"A vingança nunca envelhece" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme.
A onda de filme cuja essência e envólucro tenha por base a cinematografia de ação dos anos 1980 continua, especialmente após o sucesso dos filmes Os Mercenários. Alvo Duplo, estrelado pelo maior responsável por este resgate, Sylvester Stallone (Rocky Balboa), pode ser categorizado como um filme de premissa interessante - mesmo que óbvia e recheada de furos -, mas cuja execução e tratamento a deixaram desinteressantíssima. Contando com a direção do veterano Walter Hill (A Encruzilhada), este filme de vingança mostra-se fraco não apenas pelo roteiro frágil (apesar deste ser uma "homenagem" ao cinema oitentista, não há cabimento em deixar um roteiro tão furado em pleno século XXI), mas também pela falta de empatia despertada pelos personagens (incluindo o de Stallone), pela direção preguiçosa de Hill (parece que este encontra-se cansado, além de sua tentativa de "modernizar" seu estilo de direção não funcionar) e pela falta de conexão entre a ação mostrada e a catarse a ser provocada. Existem bons filmes vazios por aí (especialmente os originais da década de 1980). Alvo Duplo não encontra-se entre estes.
Adaptação de uma graphic novel assinada pelo francês Alexis Nolent, a trama do filme nunca engrena, tanto pela indecisão climática entre o humor negro e a violência gratuita, quanto pelo excesso de frases de efeito e domínio em tela de interpretações exageradamente caricatas. É claro que não se deve exigir demais de um filme cujo objeto é ser puro escapismo, mas há de se ter um limite para tudo e, no caso da obra escrita por Alessandro Camon (co-roteirista de O Mensageiro), falta equilíbrio e sobra exageros. Há algo errado na interação texto/interpretação, dando a impressão de que todos - especialmente elenco, roteirista e diretor - encontravam-se perdidos quanto ao objetivo do longa, a sua finalidade.
É claro que nem tudo é dispensável no filme. Apesar de - no caso deste filme - demorar a convencer, é sempre bacana acompanhar Sylvester Stallone no cinema. Seu personagem semi-herói/semi-bandido, apesar do péssimo texto, vez ou outra consegue envolver (mérito do ator). Stallone mostra que está em dia com a forma física, mas é inegável que sua movimentação (especialmente a forma de andar) é estranha, dando a impressão de que esta casca de saúde na verdade esconde um velhinho de mais de 60 anos que realmente sente o peso desta idade.
Quem surpreende no filme é o ator Jason Momoa, estrela do mais recente filme do Conan, o Bárbaro e aplaudido como o personagem Khal Drogo, na série Game of Thrones, pois apesar do arremedo de personagem que lhe é entregue, consegue compor o típico antagonista de filme B, seguro de si, arrogante e autoconfiante (além de, claro, não possuir um objetivo definido, inclusive revelando não estar em busca de dinheiro). São poucas as falas dadas ao ator havaiano, mas este encontra-se bem no papel, utilizando bastante do seu potencial físico (os embates entre este e Stallone marcam os melhores momentos do filme).
Em contrapartida, a atuação do parceiro de Stallone na empreitada, Sung Kang (Velozes e Furiosos 5), é fraquíssima. É certo que seu personagem é mal construído, tendo uma influência quase nula no que se refere ao desenvolvimento da trama, mas a apatia do ator acabam por destruir ainda mais a necessidade da existência do mesmo (ou seja, o que Stallone tem de carisma, Kang tem de antipatia). Completam o elenco o ex-astro Christian Slater (O Nome da Rosa), em um papel minúsculo e risível e Adewale Akinnouye-Agbaje (série Lost), caricato ao extremo, mas aparentemente se divertindo a beça.
Dando a impressão de ter sido realizado às pressas, Alvo Duplo tinha tudo para ser uma peça de ação corriqueira, mas cujo charme de "nostalgia" o alçasse um tanto mais longe, concretizando-se como um filme bacaninha. Todavia, os desenganos em sua construção e a aparente falta de direcionamento entre os envolvidos à produção acabaram por sabotá-lo, tornando o produto final pouco atraente, mesmo que pelo menos duas de suas sequências de ação - a cena de luta de Stallone em uma sauna e o confronto final entre este e o personagem de Momoa - elevem um pouco a condição do filme, mas que não muda sua condição de filme problemático.
