26 junho, 2012

O Sobrevivente (The Running Man, EUA, 1987).


"Quer voar?"
"Vai fogo aí?"
"Que cabeça quente!"
"Hora do show!
 "Acertei em cheio!"
 (Algumas das frases hilárias ditas por Ben Richards, personagem "interpretado" por Arnold Schwarzenegger).
Talvez O Sobrevivente não chegue a ser considerado um clássico do cinema de ação oitentista, mas representa muito bem o estilo da época, tanto no em seus lado positivo e negativo e acaba sendo uma das mais divertidas daquela safra. Apesar de ter um pano de fundo de futuro distópico e ter sido vendido como uma ficção-científica de ação, é inegável o rompante cômico do mesmo. Como levar a sério diálogos como os acima citado? Principalmente quando estes saem da boca de ninguém menos que Arnold Schwarzenegger (O Exterminador do Futuro), inegavelmente um péssimo ator, mas que possui um carisma tão grande quanto ele próprio, o que acaba funcionando melhor do que a encomenda, dando graça a um personagem/filme que, sem ele, seria apenas mais um que possui uma ideia promissora, mas que peca pela sua abordagem artificial e caricata. Sorte nossa termos o Schwarza para passar "credibilidade" a essa produção.

Temas como regime político totalitário, altos índices de pobreza e, principalmente, a dominação midiática através do violento reality show nomeado Running Man formam a estrutura do filme, contudo não é bem construída pelo roteirista Steven E. de Souza (Comando para Matar, Duro de Matar), em especial pela falta de profundidade e a infindável profusão de clichês da época, do futuro retrô (contradição pura) aos chavões sem pé nem cabeça, que como dito só funcionam quando saem da boca de Schwarzenegger. A direção do inexpressivo Paul Michael Glaser (A Quadrilha da Mão), mais conhecido por ser o intérprete de David Starsky na série de tevê setentista Starsky e Hutch, também não ajuda em nada ao longa, optando por um visual brega e com muito mais cara da própria década de 1980 do que do distante futuro de 2017. Ninguém merece o macacão vestido pelos "competidores" de Running Man.

Apesar das várias fragilidades, O Sobrevivente - que foi baseado num romance de Stephen King - de certa forma influenciou produções mais recentes, como o filme japonês Battle Royale e o recente sucesso Jogos Vorazes, além de ter uma proposta semelhante a filmes como Corrida Mortal (2008), de Paul W. S. Anderson (Os Três Mosqueteiros) e Gamer (2009), dos chapas Mark Neveldine e Brian Taylor (Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança), só que estes, mesmo mais recentes, são infinitamente piores que O Sobrevivente, soando até mesmo menos profundo do que o referido.

Soando mais cômico do que o esperado, hoje este filme parece funcionar até melhor do que na época de seu lançamento, justamente pelo fato de estar datado, mas não se levar a sério em momento algum, o que não deixa de ser incongruente com o seu enredo, que pede uma reflexão crítica, mas infelizmente não tem como levar a sério um filme onde um marmanjo cheio de músculos, vestindo uma camisa havaiana, soltando frases de efeito a todo momento consegue "implodir" um programa de tevê ao lado de um grupo de insurgentes contra o sistema vigente. É muita "fantasia" junta, até mesmo pro currículo de Arnold Schwarzenegger. Mas o filme diverte - ri a beça, do início ao fim - e, no final das contas, é justamente isto que importa. Pelo menos para esse filme.

AVALIAÇÃO: 


Trailer:



Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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