02 agosto, 2014

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, EUA, 2014).


Casamento "feliz" entre Indiana Jones e Star Wars, Guardiões da Galáxia, comédia de aventura escrita e dirigida por James Gunn (Seres Rastejantes), pode ser categorizado como surpreendente. Primeiro, por apresentar um grupo de personagens coeso e carismático, sem que o público (em sua maioria) possuísse qualquer relação prévia para com ele. Segundo, pelo tom dado ao filme, que mistura sequências de ação de encher os olhos - super coloridas, por sinal -, dilemas épicos e tiradas cômicas muito bacanas, que servem (pasmem!) também como instrumento para aprofundar alguns de seus personagens, especialmente o líder Senhor das Estrelas/Peter Quill.

Há um clima de leveza durante toda a projeção e o tempero de humor - aspecto este presente em praticamente todos os filmes da Marvel Studios, em menor ou maior grau - aqui atinge seu ápice, visto que este não aparece como uma muleta, como uma forma de "respiro" da trama, mas sim faz parte do objetivo narrativo pretendido por Gunn, que deposita bastante confiança em seu protagonista, Senhor das Estrelas, interpretado com disposição e carisma pelo inusitado Chris Pratt (Ela) - o ator entrega um personagem tão divertido quanto o capitão Kirk de Chris Pine, por exemplo.

A equipe de heróis espaciais encontra corpo (e alma) não apenas com Pratt e seu Senhor das Estrelas, pois Gamorra (Zoe Saldana, de Avatar), Drax (Dave Bautista, de Riddick 3), Groot (voz de Vin Diesel, da franquia Velozes e Furiosos) e Rocket (voz de Bradley Cooper, de Trapaça) são tão responsáveis quanto o primeiro pela atração sentida por Guardiões da Galáxia ultrapassar a simples contemplação de pixels, piadas e explosões. É claro que o desenvolvimento dramático dos personagens não é tão aprofundado, mas se os demais filmes Marvel já guardavam algumas características de sua fonte primeira, as histórias em quadrinhos, este filme escancara seu respeito a mídia original de seus personagens, dando movimento a uma trama com toda a cara de história em quadrinhos.

Dentre os personagens, o menos interessante acaba sendo o vilão Ronan, interpretado por Lee Pace (O Hobbit: A Desolação de Smaug) sob toneladas de maquiagem (real e digital). Sua motivação é fraca e seu papel no filme é risível - nunca compramos que ele seja uma ameaça, ainda mais quando somos apresentados a um imponente Thanos -, o que de certa maneira "combina" com a pegada posta por Gunn. Reputo a fragilidade do personagem mais ao roteiro deste (junto a Nicole Perlman) que ao desempenho de Pace, que no máximo escancara na caricatura. Benício Del Toro (Selvagens ), John C. Reilly (Deus da Carnificina), Djimon Hounsou (Diamante de Sangue) e Glenn Close (Atração Fatal) também participam do longa, mas seus personagens são "qualquer coisa".

As sequências de ação de Guardiões da Galáxia são eficientes - apoiadas, obviamente, em efeitos especiais de alta qualidade -, mas o que salta aos olhos, além do bom ritmo (méritos de Gunn e dos montadores Fred Raskin (Django Livre), Hughes Winborne (Crash - No Limite) e Craig Wood (Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra), é a seleção de canções dos anos 1970 e 1980 que entrecortam o filme, inclusive sendo grande suporte narrativo, já que se conectam as motivações do personagem de Chris Pratt. Em contrapartida, os temas compostos por Tyler Bates (300) mostram-se apenas corretos (realçam os momentos mais épicos, mas não marcam aos ouvidos), enquanto o desenho de produção (Charles Wood, de Thor: O Mundo Sombrio) e equipe de arte materializam bem os diversos tipos que surgem em cena, mas sem tanto frescor, ficando a impressão de "já vimos isto antes" escancarada. Todavia, isso não quer dizer que a parte estética do filme seja ruim ou fraca, pelo contrário, pois ela é convincente e dá suporte ao tom "non sense" dado por Gunn ao filme.

Divertido e competente, Guardiões da Galáxia talvez seja o maior acerto dos estúdios Marvel desde sua estreia com Homem de Ferro, lá em 2008, visto que conseguiu apresentar um filme cujo universo é desconhecido para praticamente todos os espectadores ao redor do mundo (leitores ou não de histórias em quadrinhos) de forma clara e interessante, despertando o interesse imediato de uma sequência para conferirmos mais desventuras desta inusitada equipe de super-heróis. É certo que os eventos deste filme serão de suma importância para os que nos serão apresentados na sequência de Os Vingadores, cujo lançamento está previsto para meados de 2015, contudo, sendo bastante sincero, pouco me importa a relevância para com o cânone cinematográfico da Marvel, pois talvez o interesse acerca do universo deste filme tenha despertado mais interesse do que sua relação com os demais super-heróis Marvel.

★★  
Obs.: Agradecimentos a rádio Nova FM Arapiraca, pelo convite para o filme.

TRAILER


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