08 julho, 2012

1408 (EUA, 2007).

"Algumas portas estão trancadas por uma razão". (Tradução da frase que ilustra o poster do filme).
Mais uma adaptação cinematográfica de uma obra do escritor norte-americano Stephen King (no caso deste, um conto), 1408 tem uma premissa interessante, recheada de referências kafkanianas, mas que se perde justamente no essencial para um bom filme de terror: o medo. Apesar da boa ambientação e da performance carismática e competente de John Cusack (Escrito nas Estrelas), o filme dirigido pelo sueco Mikael Häfström (O Ritual) não causa pânico ou agonia suficiente que o transforme numa obra realmente assustadora. Há boas sacadas visuais no filme e realmente é de se apavorar ao se imaginar nas situações passadas pelo personagem de Cusack, um escritor cético que carrega dores não cicatrizadas do passado (clichêzaço, por sinal), no entanto a execução das cenas de horror não causam medo e são pouquíssimos os sustos provocadas pelas mesmas, aspecto primeiro para um bom filme do gênero.


Conceitualmente a obra gera interesse, mais em relação ao drama interno do personagem escritor e como isso se externaliza através de sua constante busca pela comprovação da presença do sobrenatural, quase que como desejando justificar uma outra realidade onde sua vida possa ser diferente (alguns elementos do passado deste que serão revelados de acordo com o andamento do filme), onde possa encontrar paz, do que o quarto do mal em si e suas "maquinações" psicológicas. Mas esta aí um outro aspecto que gera interesse, mas que não traz sustentabilidade total: o aspecto psicológico da trama. Na minha opinião, caso os eventos acontecidos no quarto 1408 tivessem uma conotação mais dúbia, que desse margem a divagações acerca da realidade dos eventos ocorridos naquele, o filme ganharia bastante em termos de profundidade e interesse. Infelizmente isto não acontece, até por que o desfecho do mesmo aplica algumas concessões um tanto óbvias, com direito ao final dúbio centrado no olhar do protagonista.


Talvez por ter sido escrito a seis mãos - participaram da confecção do roteiro Matt Greenberg (Aprendiz de Feiticeiro), Scott Alexander e Larry Karaszesky (ambos de Ed Wood) - ou por interferências comerciais do estúdio, 1408 tenha saído com uma premissa interessante, uma direção bem executada - Häfström sabe filmar, filmando planos e sequências elegantes - e elementos de criatividade mas que, no final das contas, não causa o medo necessário que justifique os elementos montados pela trama até então. Longe de ser um filme ruim, mas também distante de ser uma grande referência do terror, 1408 é possuidor de uma premissa mais interessante do que sua realização apresenta, mas que reserva alguns poucos mas bons momentos de lampejos de criatividade. Entretanto, uma pergunta não pode deixar de ser feita: qual é a função narrativa que o personagem "dúbio" de Samuel L. Jackson (Os Vingadores) acrescenta à trama? 

AVALIAÇÃO:  
TRAILER:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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