25 novembro, 2013

Thor: O Mundo Sombrio (Thor: The Dark World, EUA, 2013).


Muito foi dito a respeito da cara mais suja que seria apresentada na sequência do filme Thor (2011), O Mundo Sombrio, especialmente com a assunção de Alan Taylor à direção deste segundo longa-metragem solo do "deus" asgardiano, já que ele tornou-se conhecido como diretor de episódios memoráveis de séries como Família Soprano, Boardwalk Empire e, principalmente, Game of Thrones. O longa de 2011 acabou recebendo algumas críticas negativas, especialmente quanto a sua estética excessivamente "luminosa", aspecto este do qual também sou partidário. Contudo, apesar do visual deste Thor: O Mundo Sombrio apostar mais no "chão e menos no etéreo", a linguagem e a estrutura de roteiro segue o padrão do longa anterior, inclusive repetindo o excesso de alívio cômico - realmente o filme precisa da personagem de Kat Dennings? Acredito que não - e explorando o interesse amoroso (interpretada pela relaxada Natalie Portman) do protagonista-título,  sem uma justificativa plausível. É certo que a obra sugere uma série de promessas quanto a amadurecimento cinematográfica, mas o fato é que a grande maioria não sai do campo abstrato.

Não quero parecer crítico ou amargurado, até por que, no âmbito geral, Thor: O Mundo Sombrio é um filme divertido, ligeiramente superior ao seu predecessor, mas o fato de acabar repetindo (e, por que não, amplificando) alguns dos erros do longa original acaba tornando esta sequência irregular, com um saldo final um tanto quanto amargo. Além do humor mal encaixado, um dos problemas do filme encontra-se em seu roteiro, que não constrói um vilão interessante - apesar do ator que encarna o antagonista de Thor, Christopher Eccleston (eXistenZ), força a entrada da personagem de Natalie Portman à trama e, mais uma vez, usa Loki (Tom Hiddleston, de Cavalo de Guerra) como muleta - por sorte o personagem é interessante e o ator carismático  suficiente para manter o interesse em tal joguete -, dentre outros desencontros apresentados no desenvolver da trama, que se apresenta mais confusa do que o necessário, sugerindo um possível desencontro entre a história desenvolvida pela dupla Don Payne (Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado) e Robert Rodat (O Resgate do Soldado Ryan) e a transposição cinematográfica composta a seis mãos por Christopher Yost (Hulk vs. Thor/ Hulk vs. Wolverine), Christopher Markus e Stephen McFeely (Capitão América: O Primeiro Vingador, Sem Dor Sem Ganho).

Mesmo com as lacunas do roteiro, a direção de Alan Taylor parece encaixar melhor ao universo de ação e aventura de Thor do que a de Kenneth Branagh (Hamlet), responsável pelo longa anterior, que acabou apostando mais na interação familiar do que nos combates (aspecto este que considero interessante), mas mesmo esta acaba tendo alguns momentos pouco inspirados - não curti a homenagem excessiva a O Senhor dos Anéis na abertura do filme, pois acho que Taylor possui competência e criatividade suficiente para elaborar algo não tão chupado da trilogia concebida por Peter Jackson -, especialmente quando "autoriza" o uso excessivo de efeitos digitais (CGI), o que acabou deixando o filme, esteticamente, como um híbrido entre a trilogia do anel, Star Wars, Mestres do Universo (sim, aquele filme do He-Man estrelado por Dolph Lundgren) e qualquer vídeo game de fantasia atual. Se a identidade visual do primeiro Thor causou polêmica, esta também não traz grande inovação (escurece o que era luz, mas o preço acaba sendo copiar o visual de outras obras). Para completar, a trilha sonora de Brian Tyler (Homem de Ferro 3) parece demasiadamente alta, enquanto a fotografia de Kramer Morgenthau (Um Crime de Mestre) abraça o digital de forma excessiva (o que de certa forma faz sentido já que há no filme a utilização de muito CGI).

Porém, como dito mais acima, Thor: O Mundo Sombrio não é um filme ruim, já que cumpre relativamente bem seu papel como entretenimento de fim de ano. Além das boas sequências de ação e de algumas surpresas (a bem verdade nem tão surpreendentes assim) quanto ao caráter de Loki, destacaria a composição de Chris Hemsworth (O Segredo da Cabana), que parece mais a vontade e determinado ao atuar como Thor, apresentando nuances não mostradas no filme anterior ou n'Os Vingadores. A distribuição de tempo em cena dos personagens coadjuvantes também merece destaque, pois personagens como Frigga (Rene Russo, de Epidemia), Fandrall (Zachary Levi) e Heimdall (Idris Elba, de Círculo de Fogo), apesar de aparecerem pouco, possuem mais importância à trama, ganhando inclusive momentos de destaque.

Melhorando em alguns aspectos aspectos a condição estabelecida pelo filme anterior, contudo repetindo alguns dos erros daquele, Thor: O Mundo Sombrio apresenta uma tímida evolução como filme, mas muito pouco para alçá-lo ao patamar de grande obra do gênero. Talvez a decepção dos fãs (e não fãs) com o primeiro tenha sido tão grande que as pequenas mudanças visuais e a exploração de outros ambientes (mundos) por este filme tenha dado a falta perspectiva de ruptura entre ambas as obras, mas, a bem verdade, apesar dos estilos distintos de direção de Taylor e Branagh, a essência dos filmes continuam pareadas, o que os torna visualmente distintos, mas conceitualmente irmãos. Portanto, se o longa de Branagh mostrava-se irregular, o de Taylor segue o mesmo caminho, mesmo optando por resolver alguns detalhes de maneira um pouco mais interessante. Thor: O Mundo Sombrio não encontra-se próximo ao patamar de filme ruim, mas tinha potencial para ser ainda melhor. Quem sabe Thor 3 concretize isso.

AVALIAÇÃO
TRAILER

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