Inside Llewyn Davis é o filme mais sensível da filmografia de Joel e Ethan Coen (Onde os Fracos Não Tem Vez), como também um dos mais introspectivos. Esteticamente primoroso - a fotografia de Bruno Delbonnel (Sombras da Noite) é sublime - e interessante narrativamente - apesar de possuir uma trama simples, os Coen não a constroem de maneira óbvia, desenvolvendo as personagens ao mesmo tempo em que as deixam cercadas de enigmas -, o longa presta um tributo ao rol de artistas que possivelmente teriam muita coisa à apresentar, mas cujo sucesso não bateu as suas portas. Espécie de Bob Dylan azarado, Llewyn Davis (Oscar Isaac, fascinante) mostra talento e certa dedicação, mas sua percepção distinta da vida, sua falta de direcionamento, somado a má vontade dos executivos da música à época (o filme se passa no início da década de 1960), sabotam seus planos e sonhos, deixando-o a margem dos bares e "buracos" da vida. Inside Llewyn Davis possui um ritmo lento - a montagem coube aos próprios Coen -, mas isto, de certa forma, ajuda à criação da "aura" particular da obra, que alça voos mais altos com a inclusão da excelente seleção musical, liderada por T Bone Burnett.
★★★★
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