Terrence Malick (Cinzas do Passado, A Árvore da Vida) é um sujeito que divide opiniões de forma única: ou se ama o seu trabalho, ou se odeia. Particularmente admiro bastante o estilo Malickiano de filmar, especialmente pela qualidade abstrata da maioria de seus filmes e pelo abstrair pulsante que os mesmos pedem. Todavia, após explodir cabeças e, como sempre, dividir opiniões com seu último filme, A Árvore da Vida - que, por sinal, competiu em Cannes e recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme -, o cineasta aposta em fórmula semelhante em sua nova obra, deixando que as (belíssimas) imagens falem por si só, tendo o texto um papel bastante reduzido, sendo praticamente um personagem coadjuvante e sem tanta importância ao projeto como um todo.
O grande porém é que, com ou sem texto, A Árvore da Vida possuía um discurso posto entre a belíssima coleção de imagens que configuravam o filme, já em Amor Pleno (outro péssimo título nacional, já que o original é To the Wonder, algo como Até a Maravilha, Alcançando o Maravilhoso, por aí) as belas imagens não parecem servir a algum propósito reflexivo, pois há tanta coisa "jogada", tanta conexão sem nexo que a experiência audiovisual acaba comprometida, resultando assim num filme esteticamente primoroso, mas de conteúdo bastante questionável.
É legal perceber a disposição do elenco ao participar de um filme comandado por Malick, mas, à exceção de uma ou outra sequência de cunho mais emotivo, não há como se identificar com nenhuma das personagens, mesmo que estas tenham o rosto de astros como Ben Affleck (Argo), Rachel McAdams (Voo Noturno), Javier Bardem (007 - Operação: Skyfall) e Olga Kurylenko (007 - Quantum of Solace). Destes, sem sombra de dúvidas, quem mais se destaca é Bardem, devido ao interesse despertado pela angústia passadas por seu personagem, um padre cuja fé encontra-se abalada. Pena que, no contexto geral, seu arco não tenha uma relação tangível com o restante do filme, sendo este um arco interessante, mas sem importância concreta à obra. Curioso, não?
É comentado que Terrence Malick costuma construir seus filmes na ilha de edição e não ao apresentar o "roteiro" aos produtores e atores. Certamente isto funcionou em outras obra suas, mas em Amor Pleno a coisa não engrena, não comove, não desperta interesse. Até certo ponto este é um filme insípido, opaco, cujo visual comove, mas que não soa completo. Emmanuel Lubezki (Filhos da Esperança) compõe aqui imagens inspiradíssimas, que ajudam sim a montar parte do quebra-cabeças conduzido por Malick, cuja atenção a divindade e abstração místico-religiosa explode em tela, mas nem mesmo a onipresença do olhar do sol perante as personagens e o contato direto com o divino através do toque das mãos a folhagem do campo concretizam a perfeição buscada pelo diretor na construção dessa poesia visual.
Os filmes de Terrence Malick sempre trazem algo distinto, que os separa de outras obras e, como não poderia deixar de ser, este Amor Pleno também pode ser categorizado assim. Contudo, desta vez o caráter ímpar não serve como boa referência, pois há ruídos em demasia não apenas para a compreensão da vontade passada pelo cineasta, mas também para a identificação do espectador para com o mesmo. Certamente é possível admirar algo que não se compreende, mas para isso é necessário sentir um mínimo de empatia pelo incompreensível, sentir-se seguro, abraçado. Infelizmente, isto não ocorre aqui. Malick tem boa intenção, seu filme é visualmente arrebatador, seu elenco parece mergulhar em seus respectivos personagens (à exceção do praticamente mudo Affleck, mas, acredito eu, não por culpa dele), mas o sentimento pessimista evocado pela obra e sua relação com o divino não casa bem, pois soa falso, maniqueísta, forçado. Nem sempre um gênio transpira algo genial. Desta vez não deu, Malick.
O grande porém é que, com ou sem texto, A Árvore da Vida possuía um discurso posto entre a belíssima coleção de imagens que configuravam o filme, já em Amor Pleno (outro péssimo título nacional, já que o original é To the Wonder, algo como Até a Maravilha, Alcançando o Maravilhoso, por aí) as belas imagens não parecem servir a algum propósito reflexivo, pois há tanta coisa "jogada", tanta conexão sem nexo que a experiência audiovisual acaba comprometida, resultando assim num filme esteticamente primoroso, mas de conteúdo bastante questionável.
É legal perceber a disposição do elenco ao participar de um filme comandado por Malick, mas, à exceção de uma ou outra sequência de cunho mais emotivo, não há como se identificar com nenhuma das personagens, mesmo que estas tenham o rosto de astros como Ben Affleck (Argo), Rachel McAdams (Voo Noturno), Javier Bardem (007 - Operação: Skyfall) e Olga Kurylenko (007 - Quantum of Solace). Destes, sem sombra de dúvidas, quem mais se destaca é Bardem, devido ao interesse despertado pela angústia passadas por seu personagem, um padre cuja fé encontra-se abalada. Pena que, no contexto geral, seu arco não tenha uma relação tangível com o restante do filme, sendo este um arco interessante, mas sem importância concreta à obra. Curioso, não?
É comentado que Terrence Malick costuma construir seus filmes na ilha de edição e não ao apresentar o "roteiro" aos produtores e atores. Certamente isto funcionou em outras obra suas, mas em Amor Pleno a coisa não engrena, não comove, não desperta interesse. Até certo ponto este é um filme insípido, opaco, cujo visual comove, mas que não soa completo. Emmanuel Lubezki (Filhos da Esperança) compõe aqui imagens inspiradíssimas, que ajudam sim a montar parte do quebra-cabeças conduzido por Malick, cuja atenção a divindade e abstração místico-religiosa explode em tela, mas nem mesmo a onipresença do olhar do sol perante as personagens e o contato direto com o divino através do toque das mãos a folhagem do campo concretizam a perfeição buscada pelo diretor na construção dessa poesia visual.
Os filmes de Terrence Malick sempre trazem algo distinto, que os separa de outras obras e, como não poderia deixar de ser, este Amor Pleno também pode ser categorizado assim. Contudo, desta vez o caráter ímpar não serve como boa referência, pois há ruídos em demasia não apenas para a compreensão da vontade passada pelo cineasta, mas também para a identificação do espectador para com o mesmo. Certamente é possível admirar algo que não se compreende, mas para isso é necessário sentir um mínimo de empatia pelo incompreensível, sentir-se seguro, abraçado. Infelizmente, isto não ocorre aqui. Malick tem boa intenção, seu filme é visualmente arrebatador, seu elenco parece mergulhar em seus respectivos personagens (à exceção do praticamente mudo Affleck, mas, acredito eu, não por culpa dele), mas o sentimento pessimista evocado pela obra e sua relação com o divino não casa bem, pois soa falso, maniqueísta, forçado. Nem sempre um gênio transpira algo genial. Desta vez não deu, Malick.
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