15 maio, 2012

Ligadas pelo Desejo (Bound, EUA, 1996).


"O que ela fez com você?" (pergunta Caeser, personagem de Joe Pantoliano)
"Tudo que você não pode!" (responde Violet, personagem de Jennifer Tilly)
Este primeiro filme dirigido e escrito pelos criadores de Matrix, Andy e Larry Wachowski é genial. Sensual, violento, intrigante e tenso, Ligadas pelo Desejo começa com uma espécie de Instinto Selvagem lésbico, mas depois se desenvolve numa espécie de thriller muito bem acabado, num enredo que mistura elementos de máfia e de filme noir - alguns o classificam como neo-noir -, lembrando uma mistura de Alfred Hitchcock com Quentin Tarantino, Guy Ritchie e Os Suspeitos, de Bryan Singer. Na verdade, toda a tensão e interessa proporcionada pelo filme vem pela expectativa, dessa forma não seria correto descrever a trama aqui, apenas o estilo de abordagem pretendida pelos irmãos Wachowski.

Antes desse Ligados pelo Desejo o único trabalho com cinema dos Wachowski tinha sido a autoria do roteiro do filme Assassinos, de Richard Donner. Sendo assim, com certeza foi uma grande surpresa esta  fulminante estreia da dupla como autores e diretores, talvez superada apenas pelo trabalho posterior dos irmãos, o cultuado Matrix, apesar de considerar ambas as obras incríveis e inventivas da mesma forma, apenas conectadas a estilos e gêneros distintos. O que tanto Andy quanto Larry (hoje Lana, visto que o mesmo mudou de sexo!) trazem aqui um dos maiores filmes de suspense que já assisti, não apenas do ponto de vista de roteiro - que é criativo e fechadinho, mas não espetacular -, mas principalmente na técnica de filmagem adotada por estes, desde ângulos inusitados a closes em determinados objetos e pessoas, que ajudam bastante na coerência narrativa do enredo. 

A direção de atores também beira a perfeição, com as duas protagonistas - Gina Gershon, de Distúrbio Mortal e Jennifer Tilly, de O Mentiroso) sensuais e competentes em seus papéis, realmente convincentes como duas lésbicas duronas (mais a primeira que a segunda). As cenas de sexo entre as duas talvez seja a mais excitante e sensual que já conferi até hoje. Entretanto, o grande nome do filme é Joe Pantoliano (Amnésia), que dá vida a um antagonista ao mesmo tempo ameaçador, boa-praça e patético, dando uma tridimensionalidade e interesse ao personagem de forma exemplar.

Enfim, Ligadas pelo Desejo não foi um grande sucesso quando lançado no já longínquo ano de 1996, mas fez um relativo sucesso no mercado de home-video e, mais importante, apresentou ao mundo o talento de Andy e Larry (ou Lana) Wachowski como contadores de histórias e, principalmente, entertainers. Não é tão lembrado como Matrix, mas é tão essencial quanto. Mais um filmaço descoberto de forma um tanto quanto tardia por mim.

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Obs.: Apenas a título de curiosidade, grande parte da equipe que trabalhou com os Wachowski em Ligadas pelo Desejo retomou a parceria em Matrix, como o diretor de fotografia Bill Pope, o compositor Don Davis, além do ator Joe Pantoliano, que faz um personagem emblemática no jovem clássico da ficção-científica.

AVALIAÇÃO: 


Trailer:



Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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