10 março, 2013

O Exótico Hotel Marigold (The Best Exotic Marigold Hotel, ING, 2011).

John Madden (Shakespeare Apaixonado) nunca mostrou-se um diretor excepcional - e sua carreira deveras irregular só atesta esta assertiva -, mas é certo que possui bons trabalhos, mas talvez nenhum destes seja tão leve, divertido e recheado de metáforas quanto o inesperado sucesso de bilheteria o Exótico Hotel Marigold, uma comédia de costumes focada na terceira idade (para os politicamente corretos, melhor idade), ambientada em um cenário bastante inusitado: a hiperativa Índia.

A bem verdade o roteiro de O Exótico Hotel Marigold - a cargo de Ol Parker - é bastante simplório, tendo alguns momentos de apurado brilhantismo (especialmente pela coragem do arco do personagem de Tom Wilkinson e pela presença de metáforas e mensagens até certo ponto riquíssimas acerca das nuances da velhice, suas causas e consequências, especialmente no aspecto subjetivo), mas acaba por gerar em suma um filme leve, divertido, que apesar de ser carregado de clichês (agora aplicados a um público pouco abraçado pelo cinema), não ofende ou desconfia da inteligência do espectador. 

Uma coisa é certa: caso não tivesse um elenco tão bom (e disposto), este filme não resultaria tão interessante e divertido. Nomes como Judi Dench (007 - Operação Skyfall), Bill Nighy (O Vingador do Futuro), Maggie Smith (franquia Harry Potter), Ronald Pickup (A Missão) - a bem verdade, uma espécie de John Hurt genérico -, Penelope Wilton (Orgulho e Preconceito), Celia Imrie (Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos), além do já citado Wilkinson, são os principais responsáveis pelo filme funcionar e, principalmente, manter o espectador interessado no porvir da história. Pode ser que o tom e a abordagem de O Exótico Hotel Marigold sagre-se um tanto novelesco, especialmente pela quantidade enorme de personagens "principais" (ou com verdadeira importância à trama) e pela exploração basicamente com turística da Índia, reconstruindo uma cultura milenar (e agitada) de forma a apenas condensar os estereótipos já bastante massificados mundo afora. Entretanto, apesar do convencionalismo, a fotografia Ben Davis (Kick-Ass - Quebrando Tudo) acerta na luz e nos enquadramentos, captando o óbvio de maneira bonita, o que certamente garantira ao fotógrafo um bom emprego como diretor de vídeos institucionais para o Governo da Índia. 

A jornada passada pelas personagens do filme seguem uma boa dinâmica, mesmo que algumas sejam demasiadamente óbvias, mas o carisma e força do elenco engradecem demais a obra, especialmente as performances inspiradas (e, por que não, inspiradoras) de Dench (a narradora da história), Nighy e Wilkinson. Destacaria também a composição de Dev Patel (Quem Quer Ser um Milionário?), que mesmo concentrada em caras e bocas, comprovam o carisma do jovem ator. Sua interação com os sexagenários (ou seriam septuagenários?) também é excelente, sendo a exploração esta química entre o elenco um dos grandes acertos do diretor John Madden.

Um filme gostoso de se assistir, mas que possui certos excessos e convencionalismos que o "impedem" (aos meus olhos) de se tornar uma grande obra (ou obra-referência), O Exótico Hotel Marigold pode ser considerado como uma boa surpresa, tanto como entretenimento, quanto como filme-mensagem, pois sua estrutura é formada por conceitos e ideias valiosas e importantes, apesar do carnaval de cores e do histrionismo vez ou outra empalidecer a essência conceitual da obra. Misto de auto-ajuda para a terceira idade com tratado sobre a liberdade do homem (em qualquer fase da vida), esta película aparentemente despretensiosa pode ser considerada como um dos melhores filmes de John Madden (quiçá seu melhor), o que (sinceramente) não é um mérito tão grande assim.

AVALIAÇÃO
TRAILER

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