09 abril, 2014

Beijos Que Matam (Kiss the Girls, EUA, 1997).

"Um detetive está à procura de um colecionador mortal. Sua única esperança é a mulher que fugiu dele" (Livre tradução do texto disposto no poster promocional do filme).

Primeira adaptação cinematográfica de uma obra do best-seller James Patterson, Beijos Que Matam carrega consigo o peso do autor e a forte presença de Morgan Freeman (Medo da Verdade) - que compõe uma ótima versão do detetive Alex Cross -, além de contar com uma participação de destaque da até então "desconhecida" Ashley Judd (Tempo de Matar), mas a falta de grande surpresas e o prolongamento do filme acabam por comprometer um pouco do seu resultado final, que acaba funcionando como thriller policial, mas sem alcançar o nível de obras-chave do gênero também lançadas na década de 1990, como O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme e Se7en - Os Sete Crimes Capitais, de David Fincher.

A direção de Gary Fleder (O Júri), se não surpreende, surge correta, explorando com razoável equilíbrio as sequências de ação e suspense (que uma obra do gênero pede) e desenvolve bem a relação entre as personagens de Freeman e Judd, o que pode ser posto como um dos maiores acertos do filme, já que acentua no mesmo uma maior densidade dramática. Logo, mesmo não sendo nenhum Demme ou Fincher, Fleder desempenha aqui um trabalho bacana como diretor. Em contrapartida, o roteiro adaptado por David Klass (Medidas Desesperadas) acaba não funcionando plenamente, falhando especialmente na resolução do último ato (excessivamente apoiado em clichês dos mais cansados da dita "literatura policial"). Todavia, tendo como mote de observação a estrutura de roteiro abraçada por Klass, é notório o respeito que o mesmo teve ao estilo de escrita dos romances de James Patterson - prólogo, desenvolvimento da trama principal, pequeno interlúdio e fechamento abrupto -, faltando apenas um arranjo mais cuidadoso à mídia cinema, pois o que funciona em texto não necessariamente é cabível quando transposto ipsis litteris para o cinema (Dan Brown que o diga).

No geral o roteiro e a direção de Beijos Que Matam funciona, mas ainda assim parece faltar um ânimo a mais ao filme, especialmente no que se refere ao desenvolvimento dos climas de mistério, suspense e, por que não, horror - assim como os filmes listados no início do texto, este também trata de uma investigação criminal que envolve um assassino serial -, que são implicitamente "pedidos" para a consecução da trama. Sendo assim, faltou equilíbrio entre o que (teoricamente) fora pretendido pelos realizadores e o produto final entregue por estes. Some-se a isso o fato de que os créditos iniciais já sugeriam a identidade do assassino - o sujeito mais atento vai desconfiar da ordem dos nomes dispostos na abertura do filme - e temos um roteiro com potencial, mas que escorrega nos próprios pés.

Visualmente comum - Fleder e o diretor de fotografia Aaron Schneider (Pequeno Milagre) não saíram do básico - e sem uma trilha sonora que amplifique os ânimos (Mark Isham, assim como quase todos no filme, faz aqui um trabalho apenas correto), Beijos Que Matam consegue manter a atenção do espectador e apresenta alguns lampejos de brilhantismo, mas estes não são materializados suficientemente a ponto de tirar o filme do lugar-comum, do óbvio para o surpreendente. Talvez respeitoso demais à obra original ou talvez incapaz de captar a essência da mesma, o certo é que o filme funciona no limite do aceitável, muito graças a química e carisma da dupla protagonista e dos lampejos de criatividade de Fleder na direção. No mais, uma peça de entretenimento cuja promessa não materializou-se de forma completa.

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