10 maio, 2012

A Mulher de Preto (The Woman in Black, ING/CAN/SUE, 2012).


Possuidor de uma boa ambientação e de uma trama de qualidade que confere interesse imediato ao espectador, A Mulher de Preto não é completamente satisfatório devido as inconsistências de seu roteiro - a cargo de Jane Goldman (Kick-Ass - Quebrando Tudo), adaptando o romance de mesmo nome escrito por Susan Hill -  e da falta de segurança apresentada pelo protagonista do filme, o recém-saído da franquia Harry Potter, Daniel Radcliffe, que infelizmente não convence como um sofrido e jovem viúvo (talvez apenas no atributo jovem este convença). Com isso, o que tinha tudo para ser um entretenimento interessante e uma homenagem aos filmes clássicos de horror das décadas de 1950 e 1960, nunca alcança em sua totalidade as metas lançadas, ficando aquém principalmente os detalhes do personagem principal, que acabam perdidos pela unidimensionalidade empregada por Radcliffe.

Devido às características do papel principal - jovem advogado viúvo, ainda amargurado e com um filho pequeno - e suas nuances como personagem dramático, Daniel Radcliffe acaba não dando conta, aparentando até mesmo um certo incômodo ao interpretar esse homem "perdido", em especial nas cenas em que aparece com o filho pequeno. Não ajuda muito, em termos de concepção, o fato desse personagem manter-se em forte luto mesmo após 4 anos do falecimento prematuro da esposa - idade esta do filho do mesmo -, realçados pela falta de expressão e delicadeza de Radcliffe ao mostrar os momentos de angústia deste personagem. Enfim, um ator mais velho e com mais desenvoltura se encaixaria melhor ao papel, que de parece perdir alguém como Johnny Depp (A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça).

Além da escalação do protagonista, um outro aspecto que gerou certo incômodo encontra-se em um detalhe da trama do filme. A relação entre a mulher de preto do título para com a população do pequeno vilarejo onde a maior parte da trama ocorre é dada de maneira estranha, visto que pelas informações transmitidas pelo longa esses cidadãos não possuem ligação nenhuma com os acontecimentos do passado que despertaram o mal (ou maldição) da tal mulher de preto. Ou seja, as sucessivas mortes que ocorrem no filme aparentemente não tem relação direta com o mistério em si, acabando então tais mortes soando tendenciosas, sem mérito dramático que justificam a possível "vingança" da personagem título - a desculpa de que a alma penada representa o mal encarnado e ponto para mim não tem sustentação para com o intuito do filme.

Afora isso, o filme dirigido pelo inglês James Watkins (Eden Lake) é bem conduzido, cria um clima de expectativas eficiente e conquista o espectador de imediato, culminando num desfecho corajoso e poético. Quanto aos sustos, com exceção de uma ou outra cena negativamente clichê - aparição que vem flutuando e relinchando em direção ao personagem e some num piscar de olhos -, Watkins consegue despertar tensão em quase todo o filme. Sendo assim, mesmo com as pequenas falhas no desenvolvimento do roteiro e a falta de empatia (quiçá talento) de Radcliffe na concepção de seu personagem, A Mulher de Preto é uma boa surpresa, principalmente para um gênero de filmes com certa carência, devido à falta de títulos realmente relevantes desenvolvidos nos últimos anos.

AVALIAÇÃO: 


Trailer: 


Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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