"A miséria ama a família" (Livre tradução do texto disposto no poster do filme).
Elenco estelar, autor consagrado, diretor em ascendência e um par de indicações ao Oscar formam o currículo principal da peça filmada intitulada por aqui como Álbum de Família (no original, August: Osage County). Dramalhão carregado - seja no texto, seja na coleção de atuações graúdas -, o longa conduzido por John Wells pode soar excessivamente apegado aos palcos - o autor da peça original, Tracy Letts (Killer Joe - Assassino de Aluguel), também assina o roteiro - e verborrágico em demasia, mas traz internalizado alguns temas caros a dificuldade de ser e se manter família, especialmente ao destacar a influência dos pais aos filhos e o choque de cultura e temperamento entre gerações, tudo isto amparado por um elenco de alto escalão, liderado pelas ótimas e consagradas Meryl Streep (O Suspeito) e Julia Roberts (O Sorriso de Monalisa), ambas indicadas ao Oscar pelo trabalho.
Desde os primeiros minutos de projeção é perceptível que o grande forte do filme encontrar-se-á em seus personagens, especialmente na figura da matriarca vivida por Streep, que sofre não apenas de câncer, mas de um desvio de conduta dos mais agudos. Sua relação com as filhas - vividas por Margo Martindale (As Horas), Julianne Nicholson (Kinsey - Vamos Falar de Sexo), Juliette Lewis (Assassinos por Natureza) e Roberts - é o eixo principal do filme, mas temas outros (todos relacionados a convívio familiar) são abraçados pelo texto de Tracy Letts. Peça à parte, é notório que, caso a entrega e o encaixe do elenco não fosse tão acertado os diálogos inflamados de Letts não causariam muito impacto, justamente por sua verborragia não ser tão bem decupada para a mídia cinema. Com isso, vez ou outra o filme acaba tropeçando no melodrama ou se excede na histeria, mas John Wells consegue nivelar tal desequilíbrio, mesmo que sua direção privilegie mais a condução dos atores e atrizes do que em estabelecer um estilo particular de filmagem.
Os elenco masculino também merece destaque, suprindo bem o papel de suporte ao "show" proporcionado pelas mulheres. Da rápida participação do veterano Sam Shepard (Amor Bandido) as presenças carismáticas de Chris Cooper (Beleza Americana), Ewan McGregor (Sentidos do Amor) e Dermot Mulroney (A Perseguição), passando pelo pouco aproveitado Benedict Cumberbatch (Além da Escuridão - Star Trek), todos acabam servindo de "escada" as discussões elencadas pelo filme, cujo norte se encontra no olhar feminino, sendo o conflito abraçado por este ponto de vista (pelo menos são as personagens femininas as que mais se sobressaem a trama).
Sofrendo um pouco com o ritmo arrastado e com a tímida inventividade de Wells na composição das cenas - que aqui trabalhou ao lado do diretor de fotografia brasileiro, Adriano Goldman (360) -, Álbum de Família pode até soar mais como teatro que como cinema (fato!), mas sua premissa torna-se tão interessante e suas personagens, apesar de exageradas, chamam tanto a atenção que estas pequenas falhas acabam sendo deixadas de lado. Não que a temática seja parecida, mas por também se tratar de uma "peça filmada", o filme me lembrou bastante Deus da Carnificina, de Roman Polanski, e qualquer obra que sugira Polanski pode ser considerada no mínimo interessante.
Obs.: Mesmo longe de genial, a trilha sonora composta por Gustavo Santaolalla (O Segredo de Brokeback Mountain) apresenta alguns belos temas.
Desde os primeiros minutos de projeção é perceptível que o grande forte do filme encontrar-se-á em seus personagens, especialmente na figura da matriarca vivida por Streep, que sofre não apenas de câncer, mas de um desvio de conduta dos mais agudos. Sua relação com as filhas - vividas por Margo Martindale (As Horas), Julianne Nicholson (Kinsey - Vamos Falar de Sexo), Juliette Lewis (Assassinos por Natureza) e Roberts - é o eixo principal do filme, mas temas outros (todos relacionados a convívio familiar) são abraçados pelo texto de Tracy Letts. Peça à parte, é notório que, caso a entrega e o encaixe do elenco não fosse tão acertado os diálogos inflamados de Letts não causariam muito impacto, justamente por sua verborragia não ser tão bem decupada para a mídia cinema. Com isso, vez ou outra o filme acaba tropeçando no melodrama ou se excede na histeria, mas John Wells consegue nivelar tal desequilíbrio, mesmo que sua direção privilegie mais a condução dos atores e atrizes do que em estabelecer um estilo particular de filmagem.
Os elenco masculino também merece destaque, suprindo bem o papel de suporte ao "show" proporcionado pelas mulheres. Da rápida participação do veterano Sam Shepard (Amor Bandido) as presenças carismáticas de Chris Cooper (Beleza Americana), Ewan McGregor (Sentidos do Amor) e Dermot Mulroney (A Perseguição), passando pelo pouco aproveitado Benedict Cumberbatch (Além da Escuridão - Star Trek), todos acabam servindo de "escada" as discussões elencadas pelo filme, cujo norte se encontra no olhar feminino, sendo o conflito abraçado por este ponto de vista (pelo menos são as personagens femininas as que mais se sobressaem a trama).
Sofrendo um pouco com o ritmo arrastado e com a tímida inventividade de Wells na composição das cenas - que aqui trabalhou ao lado do diretor de fotografia brasileiro, Adriano Goldman (360) -, Álbum de Família pode até soar mais como teatro que como cinema (fato!), mas sua premissa torna-se tão interessante e suas personagens, apesar de exageradas, chamam tanto a atenção que estas pequenas falhas acabam sendo deixadas de lado. Não que a temática seja parecida, mas por também se tratar de uma "peça filmada", o filme me lembrou bastante Deus da Carnificina, de Roman Polanski, e qualquer obra que sugira Polanski pode ser considerada no mínimo interessante.
Obs.: Mesmo longe de genial, a trilha sonora composta por Gustavo Santaolalla (O Segredo de Brokeback Mountain) apresenta alguns belos temas.
★★★½
TRAILER
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