Mesmo não sendo o mais querido da franquia, para mim este segundo filme de Wes Craven (A Hora do Pesadelo) no comando criativo da série de filmes do ser Freddy Krueger é o único que continua assustador e tenso do começo ao fim. Contando com um roteiro feito totalmente sob o viés da metalinguagem - na verdade, o mote desse Novo Pesadelo é o fato de o filme original da franquia A Hora do Pesadelo ter sido realmente um filme. Ou seja, antecipando a discussão que faria bastante sucesso dois anos depois com o primeiro Pânico - por sinal, também uma realização de Craven -, este filme brinca com os clichês do gênero ao transportar o mal fictício para a "realidade", justificando a presença do mesmo de forma simples, porém absolutamente crível: o ser Freddy Krueger (Robert Englund) não é simplesmente um assassino dos sonhos, mas sim a representação do mal absoluto. Quer algo mais assustador do que isso?
É óbvio que não existe perfeição nessa nova roupagem do já mitológico personagem, até por que este trabalho-homenagem realizado lançado exatamente dez anos após o original é altamente dependente dos eventos ocorridos no primeiro longa - apesar de citar os demais filmes da franquia, este filme não referencia nenhum outro a não ser o filme original -, sendo necessário conferi-lo anteriormente para um perfeito entendimento da trama e das várias referências deste Novo Pesadelo.
Em comparação ao filme original, considero o roteiro deste bem mais redondo, até por que o filme de 1984 ganha força pelo seu argumento, pelo estabelecimento da mitologia e pela criação do mito Freddy Krueger, visto que o roteiro do mesmo não é lá grande coisa, ou seja, a ideia sai melhor do que a realização. Já Novo Pesadelo complementa com competência os eventos daquele filme, esbanjando criatividade e acrescentando novos paradigmas a franquia, quase que à parte do que ocorrera nas continuações anteriores, tanto que não funciona nem como um ponto final à franquia, nem como um recomeço, mas sim como um filme a parte, mas de extremo bom gosto.
O aspecto negativo do longa fica para as mudanças estéticas, que parecem terem sido criadas com o intuito de deixar o filme com um aspecto ainda mais tenebroso, entretanto, apesar de ter funcionado na época do seu lançamento - o já longínquo ano de 1994 -, hoje soa mais artificial e menos assustador do que o visual dos demais filmes da série. Quando destaco as mudanças estéticas me refiro principalmente a composição visual do personagem Freddy Krueger, que aqui ganha uma maquiagem diferente, além de um novo chapéu e o acréscimo de uma espécie de sobretudo. Quanto ao novo design das garras, confesso que ficaram interessantes, porém não acrescentam em nada no sentido narrativo e conceitual da história.
Contando com parte do elenco do filme original - além de Englund, participam Heather Langenkamp e John Saxon, além das presenças de Wes Craven e Robert Shaye (na época, CEO da New Line Cinema, produtora dos filmes da série A Hora do Pesadelo), vivendo respectivamente eles mesmos (metalinguagem, lembra?), um roteiro bem amarrado, que traz de volta parte do clima original de tensão constante e sustos inesperados, além de ter bastante coerência em sua proposta criativa, O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger (precisava adaptar o título New Nightmare gigante desse jeito?) é, para mim, a melhor sequência ou nova versão (escolha uma opção) do primeiro A Hora do Pesadelo, não só pelo fato de ter seu criador de volta integralmente (Craven participou do terceiro filme da franquia apenas como roteirista), mas também pelo resgate da pegada do original, esquecendo os elementos de humor que tomaram a franquia nos capítulos posteriores e investindo novamente no clima de terror. Talvez o último grande filme do gênero de Craven (o primeiro Pânico é bacana, mas carrega mais cinismo e humor do que terror e os demais trabalhos do gênero do diretor infelizmente beiram a mediocridade), infelizmente Novo Pesadelo não foi bem visto na época de lançamento, talvez pelo enfraquecimento da franquia - foram seis filmes, um dia a fonte de sucesso teria que acabar - ou pela linguagem diferenciada, o que acarretou numa baixa bilheteria e em críticas mistas. Porém, como dito acima, considero este o melhor filme da série ao lado do original e creio que esta é mais uma daquelas boas obras que devem ser redescobertas pelos entusiastas do gênero.
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