13 maio, 2012

Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole, EUA, 2010).


Retratar as amarguras mais íntimas do ser-humano não é tarefa fácil, muito menos é prazeroso ao espectador conferir a um festival de momentos de depressão e dor, atrelados a perda de um ente querido, entretanto é inegável nosso fascínio por temas desta espécie e, quando o filme a abordá-los é competente e delicado, como o é Reencontrando a Felicidade (infelizmente um título desloucado da proposta original do filme), o misto de satisfação e engrandecimento ressoam em nós, mesmo que a partir de uma experiência em sua grande parte negativa.

Contando com grandes interpretações - na verdade uma verdadeira entrega - da oscarizada Nicole Kidman (Os Outros), que recebeu mais uma nomeação por este papel de mãe amargurada após a morte do filho pequeno e do carismático Aaron Eckhart (Obrigado por Fumar), excelente como "escada" para a tocante atuação de Kidman, além de entregar pequenos momentos de brilho próprio, Reencontrando a Felicidade é daqueles filmes que começam debruçados sobre um viés de melancolia e tristeza e, apesar da jornada rumo ao sentimento de superação durante todo o filme, se encerra não muito longe do sentimento inicial, apesar da maior compreensão acerca da "problemática" vivida pelos personagens de Kidman e Eckhart.

Adaptação de uma peça de teatro pelo próprio criador da mesma, o roteirista e dramaturgo David Lindsey-Abaire (Coração de Tinta) e dirigido com delicadeza e coragem por John Cameron Mitchell (Shortbus),  Reencontrando a Felicidade é um filme de atores e de atuação, de compartilhamento de dor e perda, de transcendência e, mesmo não sendo complacente para com o delicado estado de perda do casal em luto abordado, consegue estabelecer uma espécie de conexão imediata entre personagens e espectador, principalmente para com aqueles, como eu, nunca perderem um ente querido, mas que vivem, mesmo que pelos olhos de outrem, esta dor e luta para se erguer transmitidos pelos personagens de Kidman e Eckhart. Em resumo, este é um filme com contornos de depressão, pesado e não muito positivo, entretanto bonito e poético ao seu modo, que proporciona bons momentos de reflexão para aqueles sensíveis o suficiente para sentirem a perda do outro (infelizmente, aspecto este cada vez mais raro entre nós, seres-humanos).

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Obs.: Apesar da atuação espetacular, não deixa de ser notável o fato da boca de Nicole Kidman estar bastante estranha após tantas intervenções estéticas, já que a mesma aparece fazendo bicos automáticos quando não está falando. Este formato estranho - excessivamente artificial -, infelizmente, encontra-se registrado tanto neste filme quanto no horroroso Reféns, de Joel Schumacher, no qual Kidman faz dupla com Nicolas Cage. Enfim, uma pena que uma atriz tão bela tenha "destruído" parte de si de maneira tão ridícula.

AVALIAÇÃO: 


Trailer:


Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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