12 abril, 2014

Na Teia da Aranha (Along Came a Spider, EUA, 2001).


"O jogo está longe de acabar" (Livre tradução da frase disposta no poster do filme).
Lançado quatro anos após Beijos Que Matam, Na Teia da Aranha é uma sequência tardia do sucesso noventista - é perceptível o envelhecimento de Morgan Freeman -, mas que apesar de possuir uma trama menos interessante (há certos exageros que a tornam pouco verossímil) acabou agradando ao público, acabando por se tornar um relativo sucesso de bilheteria. Adaptação do primeiro livro da série Alex Cross de James Patterson - fazendo caminho semelhante ao tomado pelas duas adaptações cinematográficas das obras de Dan Brown, O Código Da Vinci e Anjos e Demônios -, tem-se aqui uma obra menos próxima ao suspense investigativo/criminal do longa anterior e mais afeta à ação (inclusive com toques de Missão: Impossível!), talvez devido a direção do neozelandês Lee Tamahori (007 - Um Novo Dia para Morrer, O Vidente), mais conhecido por seus trabalhos "frenéticos".

Mesmo não sendo um filme ruim, é perceptível que os principais destaques obtidos pelo longa anterior não conseguem ser repetidos por esta sequência. À exceção da composição de personagem e comprometimento de Freeman (que, apesar de tudo, mostra certo cansaço em comparação a Beijos Que Matam), temos em Na Teia da Aranha menos personagens interessantes, um plot mais dinâmico - o roteiro coube ao estreante Marc Moss, que pouco mais de uma década depois viria a escrever o reboot da série Alex Cross, o mediano A Sombra do Inimigo -, porém menos envolvente e mais afeito ao exagero, o que acaba destoando um pouco o filme do anterior. É certo que a linha narrativa que conduz a trama chama a atenção, mas alguns detalhes na construção desta trama não convencem, o que acaba diminuindo um pouco o apelo do filme.

Outros pontos que não favorecem ao filme encontra-se na escalação do elenco. A parceira de Alex Cross (Freeman), interpretada pela bela e inexpressiva Monica Potter (Patch Adams - O Amor é Contagioso), não tem profundidade alguma e causa mais antipatia que envolvimento, enquanto o vilão vivido por Michael Wincott (O Corvo), apesar de bem apoiado pela voz grave e imponente do ator, revela-se risível quando a fundamentação de suas ações são reveladas. Já Dylan Baker (Homem-Aranha), geralmente um ator competente, compõe aqui um personagem sem carisma e particularmente inútil à trama (sendo isto culpa de Moss, não do ator). Logo, nota-se que sobra à Morgan Freeman a missão solitário de segurar o filme, o que o mesmo consegue, quando não sabotado pelos ataques de exagero cometidos por Marc Moss.

Contudo, nem só de falta vive Na Teia da Aranha, já que existem alguns aspectos no filme que inclusive superam os do longa anterior. Primeiro temos aqui uma trilha sonora mais encorpada e empolgante que a realizada anteriormente por Mark Isham (42 - A História de uma Lenda), aqui composta e orquestrada pelo mestre Jerry Goldsmith (A Profecia), que complementa o clima de ação do filme, sem esquecer de sugerir suspense entre cenas. Também a direção de Lee Tamahori acrescenta características distintas das apresentadas por Gary Fleder em Beijos Que Matam, orquestrando melhor as sequências de ação - sendo possível destacar a direção do prólogo - e empregando um bom ritmo ao filme como um todo. Falta-lhe o cuidado na condução das cenas mais dramáticas, mas como estas acabam não sendo bem trabalhadas pelo roteiro, tal escorregada acaba não indo para a conta de Tamahori.

Conseguindo cumprir a missão de entreter sem exigir demais do espectador, talvez o maior problema de Na Teia da Aranha resida na oscilação de qualidade de sua premissa - escancarada pelo roteiro problemático -, que exagera no número de situações implausíveis postas à trama com o intuito de eletrizar o espectador, mas que acaba por afastar o mesmo, já que extrapola o dito "aceitável" para uma obra cujo objetivo deveria ser "pé no chão". Talvez parte da culpa desta tendência hiperbólica do filme resida no fato de que à época vivia-se o segundo furor da computação/informática, o que é perceptível nas inúmeras cenas repletas de computação gráfica (hoje risíveis) e/ou explosões. 

O fato é que, apesar dos méritos desta e de outras obras baseadas em livros de James Patterson, ainda não foi produzida uma que preservasse a essência dos thrillers policiais escritos pelo popular escritor. Será que as obras de Patterson não casam bem com a mídia cinema? Prefiro acreditar que não, que apenas precisa receber um tratamento de alguém que entenda melhor tanto da linguagem cinematográfica quanto do estilo abraçado pela série de livros do autor. Enquanto isso, ficamos a mercê de versões medianas das obras protagonizadas pelo detetive Alex Cross, como esta Na Teia da Aranha.

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