06 fevereiro, 2014

Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys, EUA, 2012).

"Eles não agem mais da forma que costumavam agir" (Livre tradução da frase disposta no poster promocional do filme).
Vivemos a era das comédias estreladas por grandes nomes do cinema de outrora, hoje senhorzinhos de grande prestígio, mas de idade avançada. A premissa destes filmes, como não poderia deixar de ser, envolve as particularidades físicas e mentais da maturidade (leia-se pós 60 anos de idade), o que pode gerar uma boa experiência cinematográfica (apesar da óbvia previsibilidade) ou não. Infelizmente para os fãs de Al Pacino (Scarface), Christopher Walken (Anjos Rebeldes) e Alan Arkin (Argo), Amigos Inseparáveis encontra-se mais próximo da linha limítrofe do não que do sim. Verdade seja dita: a única coisa que interessa no filme é a dinâmica - às vezes bem forçada - entre o trio veterano, o resto é enchimento de linguiça que pouco faz rir.

Escrito pelo jovem (e até então nada promissor) Noah Haidle e dirigido por Fisher Stevens (mais conhecido pelo seu trabalho como ator), Amigos Inseparáveis tem um sério problema de ritmo (a montagem do filme coube a Mark Livolsi, de Um Sonho Possível) e uma trama que se estica além do aceitável - não há eventos que preencham bem o objetivo principal do filme, que é apresentar o último dia de vida de um "bandido" recém liberto da penitenciária (Pacino) ao lado de seus dois ex-parceiros de "bandidagem" (Walken e Arkin) - o que mesmo a direção competente de Fisher e alguns diálogos "espertos" de Haidle não conseguem tira. Logo, apesar de alguns acertos, no geral o filme não funciona bem nem como comédia (proposta primeira) nem como drama ou filme de assalto (o qualquer outro subgênero que se queira extrair do mesmo).

Utilizando dos cacoetes de cada um dos atores - Pacino é verborrágico, Walken introspectivo e Arkin abraça a senilidade - para construir as personagens, Haidle acerta na interação entre os mesmos mas falha no tom do filme, entregando poucas piadas que funcionam e muitas sequências dispensáveis no âmbito narrativo já que não auxiliam no andamento da história. A seleção musical de Lyle Workman (Ressaca de Amor) é bacana - inclusive as duas faixas inéditas compostas por Jon Bon Jovi exclusivamente para o filme são até interessantes - e a fotografia de Michael Grady (Possuídos) compõe bem o filme, pois encontra-se alinhavada à direção de Fisher.

Válido pelo fato de contar com Al Pacino, Christopher Walken e Alan Arkin interagindo entre si - apesar do último ser bem desperdiçado -, Amigos Inseparáveis traz uma ou duas lições de moral quanto a amizade e mais duas ou três boas situações cômicas (que não farão ninguém chorar de tanto rir, mas podem arrancar alguma gargalhada), além de mostrar-se interessante visualmente (para uma comédia sem graça de baixo orçamento), mas não passa disso, resultando assim em um filme curioso pelos nomes envolvidos do que necessariamente uma obra imperdível. Se você gostar do trabalho de algum dos nomes envolvidos no elenco a visita ao filme pode valer a pena.

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