07 março, 2013

A Negociação (Arbitrage, EUA, 2012).

"O poder é o melhor álibi" (Livre tradução da frase disposta no cartaz do filme).
A crise econômica de 2008 não cansa de inspirar obras cinematográficas, algumas de forma direta, outras apenas no contexto geral. No caso de A Negociação, de Nicholas Jarecki, o déficit econômico tem papel centra as estratégias e confusões abraçadas por Robert Miller, personagem de Richard Gere (Sempre ao Seu Lado), presidente e principal investidor de uma holding financeira, que planeja vendê-la a um rival, sem que o mesmo descubra que a empresa não anda assim tão bem das pernas. Ou seja, a bravata do filme é a velha sujeira por trás do mundos dos negócios e das grandes corporações. Porém, devido a abordagem primar pelo realismo e estar conectada com os acontecimentos pelos quais ainda passamos, a obra ganha em urgência e fidelidade, mesmo que lá e cá o exagero dramático dê as caras.

Muito se falou da interpretação de Gere, tanto que o ator acabou por abocanhar uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator pela mesma. Sinceramente, apesar do ator estar muito bem, considero um exagero tal citação, não pelo trabalho do ator em si (que é digno de palmas), mas pelo caminho que seu personagem trilha, conduzido pelo roteiro de Jarecki, que acaba enfraquecendo-o em determinados momentos. A bem verdade todo o conflito pessoal do personagem que não possuem ligação direta com seu lado business man travam um pouco o filme, especialmente por envolver o clichê ligação umbilical com a amante. Não que o roteiro não seja bem desenvolvido, mas a parte que enfoca esta problemática não se mostra tão interessante quanto a questão econômica e moral pautada pelo filme.

Cinematograficamente falando, A Negociação se apresenta como um filme bastante dinâmico e basicamente apoiado na qualidade do seu elenco - nomes como os de Susan Sarandon (O Óleo de Lorenzo), Tim Roth (Cães de Aluguel) e Brit Marling (Another Earth), apesar de não terem papeis muito expressivos à trama, esforçam-se bastante e fazem um trabalho notável -, já que o diretor e roteirista Nicholas Jarecki, apesar de competente, não emprega grandes recursos em sua direção.

Em suma, Jarecki e companhia constroem aqui um thriller dramático interessante, com um clima equilibrado de suspense e tensão, mas que peca por não abraçar ainda mais os dilemas ético-morais da personagem de Richard Gere como homem de negócios, além de abraçar de vez a questão da "bolha econômica" na qual o filme é ambientado. Entretenimento eficiente que não esquece de mostrar conteúdo, A Negociação passou um tanto despercebido enquanto estava em cartaz nos cinemas, mas tem tudo para fazer sucesso no conforto do lar.

AVALIAÇÃO
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