01 março, 2014

Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, EUA, 2013).

"Ele ousou viver" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Clube de Compra Dallas não ousa na forma ou no conteúdo e discute um tema que já fora debatido com profundidade similar em filmes como Filadélfia e E a Vida Continua, mas funciona muito bem, seja pela entrega de seu elenco - especialmente as atuações indicadas ao Oscar de Matthew McConaughey (Amor Bandido) e de Jared Leto (Réquiem para um Sonho) - ou pelo contexto inusitado pelo qual caminha a trama do filme, cujo foco reside no contrabando de medicamentos e/ou substâncias medicamentosas com o intuito de inibi ao máximo o alastramento do vírus HIV em pacientes diagnosticados com AIDS, tudo isso no período de efervescência da doença, a "famigerada" década de 1980.

O roteiro composto pela dupla Craig Borten e Melisa Wallack (Espelho, Espelho Meu) é bem construído, desenvolvendo bem o arco narrativo do personagem de McConaughey, Ron Woodroof, o típico cowboy norte-americano e pincelando os demais personagens, cujo foco existe apenas quando passam a se relacionar com o primeiro. É certo que a trama em si não traz grandes novidades no sentido de conteúdo, destacando-se mais pela importância do tema resgatado e pelo desenvolvimentos de personagens, que somados a direção segura de Jean-Marc Vallée (A Jovem Rainha Vitória) e ao desempenho marcante do elenco principal provocam empatia e interesse imediatos pelo acompanhamento da história narrada.

Tecnicamente não há tanto o que se falar, pois a estrutura de edição do filme segue uma linha bastante convencional (para não dizer clássica), como também sua fotografia (a cargo de Yves Bélanger). Já a direção de atores merece destaque, já que não apenas explora de forma impecável o poder de interpretação de seu elenco, mas o faz de forma crescente, buscando assim ganhar o espectador aos poucos. Talvez a opção de capturar e montar o filme de forma mais tradicional tenha sido proposital para que os desempenhos do elenco ganhasse ainda mais evidência, o que é um grande acerto de Jean-Marc Vallée.

Dentre as seis indicações ao Oscar recebidas pelo filme acredito que as mais substanciais sejam as relacionadas a atuação, que incluem Matthew McConaughey como melhor ator e Jared Leto como melhor ator coadjuvante, já que ambos realizam um excelente trabalho aqui, não apenas pela óbvia transmutação física, mas também pela personalidade particular dada a cada um dos dois personagens, que são verossímeis e transbordam vida na tela. Ambos talvez sejam os mais fortes candidatos aos seus respectivos prêmios, que estreiam na premiação com este trabalho. Clube de Compra Dallas também recebeu indicações aos prêmios de melhor edição, melhor maquiagem, melhor roteiro e melhor filme, mas certamente não é dos mais fortes nestas categorias (à exceção de maquiagem, pois acredito que seja um dos favoritos).

Redondinho, mas pouco ousado - talvez as sequências de nudez e sexo (apenas heterossexual, por sinal), ao lado do consumo de drogas, sejam o que de mais extremo o filme mostra -, Clube de Compra Dallas pode não ser um filme altamente inventivo ou possuidor de um discurso inusitado, mas complementa bem um tema sempre interessante de ser debatido - saúde pública aliado a decisões políticas - e força, de certa forma, a manutenção do debate acerca da indústria farmacêutica e seus interesses que caminham, na maioria das vezes, longe do seio da ética e da moral. Quase que exclusivamente concentrado em seus personagens, o filme pode não alcançar o rol das grandes obras cinematográficas, mas apresenta-se correto e cumpre bem seu papel de resgatar um evento histórico pouco conhecido (o contrabando de medicação para o controle da AIDS) e difundi-lo as novas gerações.

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TRAILER

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