Alvo Duplo, assim como O Último Desafio estrelado por Arnold Schwarzenegger, marca o primeiro filme "solo" de Stallone pós Os Mercenários - aquele marcou o de Schwarzenegger - e foi um baita fracasso de bilheteria. Dentre ambos, fico com o filme do austríaco radicado nos Estados Unidos, tanto pelo "frescor" da trama, como também pela pegada "descontraída", sem se levar (propositalmente) tão a sério. Quanto ao eterno Rocky Balboa e John Rambo, creio que já passou da hora deste mesclar projetos recheados de testosterona (e equivocados) como o visto neste Alvo Duplo com filmes dotados de um pouco mais de substância, pois senão correrá o risco de entrar no ostracismo cinematográfico outra vez.
Adaptação de uma graphic novel assinada pelo francês Alexis Nolent, a trama do filme nunca engrena, tanto pela indecisão climática entre o humor negro e a violência gratuita, quanto pelo excesso de frases de efeito e domínio em tela de interpretações exageradamente caricatas. É claro que não se deve exigir demais de um filme cujo objeto é ser puro escapismo, mas há de se ter um limite para tudo e, no caso da obra escrita por Alessandro Camon (co-roteirista de O Mensageiro), falta equilíbrio e sobra exageros. Há algo errado na interação texto/interpretação, dando a impressão de que todos - especialmente elenco, roteirista e diretor - encontravam-se perdidos quanto ao objetivo do longa, a sua finalidade.
É claro que nem tudo é dispensável no filme. Apesar de - no caso deste filme - demorar a convencer, é sempre bacana acompanhar Sylvester Stallone no cinema. Seu personagem semi-herói/semi-bandido, apesar do péssimo texto, vez ou outra consegue envolver (mérito do ator). Stallone mostra que está em dia com a forma física, mas é inegável que sua movimentação (especialmente a forma de andar) é estranha, dando a impressão de que esta casca de saúde na verdade esconde um velhinho de mais de 60 anos que realmente sente o peso desta idade.
Quem surpreende no filme é o ator Jason Momoa, estrela do mais recente filme do Conan, o Bárbaro e aplaudido como o personagem Khal Drogo, na série Game of Thrones, pois apesar do arremedo de personagem que lhe é entregue, consegue compor o típico antagonista de filme B, seguro de si, arrogante e autoconfiante (além de, claro, não possuir um objetivo definido, inclusive revelando não estar em busca de dinheiro). São poucas as falas dadas ao ator havaiano, mas este encontra-se bem no papel, utilizando bastante do seu potencial físico (os embates entre este e Stallone marcam os melhores momentos do filme).
Em contrapartida, a atuação do parceiro de Stallone na empreitada, Sung Kang (Velozes e Furiosos 5), é fraquíssima. É certo que seu personagem é mal construído, tendo uma influência quase nula no que se refere ao desenvolvimento da trama, mas a apatia do ator acabam por destruir ainda mais a necessidade da existência do mesmo (ou seja, o que Stallone tem de carisma, Kang tem de antipatia). Completam o elenco o ex-astro Christian Slater (O Nome da Rosa), em um papel minúsculo e risível e Adewale Akinnouye-Agbaje (série Lost), caricato ao extremo, mas aparentemente se divertindo a beça.
Dando a impressão de ter sido realizado às pressas, Alvo Duplo tinha tudo para ser uma peça de ação corriqueira, mas cujo charme de "nostalgia" o alçasse um tanto mais longe, concretizando-se como um filme bacaninha. Todavia, os desenganos em sua construção e a aparente falta de direcionamento entre os envolvidos à produção acabaram por sabotá-lo, tornando o produto final pouco atraente, mesmo que pelo menos duas de suas sequências de ação - a cena de luta de Stallone em uma sauna e o confronto final entre este e o personagem de Momoa - elevem um pouco a condição do filme, mas que não muda sua condição de filme problemático.
Alvo Duplo, assim como O Último Desafio estrelado por Arnold Schwarzenegger, marca o primeiro filme "solo" de Stallone pós Os Mercenários - aquele marcou o de Schwarzenegger - e foi um baita fracasso de bilheteria. Dentre ambos, fico com o filme do austríaco radicado nos Estados Unidos, tanto pelo "frescor" da trama, como também pela pegada "descontraída", sem se levar (propositalmente) tão a sério. Quanto ao eterno Rocky Balboa e John Rambo, creio que já passou da hora deste mesclar projetos recheados de testosterona (e equivocados) como o visto neste Alvo Duplo com filmes dotados de um pouco mais de substância, pois senão correrá o risco de entrar no ostracismo cinematográfico outra vez.
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