Adaptação cinematográfica da mítica canção da banda Legião Urbana, Faroeste Caboclo é uma peça de entretenimento bacana, calcada no clima 'western' - como o próprio título adianta - e nas interpretações fortes da sua dupla de protagonistas, Fabrício Boliveira (400 Contra 1 - A História do Comando Vermelho) e Isis Valverde, além de possuir uma direção segura e inspirada do estreante (em longas-metragem) René Sampaio. Longe de ser um primor narrativo, o filme carrega bons momentos, especialmente quando constrói o caráter de João de Santo Cristo (Boliveira) e sua relação com o mundo que o cerca. Há algumas incoerências no que se refere a verossimilhança do texto de Victor Atherino e Marcos Bernstein (Somos Tão Jovens), mas estas não chegam a ferir o objeto central da história: a história de amor e vingança de João de Santo Cristo.
O prólogo do filme, que nos apresenta de forma compacta, porém suficiente, a formação do personagem João é muito bacana, pois estabelece toda a série de reações tomada pelo personagem a partir do desenvolvimento da história, ratificando suas escolhas, mesmo aquelas cuja solução dada pelo personagem possam soar, no sentido ético/mora, um tanto duvidosas. É bem verdade que o destrinchamento da personalidade do personagem não é o forte do roteiro de Atherino e Bernstein, o que faz muita falta, pois Boliveira acaba bastante sobrecarregado na tentativa de estabelecer entendimento e empatia perante o público espectador. No fim das contas, apesar de refém do texto, o ator consegue sobressair a estas pequenas armadilhas, entregando um personagem convincente e que desperta simpatia.
A química entre Boliveira e Isis Valverde pode ser tido como um dos destaques da obra, que possui no romance entre João e Maria Lúcia o principal fio condutor da trama. Com isso, é uma pena que esta personagem seja pouco desenvolvida, em detrimento do protagonista da história, pois as motivações de Maria Lúcia seriam muito mais plausíveis caso o relacionamento entre ela e seu pai (Marcos Paulo, em seu último trabalho para o cinema) tivesse sido melhor aproveitado.
Dois outros nomes merecem destaques distintos. Enquanto o uruguaio Cesar Troncoso (XXY) compõe bem seu personagem - o "primo" de João, Pablo -, inclusive abraçando a caricatura, sem que esta incomode ou destoe do tom do filme, o jovem Felipe Abib (Vai Que Dá Certo) decepciona em sua composição de Jeremias, o grande "vilão" da história, que aqui surge sem background, caracterizado com um bigode à lá vilão de folhetim mexicano e cuja motivação surge forçada e trôpega, tanto por conta da falta de um passado para o personagem, quanto pelas atitudes bobas tomadas pelo mesmo durante o desenvolvimento do filme. Abib se esforça, mas (aqui) não demonstra possuir carisma suficiente para que compremos o personagem, sendo inclusive risível acompanhar seu estratagema de vingança contra João de Santo Cristo e Maria Lúcia.
A fotografia de Gustavo Hadba (Malu de Bicicleta) mostra-se acertada, abraçando a luz do sol e dando ênfase aos planos abertos, numa clara homenagem a cinematografia de faroeste. Também estão de parabéns Valeria Stefani (Heleno), pela bela composição de figurinos e Tiago Marques Teixeira (Ensaio Sobre a Cegueira), pelo bom gosto na condução da direção de arte. Por fim, destaco também o trabalho de montagem de Márcio Hashimoto Soares (Serra Pelada), que, ao lado de René Sampaio, consegue dar um bom ritmo ao filme, mesmo ao alternar alguns flashbacks entre cenas e as músicas de Felipe Seabra (vocalista e guitarrista da banda Plebe Rude), que estreia aqui (e bem) como compositor da trilha sonora incidental.
