04 junho, 2012

Vôo Noturno (Red Eye, EUA, 2005).


Consagrado como realizador no gênero terror, Wes Craven (A Hora do Pesadelo) estava em alta após o sucesso financeiro e de crítica da até então apenas trilogia Pânico, sendo assim é de se estranhar uma mudança de ares para o cineasta, até por que é mais fácil se acomodar com o sucesso do que trilhar caminhos distintos dos percorridos anteriormente. Entretanto, de maneira esperta Craven acabou por partir para um meio termo, desenvolvendo um suspense intimista, sem monstros ou ameaças incontroláveis, mas dotado de grande tensão e horror psicológico, além de algumas outras características (algumas sutis, outras nem tanto) que aproximam este então diferente produto as suas obras mais conhecidas. Estrelado pelos ótimos em cena Rachel McAdams (Para Sempre) e Cillian Murphy (O Preço do Amanhã), Vôo Noturno é Craven encontrado Alfred Hitchcock, simboliza o amadurecimento de um diretor mais afeito a graficidade do que a sutileza, é o atestado de talento de um realizador que já não tem mais nada a provar. Em suma, é um grande filme.

Curto e direto, Vôo Noturno parte da premissa de um "suposto" sequestro e de um "suposto" atentado  para montar, juntamente ao ambiente de uma viagem noturna de avião, um painel de sentimentos que misturam claustrofobia, impotência e medo, levando a vítima (McAdams), juntamente ao espectador, às últimas consequências no que se refere a manifestação de tais sentimentos. Interessante do começo ao fim, o roteiro Carl Ellsworth (Paranóia) e Dan Foos tem o mérito de transportar o espectador não só ao ambiente apresentado, mas também a sentir o que a personagem de McAdams sente, até por que praticamente todos os elementos de ameaça sofridos pela mesma (sequestro do pai, ameaça de assassinato etc.) são facilmente visualizados como possíveis de acontecer conosco. Angústia é pouco para descrever o sentimento de impotência proporcionado pelo filme.

Equilibrado em todos os sentidos, fica difícil estabelecer os momentos de maior destaque do filme. Mas, para citar apenas alguns, colocaria as personagens e atuações de McAdams e Murphy, críveis em suas funções e com uma química que beira a perfeição, a tensão provocada pelos acordes compostos por Marco Beltrami (Os Indomáveis), além da direção segura de Wes Craven, que imprime tensão e objetividade na medida certa. Destaco também um momento que me causa de certa forma sentimentos distintos, que acontece durante o clímax final do filme, positivo visto que acaba soando como uma homenagem ao cinema "normal" de Craven, com o tenso e surreal confronto entre os personagens principais (muitos ecos de Pânico neste momento em especial), mas negativo por que de certa forma faz um corte imenso na aparentemente proposta original do filme, transformando um thriller claustrofóbico e tenso num terror de sobrevivência e sustos. Enfim, não é algo que estrague ou engrandeça Vôo Noturno, simplesmente neste momento não consigo tratá-lo como surpreendente ou desnecessário. No mais, um ótimo filme, eficiente do começo ao fim (mesmo com a tal mudança de rumo no clímax final). Arrisco dizer que é o melhor trabalho de Craven na década de 2000 - o que não é assim muito difícil, a julgar pelos títulos de sua filmografia neste período.

AVALIAÇÃO:
Trailer: 


Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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