21 maio, 2012

Apocalypse Now (EUA, 1979).

"Adoro o cheiro de napalm pela manhã!" (Coronel Kilgore, interpretado por Robert Duvall).
Polêmico e complexo, Apocalypse Now é considerado um dos maiores e melhores filmes a tratar da guerra e talvez o melhor exemplar acerca da Guerra do Vietnã, apesar da existência de outros grandes filmes como Platoon, de Oliver Stone e Nascido para Matar, de Stanley Kubrick contribuírem para com a análise do conflito, mas que não se aproximam tanto da insanidade transmitida pelo filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes. Altamente psicológico e tenso, este ambicioso trabalho de Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão) adapta o livro de Joseph Conrad, Coração das Trevas, de 1902, para o conflito bélico no Vietnã, construindo um painel lisérgico e profundo sobre talvez a guerra com motivação mais estúpida do século passado. Dono de uma estrutura narrativa estilo odisseia, percebe-se desde o início, quando somos apresentados ao capitão Willard (Martin Sheen, de Os Infiltrados), que o mesmo já encontra-se transloucado pelo cenário de estupidez da guerra, assim como todos aqueles que combatem no país asiático e também com aquele cujo Willard receberia a missão de assassinar, o Coronel Walter Kurtz  de Marlon Brando (Uma Rua Chamada Pecado), caracterizado pelo exército norte-americano com um desertor louco de posse de um exército de mercenários vietnamitas. Num lugar onde apenas sangue e atos de insanidade são pintados, como não crer que todos aqueles que respiram este ar não foram contaminados pelo "vírus da loucura".

Amplamente filosófico, sensível, visceral e tenso do início ao fim, Apocalypse Now é mais do que um filme, é uma experiência. É um produto altamente violento, tanto no sentido gráfico quanto (principalmente) no aspecto psicológico, conduzido dessa forma justamente com o intuito de destacar seu discurso anti-guerra, de crítica não só ao incabível conflito no Vietnã, mas a insustentabilidade ética de qualquer conflito bélico. Possuidor de sutilezas e transições de imagens de forma poética, personagens humanos e profundos, enredo denso e provocador, além de uma coleção de imagens e cenas que com certeza permearão a fundo nas mentes daqueles que conferirem esta obra ímpar.

Apesar de ser difícil destacar momentos num filme tão completo quanto este, a participação de personagem Kilgore, interpretado por Robert Duvall (Os Donos da Noite) e sua paixão por surf, que chega ao ápice no ataque da "cavalaria aérea" ao som de Wagner é inesquecível, tanto quanto a primeira aparição do Coronel Lutz de Marlon Brando, curiosamente sempre iluminado em contra luz, evidenciando talvez seu momento de confusão, luz e sombra representando seu conflito psicológico.

Escrito em conjunto por Coppola e John Millius (Conan, o Bárbaro), que ganharam o Globo de Ouro pelo roteiro, dono de personagens marcantes e fantásticas performances de Brando, Sheen, Duvall (vencedor do Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante) e Dennis Hopper (Sem Destino), fotografia (vencedora do Oscar), som (vencedor do Oscar) e direção de arte primorosas, trilha sonora intensa e cenas inesquecíveis, Apocalypse Now possivelmente foi o último grande filme de Francis Ford Coppola, no sentido de ambição épica, talvez sendo apenas superado pela versão Redux do próprio filme lançada somente em 2001, dona de quase uma hora a mais de duração.

AVALIAÇÃO: 




Trailer:


Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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