O aparato estético colecionado por Wong Kar-wai neste O Grande Mestre é de encher os olhos, seja pela pintura em movimento que o cineasta chinês desenvolve ou pelas coreografias muito bem delineadas, que apresentam o kung fu mais próximo a uma dança, uma espécie de balé marcial, indo no limite do surreal e de volta ao crível. Uma pena que este apuro técnico acabe não sendo tão bem aproveitado pelo roteiro do filme, que demora a engrenar e cuja narrativa parece fragilizada, recortada de forma pouco usual, mas ainda assim pouco interessante.
Apesar de se tratar de uma biografia do grande mestre das artes marciais, Yip Man (interpretado com propriedade por Tony Leung, de Desejo e Perigo), O Grande Mestre inclui em sua linha narrativa principal eventos outros que, apesar de possuírem relação com a trajetória do biografado, acabam sendo desenvolvidas de maneira pouco aprofundada, o que inclusive atrapalha o maior desenvolvimento do próprio personagem principal, visto que são gastos preciosos minutos de projeção cujo foco reside em outros núcleos de personagens (por exemplo, o núcleo do tal Navalha). Fica impressão de que, apesar de possuir uma metragem teoricamente suficiente para contar a história (o filme tem pouco mais de duas horas), pouco nos é apresentado sobre Yip Man.
Se o roteiro parece perdido o mesmo não pode ser dito da estética do filme. Kar-wai busca transmutar imagem em poesia, construindo juntamente ao seu diretor de fotografia (Phillipe Le Sourd, de Um Bom Ano) belíssimas imagens, que une de forma plástica posicionamento de câmera, slow-motion e efeitos visuais, de forma a criar uma visão particular da China dos anos 1940 e 1950. O desenho de produção e os figurinos do filme também saltam aos olhos, não à toa o filme abocanhou as indicações ao Oscar de figurino (Wayne Chang, de Um Beijo Roubado) e fotografia (Le Sourd). Dentre tantas sequências magistrais talvez as que mais se destaquem sejam aquelas que mostram combates sob a chuva, pois a imersão visual dá-se de maneira assombrosamente bela.
Conhecido por obras como Cinzas do Passado e Amor à Flor da Pele, Wong Kar-wai traz aqui seu filme mais ambicioso (esta foi uma das maiores produções já rodadas e produzidas na China) e, apesar de seu resultado final não ser tão magnífico quanto esta ambição, é inegável que a obra se mostra tecnicamente impressionante e contagia, mesmo com seu ritmo lento e alguns problemas de roteiro. O Grande Mestre pode não ser uma obra-prima, mas possui atrativos suficientes para proporcionar uma ótima viagem - estética e, por que não, espiritual - por cerca de duas horas.
Quer saber quantas estrelas dei para o filme? Acesse minha conta no Filmow.
Apesar de se tratar de uma biografia do grande mestre das artes marciais, Yip Man (interpretado com propriedade por Tony Leung, de Desejo e Perigo), O Grande Mestre inclui em sua linha narrativa principal eventos outros que, apesar de possuírem relação com a trajetória do biografado, acabam sendo desenvolvidas de maneira pouco aprofundada, o que inclusive atrapalha o maior desenvolvimento do próprio personagem principal, visto que são gastos preciosos minutos de projeção cujo foco reside em outros núcleos de personagens (por exemplo, o núcleo do tal Navalha). Fica impressão de que, apesar de possuir uma metragem teoricamente suficiente para contar a história (o filme tem pouco mais de duas horas), pouco nos é apresentado sobre Yip Man.
Se o roteiro parece perdido o mesmo não pode ser dito da estética do filme. Kar-wai busca transmutar imagem em poesia, construindo juntamente ao seu diretor de fotografia (Phillipe Le Sourd, de Um Bom Ano) belíssimas imagens, que une de forma plástica posicionamento de câmera, slow-motion e efeitos visuais, de forma a criar uma visão particular da China dos anos 1940 e 1950. O desenho de produção e os figurinos do filme também saltam aos olhos, não à toa o filme abocanhou as indicações ao Oscar de figurino (Wayne Chang, de Um Beijo Roubado) e fotografia (Le Sourd). Dentre tantas sequências magistrais talvez as que mais se destaquem sejam aquelas que mostram combates sob a chuva, pois a imersão visual dá-se de maneira assombrosamente bela.
Conhecido por obras como Cinzas do Passado e Amor à Flor da Pele, Wong Kar-wai traz aqui seu filme mais ambicioso (esta foi uma das maiores produções já rodadas e produzidas na China) e, apesar de seu resultado final não ser tão magnífico quanto esta ambição, é inegável que a obra se mostra tecnicamente impressionante e contagia, mesmo com seu ritmo lento e alguns problemas de roteiro. O Grande Mestre pode não ser uma obra-prima, mas possui atrativos suficientes para proporcionar uma ótima viagem - estética e, por que não, espiritual - por cerca de duas horas.
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