"Você conhecerá o nome dela" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
Esta mais recente versão de Carrie, a Estranha dirigida pela competente Kimberly Peirce (Meninos Não Choram, Stop-Loss - A Lei da Guerra) é um filme bem intencionado, mas que falha tanto em atualizar aquilo apresentado por Brian De Palma na primeira versão cinematográfica da obra literária de Stephen King, como em apresentar uma visão distinta daquela, sagrando-se assim como uma obra em cima do muro, cujas boas escolhas acabam sabotadas por outras de cunho um tanto duvidoso, resultando assim em um filme mediano, dono de algumas cenas impactantes entre outras cuja falta de inspiração chega a ser gritante. É certo que a obra da década de 1970 encontra-se datada em alguns pontos, mas sua premissa continua interessante, além daquela apresentar-se como uma obra rica tecnicamente. Já esta versão atualizada, apesar de algumas boas sacadas visuais capitaneadas por Peirce não consegue sair de cima do muro, acabando por distanciar-se pouquíssimo de outras obras de terror teen genéricas que aportam nos cinemas de tempos em tempos.
Parte da estratégia da MGM para se capitalizar neste novo milênio - desde seu "renascimento" foram diversas as refilmagens de sucessos de seu catálogo de filmes -, Carrie, a Estranha guarda pelo menos um elemento que o aproxima de outro lançamento recente do estúdio, o RoboCop dirigido por José Padilha, que é o fato de contar com um roteirista principiante com a responsabilidade de retraduzir uma história consagrada e cujo séquito de fãs (e fanáticos) é gigantesco. Coube a Joshua Zetumer a missão de recontar a história do policial do futuro, enquanto Roberto Aguirre-Sacasa se responsabilizou por renovar a obra original concebida por Stephen King. Tal opção resulta em duas possibilidades óbvias: primeiro os produtores, teoricamente, acabam possuindo um poder de influência ainda maior na construção do filme; segundo, possivelmente o resultado final do roteiro pode acabar soando excessivamente "redondo", óbvio e, por que não redundante, o que acabou por acontecer em ambos os filmes citados, mas com maior destaque em Carrie.
No papel a escalação do elenco parecia interessante, mas o resultado final não foi assim tão agradável. É notório que tanto Chloe Moretz (Sombras da Noite) quanto Julianne Moore (Ensaio Sobre a Cegueira) são excelentes atrizes e que as mesmas se esforçam para darem o máximo de profundidade a suas respectivas personagens - a primeira interpreta a personagem título, enquanto a segunda compõe sua perturbada mãe -, mas estas não são bem desenvolvidas pelo roteiro, que até tenta readaptar alguns dos elementos dispostos no filme original mas parece esquecer de contextualizá-los de forma que os distanciem da caricatura, que é o que infelizmente acaba imperando no filme. Há também certa desequilíbrio na composição de personagem de Moretz, especialmente no retrato de fragilidade e dessintonia de sua personagem para com a realidade qua a cerca - seja a opressão do lar, seja a do mundo externo.
Logo, mesmo com o esforço das atrizes principais e da tentativa de atualização por parte do roteiro, a obra acaba perdendo muito no quesito alegórico, inclusive resultando pouco sutil, especialmente quando constatado que o autocontrole de Carrie quanto à manifestação de seus poderes telecinéticos é utilizado apenas quando conveniente à trama, já que o filme é construído de forma a apresentá-la "dominando" a telecinésia desde o início do filme, mas parece esquecer disto na construção de seu desfecho, quando a personagem simplesmente esquece do potencial destrutivo do "dom" que possui. Enfim, mesmo que Kimberly Peirce consiga construir algumas sequências bacanas há muita incoerência no desenvolvimento da obra como um todo, que acaba prejudicando bastante sua estrutura narrativa.
