01 maio, 2012

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: the Fellowship of the Ring, EUA/NZE, 2001).


"Muitos que vivem merecem morrer. Alguns que morrem merecem viver. Você pode lhes dar vida, Frodo? Então não seja tão ávido para julgar e condenar à morte. Mesmo os muito sábios não conseguem enxergar tudo" (Gandalf, personagem de Ian McKellen, falando sobre Gollum à Frodo, personagem de Elijah Wood).
E pensar que já se foram mais de dez anos desde que viajei com esta adaptação do best-seller do sul-africano J. R. R. Tolkien.  O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, primeira parte da trilogia, continua sendo (para mim) o melhor filme de fantasia da história do cinema, além de ser o mais bem-acabado da trilogia. Instigante do início ao fim, recheado de personagens, mas que dá muita importância e profundidade a cada um deles, épico e tenso na medida e deslumbrante visualmente, este filme marcou o primeiro passo de uma revolução cinematográfica, gerando tendências e imitadores, originando diversas outras adaptações do gênero fantástico e instigando o renascimento de um tipo de filme à muito esquecido pela indústria do cinema. Coroado com quatro Oscars (fotografia, maquiagem, efeitos visuais e trilha sonora original), todos merecidíssmos, além de obter uma honrosa indicação para Ian McKellen (X-Men, O Filme) como ator coadjuvante, A Sociedade do Anel é a prova viva de que metragem alguma, caso bem montada e dirigida, atrapalha o rendimento de um filme, visto que suas 3 horas de projeção passam voando e, além do mais, as 3 horas e meia da versão estendida passam mais rápido ainda, tal quão interessante e bem filmada é a produção.

Desenvolvido pelo até então relativamente desconhecido cineasta neozelandês Peter Jackson (Um Olhar do Paraíso), cujo roteiro ajudou a escrever e dirigiu toda a produção, com um bom elenco de nomes também um tanto quanto desconhecidos e com uma equipe técnica competentíssima, A Sociedade do Anel surpreendeu àqueles que não acreditavam que tal façanha poderia ser possível, aqueles que acreditavam na obra, mas não tinham referência alguma para comparar e aqueles que não sabiam nem do que se tratava, mas foram conquistados pela união de magia, esperança e sonho que compõe esta saga de guerra, moral e honra, que ultrapassou gerações (os livros foram publicados pós-II Guerra Mundial) e, com a ajuda do advento desta primeira parte da trilogia, galgou novos e entusiasmados fãs.

Revendo o filme hoje o sentimento que bate é o de nostalgia e orgulho. Parece um passeio por uma época não tão distante assim (como dito acima, cerca de dez anos), mas bem mais inocente e alegre. É claro que o fato de ser bem mais jovem influencia na forma com que a obra impacta o espectador, entretanto acompanhando hoje o filme como um adulto, emoções e sentimentos semelhantes aos de outrora são externalizados, talvez novos, talvez velhos ou muito provavelmente um amálgama de velhos e novos sentimentos, no entanto o que realmente é certo é que a obra continua relevante e eficiente ainda hoje. Quanto à trama, mesmo a mesma não tendo grande complexidade no que se refere a metáforas ou parábolas para com o ser-humano - o enredo segue o ritmo de uma jornada -, o filme ganha em densidade graças as diversas frases desferidas pelo elenco, em especial o mago Gandalf, que tem as melhores assertivas do filme, sempre "filosofando" acerca do potencial e das falhas do homem na tragédia anunciada  e vivida pelos personagens da trama. 

Como esquecer personagens tão "simplórios" quanto marcantes? Nada mais do que arquétipos que movem a trama, porém arquétipos cheios de sentimentos e camadas, que despertam interesse ao espectador do começo ao fim de suas participações em tela. Nomes como os de Frodo, Sam, Gandalf, Aragorn, Legolas, Gimli, Pippin, Merry, Elrond, Arwen e até mesmo Saruman e Sauron são gravados de imediato, juntamente a suas figuras, não só pelos atos cometidos pelos mesmos, mas pela construção competente de suas personalidades e, mais importante ainda, pelo carisma conferido à eles pelo talento e esforço dos seus intérpretes.

Por fim, apesar da versão cinematográfica de cinema lançada em 2001 ser eficaz (tanto no sentido narrativo, quanto no de ritmo), sem sombra de dúvida a versão estendida lançada em 2002 consegue superar a original, mesmo com seus 30 minutos a mais, inacreditavelmente impõe um ritmo mais "acelerado" e "urgente", compartilha algumas informações e detalhes que só engrandecem a trama, além de passar "voando" tanto quanto a versão de cinema. Ou seja, como classificar qual seria melhor ou pior? Talvez a única solução para se escolher qual versão assistir seja saber quanto tempo disponível você tem à gastar. Se bem que, usar 3 horas ou 3 horas e meia se deleitando pela miríade de imagens compostas por Peter Jackson e cia. como a Terra-Média de Tolkien não faz assim tanta diferença, portanto sugiro que passe trinta minutos a mais nesse mundo mágico, crível e fabular (ou seria fabuloso?), pois não importa quando, mas a trilogia O Senhor dos Anéis, e em especial A Sociedade do Anel - por ser o primeiro, por ser (talvez) o mais belo, por ter função de contextualização, por jogar as cartas na mesa etc. -, são clássicos inabaláveis, inalienáveis e inexpugnáveis do cinema moderno. Ponto, e que corram as lágrimas.

AVALIAÇÃO:
Trailer de cinema:


Trailer da trilogia em versão estendida:


Mais informações:

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring).
Bilheteria: Box Office Mojo

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