"Num jogo dividido pela cor, ele nos fez enxergar a grandeza" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Mesmo sem contar com grandes astros - exceptuando o hoje septuagenário Harrison Ford - e adotando a narrativa padrão dos dramas esportivos, o resgate histórico promovido por 42 - A História de uma Lenda o tiram do lugar comum, tornando a obra importante tanto como homenagem, quanto como cinema. Concebido por Brian Helgeland - vencedor do Oscar pelo roteiro de Los Angeles: Cidade Proibida e mais conhecido por seu trabalho como roteirista de filmes como Sobre Meninos e Lobos e Chamas da Vingança -, que acumula aqui as funções de roteirista e diretor, o filme passou por diversas mãos antes de cair no colo de Helgeland, que conseguiu transmitir a mensagem de superação e luta contra o preconceito que a história de Jackie Robinson (Chadwick Boseman, excelente), primeiro jogador negro da liga nacional de beisebol, primando pelo equilíbrio no que tange a provocação de emoções e sagrando-se minimamente maniqueísta, dando assim um fôlego distinto a uma premissa teoricamente convencional.
Não parece interessante descrever a trama em si, até por que, mesmo sendo de domínio público - afinal de contas, trata-se de uma história real na qual o filme é baseado -, esta ainda gauda algumas surpresas, elemento fundamental aos dramas esportivos. Portanto, vamos aos aspectos técnicos e imagéticos do filme. Além do roteiro conciso, um dos grandes destaques do filme encontra-se em sua qualidade estética, especialmente no que se refere a fotografia, a cenografia e ao figurino - o desenho de produção do filme como um todo é deslumbrante -, a cargo respectivamente de Don Burgess (O Voo), Richard Hoover (Os Últimos Passos de um Homem) e Caroline Harris (O Despertar). A composição de Burgess consegue ao mesmo tempo passar uma ideia de edificação e bem-estar (muita paisagem, muita luz) como também de desafio, especialmente durante as partidas de beisebol, enquanto Hoover e Harris são felizes em transportar o telespectador à década de 1940, pós II Guerra, construindo assim a ilusão necessário para que compreendamos a realidade apresentada.
Um outro destaque reside na trilha sonora de Mark Isham (Crash - No Limite), que apesar de lembrar alguns temas compostos por Alan Silvestri (Os Vingadores), encaixa-se à perfeição ao filme, pontuando gradativamente o crescimento (e aparecimento, por que não) de Jackie Robinson como jogador e, principalmente, como ser humano. Os temas compostos por Isham reforçam com parcimônia aquilo que é explorado tanto pela imagem quanto pelos diálogos, servindo assim como uma espécie de termômetro a miríade de sentimentos sugestionados pelo filme. Logo, o casamento audiovisual do filme pode ser posto como um de seus maiores acertos.
Apesar de contar com poucos rostos conhecidos - além de Ford, talvez Lucas Black (Tudo Pela Vitória) e Christopher Meloni (O Homem de Aço) sejam notados -, o elenco do filme também pode ser considerado como brilhante. Tanto os coadjuvantes como o elenco principal encontram-se muito bem, mas certamente o grande destaque é o praticamente desconhecido Chadwick Boseman, que aplica carisma e intensidade em sua composição de Jackie Robinson. Nicole Beharie (Shame) também encontra-se bem como a esposa de Robinson, já Harrison Ford (Busca Frenética) fica no meio do caminho, pois apesar de se entregar a um personagem cuja idade é avançada (aspecto este raro ao ator, que apesar de já não ser nenhum garoto mantém a postura de herói na maioria de seus papéis) exagera um pouco nos cacoetes e no sotaque, dando um ar superficial ao seu personagem. Isto não chega a atrapalhar o filme como um todo, mas descaracteriza um pouco dos demais elementos abraçados por ele.
