Um dos maiores faroestes spaghetti de todos os tempos, Django, de Sergio Corbucci (Joe, o Pistoleiro Implacável), pode não ter a fama e o reconhecimento da crítica quanto as obras de Sergio Leone, mas é um filme tão importante quanto, especialmente por ajudar à criação da "cena" dos "westerns made in Italy". Menos poético e mais violento que a trilogia dos dólares de Leone, o filme de Corbucci transborda testosterona do início ao fim e aposta na figura ao mesmo tempo forte e sedutora de Franco Nero (Duro de Matar 2) como o personagem título a fim de convencer o espectador da quase onipotência do mesmo. Não há background de Django, nem nos é mostrado com clareza qual é a sua missão - a caçada ao Major Jackson (Eduardo Fajardo, de A Vingança de Milady) é citada, mas não parece ser a verdadeira busca da personagem -, porém, o desdobramento dos eventos é feito de forma tão dinâmica que não sobra tempo ocioso para maiores reflexões, o que acaba importando é o despertar da diversão e esta é muito bem dosada por Corbucci.
Apesar de ser uma produção dona de um orçamento relativamente baixo (talvez nos moldes de Por um Punhado de Dólares), Django explora muito bem o que pode ser explorado. A sujeira da cidade e dos trajes das personagens saltam logo aos olhos e se as locações se resumem a um campo aberto, um pequeno povoado (pequeno mesmo) e as "bases" dos exércitos mexicano e norte-americano (não me recordo bem se sulista ou nortista), mas mesmo reduzidas são bem usadas e ajudam à imersão ao filme. O roteiro escrito pelos irmãos Sergio e Bruno Corbucci é até certo ponto simples, mas carrega um sub-texto bastante profundo e de importância à narrativa, que trata de preconceito (a bem verdade a disputa entre americanos e mexicanos, aos olhos do filme, é motivada principalmente por questões étnicas). Tal abordagem não é abraçada como o cerne da obra, mas tem lugar de destaque e sem sombra de dúvidas contribui positivamente para sua construção.
Talvez o maior diferencial da direção de Sergio Corbucci seja a maior objetividade de sua narrativa - tanto é que o filme mostra-se bastante enxuto, com seus três atos bem preenchidos nos cerca de noventa minutos de metragem -, fator preponderante para que o filme se torne tão dinâmico, haja vista que quase não há momento de respiro durante o mesmo. Isso não quer dizer que o mesmo tenha ação do início ao fim, mas sim que há sempre algo em tela com potencial de despertar a atenção do espectador. Outro ponto a se destacar é a a forma com que a violência é abordada no filme, que em momento algum soa gratuita ou gráfica em demasia, todavia é bastante forte e impactante, especialmente no desfecho da obra.
Franco Nero, apesar de não ter um carisma natural a lá John Wayne ou Clint Eastwood, convence como o pistoleiro misterioso que leva um caixão a tiracolo e que se mostra exímio atirador (cuja cena final apenas do filme apenas ratifica), além de ter o porte físico ideal para o tipo de personagem. O elenco de apoio não carrega nenhum grande nome, mas a intérprete da mocinha (Loredanna Nusciak) e o ator Ángel Álvarez (que vive o proprietário do saloon/hospedaria do povoado) se destacam dentre os demais hispânicos e italianos que preenchem o casting do filme.
Um dos referenciais do subgênero faroeste spaghetti, além de inspirador maior do recente Django Livre, de Quentin Tarantino, Django é um filme divertido, corajoso e inspirado, que de certa forma encontra-se mais próximo aos títulos norte-americanos pela simplicidade do enredo e por sua construção objetiva, mas sem deixar de referenciar o estilo "italiano" de faroeste, abraçando bastante a sujeira e a podridão, tanto na caracterização das locações e das personagens, quanto na composição destas, visto que não há espaço para maniqueísmo à obra, o que toma conta são as variações de cinza.
Apesar de ser uma produção dona de um orçamento relativamente baixo (talvez nos moldes de Por um Punhado de Dólares), Django explora muito bem o que pode ser explorado. A sujeira da cidade e dos trajes das personagens saltam logo aos olhos e se as locações se resumem a um campo aberto, um pequeno povoado (pequeno mesmo) e as "bases" dos exércitos mexicano e norte-americano (não me recordo bem se sulista ou nortista), mas mesmo reduzidas são bem usadas e ajudam à imersão ao filme. O roteiro escrito pelos irmãos Sergio e Bruno Corbucci é até certo ponto simples, mas carrega um sub-texto bastante profundo e de importância à narrativa, que trata de preconceito (a bem verdade a disputa entre americanos e mexicanos, aos olhos do filme, é motivada principalmente por questões étnicas). Tal abordagem não é abraçada como o cerne da obra, mas tem lugar de destaque e sem sombra de dúvidas contribui positivamente para sua construção.
Talvez o maior diferencial da direção de Sergio Corbucci seja a maior objetividade de sua narrativa - tanto é que o filme mostra-se bastante enxuto, com seus três atos bem preenchidos nos cerca de noventa minutos de metragem -, fator preponderante para que o filme se torne tão dinâmico, haja vista que quase não há momento de respiro durante o mesmo. Isso não quer dizer que o mesmo tenha ação do início ao fim, mas sim que há sempre algo em tela com potencial de despertar a atenção do espectador. Outro ponto a se destacar é a a forma com que a violência é abordada no filme, que em momento algum soa gratuita ou gráfica em demasia, todavia é bastante forte e impactante, especialmente no desfecho da obra.
Franco Nero, apesar de não ter um carisma natural a lá John Wayne ou Clint Eastwood, convence como o pistoleiro misterioso que leva um caixão a tiracolo e que se mostra exímio atirador (cuja cena final apenas do filme apenas ratifica), além de ter o porte físico ideal para o tipo de personagem. O elenco de apoio não carrega nenhum grande nome, mas a intérprete da mocinha (Loredanna Nusciak) e o ator Ángel Álvarez (que vive o proprietário do saloon/hospedaria do povoado) se destacam dentre os demais hispânicos e italianos que preenchem o casting do filme.
Um dos referenciais do subgênero faroeste spaghetti, além de inspirador maior do recente Django Livre, de Quentin Tarantino, Django é um filme divertido, corajoso e inspirado, que de certa forma encontra-se mais próximo aos títulos norte-americanos pela simplicidade do enredo e por sua construção objetiva, mas sem deixar de referenciar o estilo "italiano" de faroeste, abraçando bastante a sujeira e a podridão, tanto na caracterização das locações e das personagens, quanto na composição destas, visto que não há espaço para maniqueísmo à obra, o que toma conta são as variações de cinza.
AVALIAÇÃO
TRAILER
Mais Informações:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!