"Rachel Weisz entrega uma performance singular" (Tim Robey, do The Daily Telegraph).
"Uma adaptação inteligente e cheia de estilo de uma história de amor atemporal" (Rosamund Witcher, da Red Magazine).
"Um belo colapso de filme... Terence Davies no seu melhor" (Alex Dilmes, da Esquire).Pouco visto e pouco comentado, Amor Profundo, adaptação da peça do dramaturgo inglês Terence Rattigan, escrita e dirigida por seu xará Terence Davies (A Essência da Paixão) e estrelada por Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel), Tom Hiddleston (Thor: O Mundo Sombrio) e Simon Russell Beale (Sete Dias com Marilyn), é um filme arrebatador. Sem nunca negar sua origem dos palcos, o filme se mostra como um interessante estudo acerca da inconstância do amor, das infinitas possibilidades de sentir e manifestar este sentimento e da culpa e do remorso recorrente de se viver ou de se abster do mesmo.
As interpretações do trio destacado acima são, de longe, o maior atrativo do longa, especialmente a química entre Weisz e Hiddleston, sendo os rompantes de melancolia e desespero da primeira e os de alegria e fúria do segundo magnetizantes. Russell Beale, apesar de destacar-se menos - até por que o próprio papel surge com menor importância -, apresenta uma interessante interseção de introversão e desespero, mas de maneira contida. A junção de personas tão distintas, disputando um a atenção do outro, rende algumas sequências memoráveis, todas conectadas à discussão pretendida pela obra. Contudo, apesar de essencial, o elenco não é o único elemento de destaque, visto que, mesmo possuindo um campo imagético reduzido - o que o faz lembrar ainda mais uma peça de teatro -, a cenografia e figurinos do filme são bem cuidados, sendo felizes na missão de transportar o espectador ao período pós guerra na Inglaterra, mais especificamente ao ano de 1950.
Há tanto complexidade quanto poesia no filme de Davies, partindo do início quase que inteiramente mudo, conduzido pelas belas imagens captadas por Florian Hoffmeister (minissérie Grandes Esperanças), aos momentos de exploração melodramática, quando acompanhamos a explosão dos conflitos entre os amantes interpretados por Weisz e Hiddleston, elevados pela angústia e incômodo despertados pelos temas de violino compostos pelo saudoso maestro norte-americano Samuel Barber. A comunhão entre texto, interpretações carregadas, música pulsante e enquadramentos fechados, reforçam o clima de agonia e subjetividade do filme, transformando a dor em beleza, a perda em ganho, as trevas em luz.
Talvez o ritmo do filme, aliado ao confinamento dos cenários/locações, acabem por torná-lo um tanto lento, além do estilo teatral possivelmente não agradar parte da plateia espectadora, mas é inegável o tratamento caprichado dado por Davies e equipe na construção desta poesia visual acerca do poder de construção e destruição chamado amor. Há similitude entre os objetos deste filme e os do mais recente do cineasta norte-americano Terrence Malick (uma reunião de Terences, não?), Amor Pleno, mas julgo eu que, em termos de profundidade e comoção, Amor Profundo, assim como o título nacional já adianta, é muito mais completo que o esteticamente interessante trabalho de Malick. Um filme de reminiscência, de refletir o antes, o hoje e o porvir.
AVALIAÇÃO
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