujo escopo é mais do que conhecido - do preconceito racial e dos limites éticos e morais que envolvem uma justiça praticada por brancos em território de ampla população negra. Para não dizer que o filme, no que se refere a escalação de elenco, é impecável, afirmo que não gostei da performance de Kevin Spacey (Se7en, os Sete Crimes Capitais) como o promotor de justiça e, consequentemente, vilão assumido da obra. Apesar de reconhecer o talento do ator (e gostar do mesmo), sua composição excessivamente clichê - agente da justiça irônico, impotente e dotado de excesso de confiança - destoa um pouco do restante do filme, além de ajudar a prever a grande derrota (judicial e, principalmente, moral) do mesmo no desfecho.
Há quem considere o encerramento do filme excessivamente "bonzinho", opinião com a qual não concordo, pois a sensação de recompensa dada pelo mesmo serve apenas como paradoxo a todo o debate ético e étnico desenvolvido até então. Todavia, concordando ou não com este desfecho, creio ser impossível não ser tocado pelo discurso poderoso entoado pelo personagem de Matthew McConaughey, que coroa não apenas o grande trabalho do ator, como também sintetiza todo o contexto abraçado pelo filme.
Dirigido com pulso forte e de forma contundente por Schumacher, Tempo de Matar é daqueles filmes cujo argumento esperto - inclusive uma das forças motriz deste reside no poder da argumentação - e o peso de suas atuações - Spacey a parte - o transformam em um produto acima da média, já que dramas jurídicos temos aos montes, só que estes raramente conseguem tocar sem que se tornem menos inteligentes ou acabem por deixar a coerência de lado e o longa de Schumacher, felizmente, não se encontra nesse grupo, pois encontra-se numa prestigiada posição de equilíbrio, sendo acima de tudo um grande filme, independentemente de ser caracterizado de jurídico ou não jurídico.
Contando com pequenas (e ótimas participações) de nomes como Donald Sutherland (Jogos Vorazes), Ashley Judd (Possuídos), Patrick McGoohan (Coração Valente), Brena Fricker (Meu Pé Esquerdo) e Kiefer Sutherland (Cidade das Sombras) - ratificando o destaque que as atuações tem neste filme - ao lado dos desempenhos inspirados (e inspiradores, por que não) de McConaughey e L. Jackson (este, inclusive, recebedor de uma indicação ao Globo de Ouro pelo papel), Tempo de Matar sobressai as convenções do gênero, especialmente quando toca a ferida - cujo escopo é mais do que conhecido - do preconceito racial e dos limites éticos e morais que envolvem uma justiça praticada por brancos em território de ampla população negra. Para não dizer que o filme, no que se refere a escalação de elenco, é impecável, afirmo que não gostei da performance de Kevin Spacey (Se7en, os Sete Crimes Capitais) como o promotor de justiça e, consequentemente, vilão assumido da obra. Apesar de reconhecer o talento do ator (e gostar do mesmo), sua composição excessivamente clichê - agente da justiça irônico, impotente e dotado de excesso de confiança - destoa um pouco do restante do filme, além de ajudar a prever a grande derrota (judicial e, principalmente, moral) do mesmo no desfecho.
Há quem considere o encerramento do filme excessivamente "bonzinho", opinião com a qual não concordo, pois a sensação de recompensa dada pelo mesmo serve apenas como paradoxo a todo o debate ético e étnico desenvolvido até então. Todavia, concordando ou não com este desfecho, creio ser impossível não ser tocado pelo discurso poderoso entoado pelo personagem de Matthew McConaughey, que coroa não apenas o grande trabalho do ator, como também sintetiza todo o contexto abraçado pelo filme.
Dirigido com pulso forte e de forma contundente por Schumacher, Tempo de Matar é daqueles filmes cujo argumento esperto - inclusive uma das forças motriz deste reside no poder da argumentação - e o peso de suas atuações - Spacey a parte - o transformam em um produto acima da média, já que dramas jurídicos temos aos montes, só que estes raramente conseguem tocar sem que se tornem menos inteligentes ou acabem por deixar a coerência de lado e o longa de Schumacher, felizmente, não se encontra nesse grupo, pois encontra-se numa prestigiada posição de equilíbrio, sendo acima de tudo um grande filme, independentemente de ser caracterizado de jurídico ou não jurídico.
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