Um filme visualmente atraente e possuidor de alguns personagens marcantes, Faroeste Caboclo tem na construção de seu roteiro - e na personagem de Jeremias - seus pontos mais frágeis, mas graças a direção segura de René Sampaio, ao primor e dedicação do elenco principal e ao bom trabalho da equipe técnica, a obra sai do lugar comum e se apresenta como uma das mais interessantes do cinema nacional lançada este ano. Construído como uma peça de entretenimento tanto para os amantes da canção composta por Renato Russo quanto para os entusiastas de um bom bang bang, Faroeste Caboclo sagra-se como uma boa surpresa do cinema nacional, já que aparentava ser bem menos, apesar de possuir o potencial de ter sido bem mais.
O prólogo do filme, que nos apresenta de forma compacta, porém suficiente, a formação do personagem João é muito bacana, pois estabelece toda a série de reações tomada pelo personagem a partir do desenvolvimento da história, ratificando suas escolhas, mesmo aquelas cuja solução dada pelo personagem possam soar, no sentido ético/mora, um tanto duvidosas. É bem verdade que o destrinchamento da personalidade do personagem não é o forte do roteiro de Atherino e Bernstein, o que faz muita falta, pois Boliveira acaba bastante sobrecarregado na tentativa de estabelecer entendimento e empatia perante o público espectador. No fim das contas, apesar de refém do texto, o ator consegue sobressair a estas pequenas armadilhas, entregando um personagem convincente e que desperta simpatia.
A química entre Boliveira e Isis Valverde pode ser tido como um dos destaques da obra, que possui no romance entre João e Maria Lúcia o principal fio condutor da trama. Com isso, é uma pena que esta personagem seja pouco desenvolvida, em detrimento do protagonista da história, pois as motivações de Maria Lúcia seriam muito mais plausíveis caso o relacionamento entre ela e seu pai (Marcos Paulo, em seu último trabalho para o cinema) tivesse sido melhor aproveitado.
Dois outros nomes merecem destaques distintos. Enquanto o uruguaio Cesar Troncoso (XXY) compõe bem seu personagem - o "primo" de João, Pablo -, inclusive abraçando a caricatura, sem que esta incomode ou destoe do tom do filme, o jovem Felipe Abib (Vai Que Dá Certo) decepciona em sua composição de Jeremias, o grande "vilão" da história, que aqui surge sem background, caracterizado com um bigode à lá vilão de folhetim mexicano e cuja motivação surge forçada e trôpega, tanto por conta da falta de um passado para o personagem, quanto pelas atitudes bobas tomadas pelo mesmo durante o desenvolvimento do filme. Abib se esforça, mas (aqui) não demonstra possuir carisma suficiente para que compremos o personagem, sendo inclusive risível acompanhar seu estratagema de vingança contra João de Santo Cristo e Maria Lúcia.
A fotografia de Gustavo Hadba (Malu de Bicicleta) mostra-se acertada, abraçando a luz do sol e dando ênfase aos planos abertos, numa clara homenagem a cinematografia de faroeste. Também estão de parabéns Valeria Stefani (Heleno), pela bela composição de figurinos e Tiago Marques Teixeira (Ensaio Sobre a Cegueira), pelo bom gosto na condução da direção de arte. Por fim, destaco também o trabalho de montagem de Márcio Hashimoto Soares (Serra Pelada), que, ao lado de René Sampaio, consegue dar um bom ritmo ao filme, mesmo ao alternar alguns flashbacks entre cenas e as músicas de Felipe Seabra (vocalista e guitarrista da banda Plebe Rude), que estreia aqui (e bem) como compositor da trilha sonora incidental.
Um filme visualmente atraente e possuidor de alguns personagens marcantes, Faroeste Caboclo tem na construção de seu roteiro - e na personagem de Jeremias - seus pontos mais frágeis, mas graças a direção segura de René Sampaio, ao primor e dedicação do elenco principal e ao bom trabalho da equipe técnica, a obra sai do lugar comum e se apresenta como uma das mais interessantes do cinema nacional lançada este ano. Construído como uma peça de entretenimento tanto para os amantes da canção composta por Renato Russo quanto para os entusiastas de um bom bang bang, Faroeste Caboclo sagra-se como uma boa surpresa do cinema nacional, já que aparentava ser bem menos, apesar de possuir o potencial de ter sido bem mais.
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