Uma das surpresas da temporada 2013 - o filme acabou sendo um dos hits de início de ano em território americano -, 42 - A História de uma Lenda pertence a categoria dos bons dramas esportivos que agradam até mesmo aqueles que, como eu, não entendem nada do esporte abordado, pois enfatiza as relações humanas e seus desdobramentos à consecução da história que nos é apresentada. Mostrando ter amadurecido bastante como diretor após os razoáveis O Troco, Coração de Cavaleiro e Devorador de Pecados, Brian Helgeland entrega aqui um filme edificante sem soar piegas, que se importa mais em contar uma boa história do que em estabelecer mitos ou engrandecer o sonho americano (sim, geralmente este encontra-se sempre incluso em obras do gênero), cujo objetivo é simplesmente apresentar uma boa história da melhor forma possível. Certamente não saberia dizer se outro cineasta entregaria um produto ainda melhor, mas é inegável que Helgeand realizou um ótimo trabalho.
Não parece interessante descrever a trama em si, até por que, mesmo sendo de domínio público - afinal de contas, trata-se de uma história real na qual o filme é baseado -, esta ainda gauda algumas surpresas, elemento fundamental aos dramas esportivos. Portanto, vamos aos aspectos técnicos e imagéticos do filme. Além do roteiro conciso, um dos grandes destaques do filme encontra-se em sua qualidade estética, especialmente no que se refere a fotografia, a cenografia e ao figurino - o desenho de produção do filme como um todo é deslumbrante -, a cargo respectivamente de Don Burgess (O Voo), Richard Hoover (Os Últimos Passos de um Homem) e Caroline Harris (O Despertar). A composição de Burgess consegue ao mesmo tempo passar uma ideia de edificação e bem-estar (muita paisagem, muita luz) como também de desafio, especialmente durante as partidas de beisebol, enquanto Hoover e Harris são felizes em transportar o telespectador à década de 1940, pós II Guerra, construindo assim a ilusão necessário para que compreendamos a realidade apresentada.
Um outro destaque reside na trilha sonora de Mark Isham (Crash - No Limite), que apesar de lembrar alguns temas compostos por Alan Silvestri (Os Vingadores), encaixa-se à perfeição ao filme, pontuando gradativamente o crescimento (e aparecimento, por que não) de Jackie Robinson como jogador e, principalmente, como ser humano. Os temas compostos por Isham reforçam com parcimônia aquilo que é explorado tanto pela imagem quanto pelos diálogos, servindo assim como uma espécie de termômetro a miríade de sentimentos sugestionados pelo filme. Logo, o casamento audiovisual do filme pode ser posto como um de seus maiores acertos.
Apesar de contar com poucos rostos conhecidos - além de Ford, talvez Lucas Black (Tudo Pela Vitória) e Christopher Meloni (O Homem de Aço) sejam notados -, o elenco do filme também pode ser considerado como brilhante. Tanto os coadjuvantes como o elenco principal encontram-se muito bem, mas certamente o grande destaque é o praticamente desconhecido Chadwick Boseman, que aplica carisma e intensidade em sua composição de Jackie Robinson. Nicole Beharie (Shame) também encontra-se bem como a esposa de Robinson, já Harrison Ford (Busca Frenética) fica no meio do caminho, pois apesar de se entregar a um personagem cuja idade é avançada (aspecto este raro ao ator, que apesar de já não ser nenhum garoto mantém a postura de herói na maioria de seus papéis) exagera um pouco nos cacoetes e no sotaque, dando um ar superficial ao seu personagem. Isto não chega a atrapalhar o filme como um todo, mas descaracteriza um pouco dos demais elementos abraçados por ele.
Uma das surpresas da temporada 2013 - o filme acabou sendo um dos hits de início de ano em território americano -, 42 - A História de uma Lenda pertence a categoria dos bons dramas esportivos que agradam até mesmo aqueles que, como eu, não entendem nada do esporte abordado, pois enfatiza as relações humanas e seus desdobramentos à consecução da história que nos é apresentada. Mostrando ter amadurecido bastante como diretor após os razoáveis O Troco, Coração de Cavaleiro e Devorador de Pecados, Brian Helgeland entrega aqui um filme edificante sem soar piegas, que se importa mais em contar uma boa história do que em estabelecer mitos ou engrandecer o sonho americano (sim, geralmente este encontra-se sempre incluso em obras do gênero), cujo objetivo é simplesmente apresentar uma boa história da melhor forma possível. Certamente não saberia dizer se outro cineasta entregaria um produto ainda melhor, mas é inegável que Helgeand realizou um ótimo trabalho.
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