29 julho, 2012

Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, EUA, 2012).


Enquanto o primeiro filme da trilogia orquestrada por Christopher Nolan (A Origem) tem uma pegada mais aventuresca e de (óbvio) caráter introdutório, o filme do meio investe mais concentradamente no lado emocional dos personagens, além de ser conduzido como um misto de thriller e filme policial, o aguardado fechamento da trilogia do Batman tem em O Cavaleiro das Trevas Ressurge o tom mais grandioso e operístico de todos os filmes, galgando facilmente a categorização de épico. Este encontra-se épico em comparação aos demais títulos da franquia na duração, no número de personagens em tela e nas viradas de roteiro (plot-twists), mas principalmente em sua narrativa complexa (em grande parte devido a todos os elementos agora citados) e na grandiloquência dos eventos mostrados, que culminam numa verdadeira revolução - como os trailers do filme pincelam de maneira generosa - em tela.

Mais uma vez escrito a quatro mãos pelos irmãos Nolan (o nome do outro é Jonathan), com o auxílio criativo de David Goyer (Motoqueiro Fantasma 2: O Espírito da Vingança),  Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge é um mais do que um simples filme, é uma experiência quase tátil para aqueles que apreciaram as demais partes da trilogia, possuindo uma organicidade e interesse bastante particulares, articulando eventos anteriormente apresentados de forma a fechar um ciclo de ideias (sim, estas existem aos montes, basta prestar atenção e em sua grande maioria transcendem o universo fictício do filme e possuem relação direta com nossa sociedade atual), como o próprio título do filme adverte, além de prontamente deixar alguns elementos preciosos para os possíveis futuros da franquia.

Ambientado 8 anos após os acontecimentos de Batman, o Cavaleiro das Trevas, este terceiro filme nos mostra a cidade de Gotham "curada" dos altos índices (termo mais do que conectado a proposta do longa) de criminalidade e corrupção, através da aprovação e posterior emprego da lei Harvey Dent e do desaparecimento do vigilante Batman, taxado como criminoso (e presumido assassino de Dent) e persona non grata pelo poder público da cidade. Enquanto acompanhamos o alter-ego do vigilante, Bruce Wayne (Christian Bale, de Os Indomáveis) debilitado e recluso (como não lembrar de Howard Hughes), somos apresentados a novos nomes, dentre eles Selina Kyle (Anne Hathaway, de O Diabo Veste Prada), Miranda Tate (Marion Cottilard, vencedora do Oscar de atriz por Piaf), o sub-comissário Peter Foley (Matthew Modine, de Nascido para Matar), o policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt, de 500 Dias com Ela), além do vilão Bane (Tom Hardy, de Guerreiro), realmente aterrorizante e dominador. Com um plantel de personagens tão grande como este (que ainda conta com grande parte do elenco dos filme anteriores), a missão de destacar cada um destes de forma orgânica e crível é talvez o maior desafio dos Nolan neste filme, mas felizmente este é cumprido com competência em quase todo o filme.

Deliberar aqui acerca do enredo do filme é um desperdício, visto que, apesar de todo filme (obra em geral) merecer ser descoberto por cada indivíduo de maneira própria, sem subterfúgios, este mais do que nenhum tem um "q" de expectativa à lá Psicose, de Alfred Hitchcock, encaixando-se naquele tipo específico de produto que perde bastante quando não descoberto ao ser assistido, portanto a maior dica para aqueles que querem sentir todo o cabedal de emoções provocados por Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge é não consumir informações detalhadas acerca da trama e dos novos personagens inseridos neste filme, que o consumam apenas com as informações disponibilizadas nos filmes Batman Begins e Batman, o Cavaleiro das Trevas, pois acredito que a sensibilização e apreciação para com a obra fluirá exponencialmente maior.

Trama a parte, não há como não destacar alguns dos elementos de âmbito de técnico e de composição do filme. Em primeiro lugar, não posso deixar de aplaudir de pé a trilha musical composta por Hans Zimmer (Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras) - pela primeira vez assumindo a função sozinho na franquia Batman -, que conduz praticamente cinquenta porcento da tensão do longa, hipnotizando o espectador e coroando o aspecto operístico desta conclusão com sobras. Outro que brilha ainda mais aqui é Wally Pfister (O Grande Truque), fotógrafo recorrente de Christopher Nolan, que após os dois outros filmes da agora trilogia consegue finalmente definir os tons e as cores que representam não só os personagens, mas principalmente a cidade de Gotham, talvez a personagem principal deste derradeiro capítulo. Como não falar também do responsável pela montagem do longa, Lee Smith (O Show de Truman), que imprime o equilíbrio certo na alternâncias de ritmo do filme, sem nunca deixar a tensão cair.

Um dos filmes mais esperados dos últimos anos, seria necessário um texto muito mais longo do que este (e diversas outras conferidas do filme) para comentar todos os elementos de destaque (e, por que não, de falhas) de Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge. Entretanto, como a função aqui é apenas sugerir produções e fomentar o debate acerca delas, creio que sintetizar o filme dizendo que este é o mais grandioso produto da franquia, o mais ambicioso e o dono do maior número de referencias ao universo do herói nas histórias em quadrinhos, além de ser talvez o mais profundo no que se refere a humanidade dos personagens, apresentando situações e contrapesos dramáticos de qualidade ímpar. Disse anteriormente neste blog que Os Vingadores é, por enquanto, a melhor tradução - pelo menos a mais próxima - de uma história em quadrinhos clássica (clichê, talvez) para o cinema, mas O Cavaleiro das Trevas Ressurge (conjuntamente a Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, que são inegavelmente produtos conectados e conectáveis) é a melhor recriação de um personagem estabelecido em uma mídia para outra totalmente diferente, que funciona perfeitamente como uma espécie de confabulação ou sonho acordado de qualquer indivíduo com um senso mínimo de criatividade: como seria no mundo atual um personagem como o Batman nos quadrinhos e como aquele se comportaria com a onipresença deste? Brilhante é pouco, a melhor palavra para defini-lo seria Épico. 

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Obs.: E, para quem insistir em quer comparar Os Vingadores com O Cavaleiro das Trevas Ressurge saiba que isto é uma perda de tempo, pois seria o mesmo que comparar os atos de beber e de comer, pois ambos são inegavelmente necessários, mas cada um tem suas próprias particularidades e, por que não, idiossincrasias próprias. Para quem não entendeu, é como comparar Star Wars: Uma Nova Esperança com O Poderoso Chefão, ambos são clássicos supremos da sétima arte, mas como medir quem é (e o que há de) melhor entre um e outro. Praticamente impossível, justamente por se tratarem de obras e, principalmente, propostas tão distintas. 

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De tão uniforme e comprometido com o que deseja contar, creio que não há como apontar O grande destaque de Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge no que se refere a personagem/atuação. Sendo assim, mesmo tendo minhas preferências mais do que pessoais, acredito que a homenagem a todo o elenco principal seja o mais acertado. Sendo assim, minhas reverências as criações e recriações de Christian Bale, Michael Caine (Vestida para Matar), Morgan Freeman (Menina de Ouro), Gary Oldman (O Espião Que Sabia Demais), Liam Neeson (A Perseguição), Cillian Murphy (Vôo Noturno), Heath Ledger (R.I.P.), Aaron Eckhart (Reencontrando a Felicidade), além dos recém-chegados ao universo da franquia cinematográfica, mas já incríveis Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Anne Hathaway e Marion Cottilard. Aplausos e assobios a todos, além de toda a produção da até então definitiva visão de Batman e seu universo particular no cinema.

AVALIAÇÃO: 
TRAILER:


Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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