Pesando um pouco a mão no que tange ao balé de efeitos visuais - mais uma vez o sangue digital contribui para uma maior artificialização da experiência cinematográfica - e pouco acrescentando em comparação ao filme original, Peirce entrega aqui um produto cheio de altos e baixos, que conta com um elenco principal bacana (apesar do péssimo elenco de apoio, formado por rostinhos bonitos para lá de inexpressivos) e uma direção eficiente da mesma (apesar de muito distante do baile de técnico orquestrado por De Palma em 1976), mas que acaba não fugindo da cartilha básica do entretenimento de horror, encaixando-se inclusive no rol das revisões que têm tudo para serem esquecidas com o passar do tempo. Certamente Carrie, a Estranha versão 2013 não é um desastre de filme, mas encontra-se distante do patamar de excelência. Na dúvida, visite o filme setentista ou leia a obra literária original (que não tive a oportunidade de ler, mas que tenho interesse em fazê-lo).
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Parte da estratégia da MGM para se capitalizar neste novo milênio - desde seu "renascimento" foram diversas as refilmagens de sucessos de seu catálogo de filmes -, Carrie, a Estranha guarda pelo menos um elemento que o aproxima de outro lançamento recente do estúdio, o RoboCop dirigido por José Padilha, que é o fato de contar com um roteirista principiante com a responsabilidade de retraduzir uma história consagrada e cujo séquito de fãs (e fanáticos) é gigantesco. Coube a Joshua Zetumer a missão de recontar a história do policial do futuro, enquanto Roberto Aguirre-Sacasa se responsabilizou por renovar a obra original concebida por Stephen King. Tal opção resulta em duas possibilidades óbvias: primeiro os produtores, teoricamente, acabam possuindo um poder de influência ainda maior na construção do filme; segundo, possivelmente o resultado final do roteiro pode acabar soando excessivamente "redondo", óbvio e, por que não redundante, o que acabou por acontecer em ambos os filmes citados, mas com maior destaque em Carrie.
No papel a escalação do elenco parecia interessante, mas o resultado final não foi assim tão agradável. É notório que tanto Chloe Moretz (Sombras da Noite) quanto Julianne Moore (Ensaio Sobre a Cegueira) são excelentes atrizes e que as mesmas se esforçam para darem o máximo de profundidade a suas respectivas personagens - a primeira interpreta a personagem título, enquanto a segunda compõe sua perturbada mãe -, mas estas não são bem desenvolvidas pelo roteiro, que até tenta readaptar alguns dos elementos dispostos no filme original mas parece esquecer de contextualizá-los de forma que os distanciem da caricatura, que é o que infelizmente acaba imperando no filme. Há também certa desequilíbrio na composição de personagem de Moretz, especialmente no retrato de fragilidade e dessintonia de sua personagem para com a realidade qua a cerca - seja a opressão do lar, seja a do mundo externo.
Logo, mesmo com o esforço das atrizes principais e da tentativa de atualização por parte do roteiro, a obra acaba perdendo muito no quesito alegórico, inclusive resultando pouco sutil, especialmente quando constatado que o autocontrole de Carrie quanto à manifestação de seus poderes telecinéticos é utilizado apenas quando conveniente à trama, já que o filme é construído de forma a apresentá-la "dominando" a telecinésia desde o início do filme, mas parece esquecer disto na construção de seu desfecho, quando a personagem simplesmente esquece do potencial destrutivo do "dom" que possui. Enfim, mesmo que Kimberly Peirce consiga construir algumas sequências bacanas há muita incoerência no desenvolvimento da obra como um todo, que acaba prejudicando bastante sua estrutura narrativa.
Pesando um pouco a mão no que tange ao balé de efeitos visuais - mais uma vez o sangue digital contribui para uma maior artificialização da experiência cinematográfica - e pouco acrescentando em comparação ao filme original, Peirce entrega aqui um produto cheio de altos e baixos, que conta com um elenco principal bacana (apesar do péssimo elenco de apoio, formado por rostinhos bonitos para lá de inexpressivos) e uma direção eficiente da mesma (apesar de muito distante do baile de técnico orquestrado por De Palma em 1976), mas que acaba não fugindo da cartilha básica do entretenimento de horror, encaixando-se inclusive no rol das revisões que têm tudo para serem esquecidas com o passar do tempo. Certamente Carrie, a Estranha versão 2013 não é um desastre de filme, mas encontra-se distante do patamar de excelência. Na dúvida, visite o filme setentista ou leia a obra literária original (que não tive a oportunidade de ler, mas que tenho interesse em fazê-lo).
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