13 agosto, 2012

Stigmata (EUA, 1999).


"O reino de Deus está dentro de ti e a tua volta; não em palácios de pedra ou madeiras. Rache uma lasca de madeira e Eu estarei lá; Levante uma pedra e Me encontrarás...". (trecho base do filme, baseado no evangelho apócrifo segundo São Tomé).


Muitas vezes uma boa ideia se perde no seu processo de desenvolvimento e de certa maneira é isso que acontece com Stigmata, além do fato de seu diretor, Rupert Wainwright, aparentemente não ser o nome ideal para tal tarefa, visto que não consegue criar o clima de tensão que a história pede, perdendo-se em alguns clichês bobos e apostando numa montagem à lá videoclipe, em especial nas cenas onde presenciamos o aparecimento dos estigmas em Frankie, personagem de Patricia Arquette (A Hora do Pesadelo 3: Guerreiros dos Sonhos).

É óbvia a referência empregada pelos roteiristas Tom Lazarus e Rick Ramage, a filmes como O Exorcista (de William Friedkin) e A Profecia, (de Richard Donner), na construção do roteiro de Stigmata, contudo a possível necessidade de “reciclar” tais cânones do cinema de horror numa linguagem mais próximo a da juventude dos anos 1990 acaba por prejudicar o filme, que perde em clima e em profundidade, até por que cada vez mais a indústria de filmes de consumo produz obras menos densas e de cunho efêmero.

Apesar dos argumentos “críticos” à respeito da institucionalização da fé – em especial ao cânone católico romano -, o teor deliberativo do filme acaba se perdendo dentre outros elementos que deveriam ser de menor relevância mas tornam-se a finalidade do mesmo, como os atos de “possessão” e o mistério dos próprios estigmas em si, deixando a discussão acerca da “verdadeira” mensagem de Cristo – e possivelmente camuflada pela Igreja Católica – em contra-plano. Possivelmente uma decisão do estúdio, tal escolha ressoa mal e faz com que o filme perca tanto em objetividade quanto em profundidade.

Mesmo com a confusão de elementos empregados, advindo da ambição de seus realizadores – que no final acabam por não entregar nem uma coisa nem outra -, Stigmata consegue despertar a curiosidade de quem o assiste, principalmente em acompanhar as investigações do padre Andrew Kiernan (Gabriel Byrne, Os Suspeitos), que mesmo caindo no lugar comum de busca pelas respostas científicas através da fé, convence e guia o espectador com finalidade no emaranhado de tramas e sub-tramas impostas pelos realizadores.

O pior erro de Stigmata reside na tentativa de emplacar sustos através de efeitos visuais, faltando assim sutileza e sugestão, aspectos presentes nos filmes mais assustadores já feitos. Com foco nos cortes rápidos (escola publicitária) e nos chavões sonoros - a cargo do líder da banda Smashing Pumpkins, Billy Corgan e de Elia Cmiral), falta densidade e sutileza ao filme, que traz alguma boas ideias mas não sai do lugar comum. Filme de possessão sem a presença do tinhoso, Stigmata consegue divertir, mas apenas se você deixar de lado a falta de rumo de sua trama.


AVALIAÇÃO:  
TRAILER:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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